Na primeira vez em que utilizou o Salão Oeste do Palácio do Planalto, em Brasília, o presidente interino, Michel Temer, recebeu seis embaixadores para a entrega de cartas credenciais nesta quarta-feira. Apesar de ter sido informado pelo Itamaraty de que já estaria apto a obter o documento, o embaixador da Venezuela, Alberto Castellar, alegou que não poderia comparecer ao evento por questões de saúde.
O venezuelano foi chamado pelo presidente, Nicolás Maduro, para retornar ao seu país logo após o afastamento da presidente Dilma Rousseff. Maduro disse que o afastamento de Dilma era um "golpe de Estado no Brasil".
Ao lado do ministro de Relações Exteriores, José Serra, Temer sentou-se em uma das oito cadeiras que foram colocadas em uma "sala montada" no centro do salão e conversou de forma protocolar, em média, por três minutos, com cada embaixador.
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A imprensa pôde acompanhar a cerimônia no salão, mas com uma distância que não permitia que as conversas fossem ouvidas. Os jornalistas, inclusive, foram colocados na parte oposta da entrada do Planalto e não conseguiam ver a subida da rampa, nem os protestos que aconteceram durante a cerimônia.
Dilma costumava receber as cartas credenciais no Salão Leste. Normalmente, a cerimônia era de pé, sem a "sala de conversa". A última vez que a petista recebeu cartas credenciais foi em 4 de novembro, quando se recusou a receber os documentos do embaixador da Indonésia, Toto Riyanto, por conta de dois brasileiros que foram condenados à pena de morte naquele país.
A carta credencial, segundo o Ministério das Relações Exteriores, é uma carta formal enviada por um Chefe de Estado para outro, que concede formalmente a acreditação diplomática a um representante designado para ser o embaixador do país de origem no país de acolhimento.
O primeiro a ser recebido por Temer foi o embaixador da República Democrática do Congo, Mutombo Bakafwa Nsenda. Na sequência, o presidente interino conversou com Burhanul Islam, embaixador do Paquistão. O peemedebista recebeu ainda Arshad Omar Esmaeel (Iraque), Kyriakos Amiridis (Grécia), Samuel Nuuyoma (Namíbia) e Zeljko Vukosav (Croácia).
Protestos
Durante as conversas de Temer com embaixadores, manifestantes ligados à Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar faziam protesto contra ele diante do Planalto. No salão, era possível ouvir alguns gritos. Os diplomatas foram vaiados ao passarem pela rampa principal do Planalto.
Na última segunda-feira, Dilma participou de abertura do congresso da entidade, em Brasília, e afirmou que seguiria lutando para recuperar o seu mandato.