Os chefes das Controladorias Regionais da União decidiram colocar o cargo à disposição após a polêmica envolvendo o novo ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira. De acordo com o chefe da seccional do Rio Grande do Sul, Cláudio Moacir Marques Corrêa, o trabalho desempenhado depende da confiança adquirida junto a parceiros como a Polícia Federal e o Ministério Público. O entendimento é de que esta confiança fica minada com a permanência do ministro na pasta.
– A questão principal é a confiança que a gente precisa ter para trabalhar com parcerias. A Polícia Federal e o Ministério Público Federal são parceiros consagrados do nosso trabalho, e agora temos receio da interferência política nesse trabalho. Se não houver confiança desses parceiros, o trabalho fica prejudicado – disse Corrêa.
Leia mais
Temer decide manter ministro após divulgação de áudios
Protesto impede entrada de Silveira na sede do ministério
Para especialistas, fim da CGU enfraquece controle e combate à corrupção
Em novas gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e exibidas domingo pela TV Globo, o ministro Fabiano Silveira faz críticas à Operação Lava-Jato, além de orientar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sobre formas de enfrentar as investigações. Corrêa explicou que os 26 chefes regionais resolveram entregar os cargos em conjunto. A decisão em bloco, segundo ele, foi tomada depois de manterem conversas ao longo do dia pelo WhattsApp. A medida é uma forma de pressionar o governo do presidente interino, Michel Temer, a mudar o comando do Ministério da Transparência, antiga Controladoria Geral da União (CGU).
O Sindicato Nacional dos Analistas e Técnicos de Finanças e Controle (Unacon Sindical) também defendeu nesta segunda-feira, em nota divulgada à imprensa, a exoneração de Fabiano Silveira. Segundo o sindicato, o ministro "demonstrou não preencher os requisitos de conduta para estar à frente de um órgão que zela pelo combate à corrupção".
Se o governo decidir pelo afastamento do ministro, os chefes regionais podem voltar atrás na decisão.
– Vamos aguardar até o final do dia e ver qual atitude tomar – disse Corrêa.
Segundo ele, todos os chefes regionais são funcionários de carreira e cumprem mandato de chefia que pode durar até quatro anos. Em agosto, Corrêa completa três anos na função. Ele está na Controladoria Regional da União no Rio Grande do Sul desde 1994.
Corrêa ainda comentou que, além dos chefes regionais, outros servidores com algum posto de gestão também estão colocando os cargos à disposição. No Estado, os quatro chefes de setor que estão abaixo de Corrêa tomaram esta decisão.