Em busca de um discurso afinado e para demonstrar que o governo continua forte para aprovar projetos no Congresso, apesar das recentes demissões de ministros, os deputados da base aliada se reuniram nesta terça-feira em um almoço com o presidente interino Michel Temer. A aprovação de medidas econômicas que estão no Legislativo para que, depois, o Executivo envie novas propostas de ajuste fiscal continua sendo a prioridade do governo. A prova disso, segundo os aliados, será a aprovação pelos deputados, na próxima semana, do projeto que desvincula as receitas da União.
Para o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, é preciso "deixar claro" a situação herdada do governo anterior pelo presidente interino Michel Temer. A avaliação do ministro é que é necessário demonstrar à sociedade que o governo está tomando as medidas corretas para melhorar a situação econômica do país.
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Para o deputado Paulinho da Força (SD-SP), líder do Solidariedade na Câmara, o governo foi organizado em poucos dias e acaba tendo que "trocar a roda com o carro andando".
– Têm ministros que entraram e que saíram, mas isso faz parte. O que precisamos mostrar ao Brasil é que os erros foram cometidos no governo do PT e da Dilma, e não no do Temer. O que há hoje são alguns problemas que a gente vai enfrentando e deve enfrentar até que o Senado vote definitivamente o processo de impeachment – declarou, ao sair do encontro.
Na segunda-feira, o ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, deixou o cargo após serem divulgadas conversas gravadas em que ele orienta a defesa de investigados em esquema de desvios de recursos da Petrobras e critica a Operação Lava-Jato. Na semana passada, também após gravações virem à tona, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) deixou o Ministério do Planejamento.
De acordo com Geddel, se houver novas comprovações de ilícitos envolvendo ministros do governo, eles deixarão os cargos e a "vida continua".
– Tem que ver o que vem, se vem e como vem. Se cada um que tiver que dar explicações, vai dar do tamanho do problema que tiver. Isso é da democracia, a vida como ela é. Ninguém é insubstituível. Na hora que surgir o problema específico, e se surgir, o presidente tomará as medidas e providências cabíveis – afirmou.
O deputado Aguinaldo Ribeiro (PB), líder do PP na Câmara, também não descartou a existência de novos fatos, embora frise que a base aliada está comprometida com o país.
– Não que diga respeito a novas demissões, mas fatos políticos nós vamos sempre ter, temos que conviver com eles – afirmou.
Na avaliação do líder do PSD na Casa, deputado Rogério Rosso (PSD-DF), o episódio das demissões é "totalmente uma página virada".
– A minha observação pessoal é que têm sido muito corretas tanto a postura do presidente Temer quanto dos que têm saído. Ele (Fabiano) entendeu que precisa se defender nos fóruns adequados. E, diferentemente de outros governos, onde pessoas (que) foram flagradas sendo gravadas permaneceram nas suas funções, o presidente, com toda sua cautela e educação, tem resolvido da forma como a Constituição e o povo brasileiro desejam – disse.
DRU
Para o líder do governo na Câmara, deputado André Moura (PSC-SE), a prova de que a base permanece unida, apesar das gravações, foi a aprovação na semana passada da nova meta fiscal do governo para este ano. De acordo com ele, houve um acordo entre os líderes para que o mérito da DRU seja levado a plenário e votado em primeiro turno já amanhã (1º).
– Eu diria que a base está unida. O sentimento muito maior é de unidade do que qualquer tipo de problemas que venham a surgir nas delações que estão sendo feitas da Odebrecht ou do filho do Sérgio Machado (ex-presidente da Transpetro) – disse.
Segundo André Moura, a intenção do governo é votar na Câmara na semana que vem, em segundo turno, a proposta de emenda à Constituição que eleva de 20% para 30% o percentual sobre a desvinculação das receitas da União, e a prorroga até o fim de 2019. Depois disso, a medida irá diretamente para o plenário do Senado, onde também precisa ser analisada duas vezes pelos parlamentares.