Cortejado pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB) como um dos aliados preferenciais, o PSDB deseja ocupar o Ministério das Cidades em um eventual governo do peemedebista. Segundo dois aliados próximos a Temer, o partido teria "mencionado" um nome para a vaga: o deputado Bruno Araújo (PE), ex-líder da minoria e responsável pelo voto de número 342 na votação da admissibilidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara.
No entanto, o discurso oficial dos tucanos é de que a legenda não reivindica o comando de nenhuma pasta e não irá condicionar o seu apoio no Congresso a eventuais cargos. A assessoria de Temer nega que ele tenha feito qualquer convite.
O problema para o vice-presidente é que o Ministério das Cidades, que tem grande capilaridade nacional e é estratégico nas eleições municipais de 2016, é reivindicado também pelo PSD.
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Até a votação da admissibilidade do impeachment na Câmara, o titular da pasta era o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, presidente do partido. Uma solução em debate para o impasse seria oferecer a ele um eventual Ministério das Comunicações.
A cúpula do PSDB se reuniu, nesta terça-feira, com Temer, no Palácio do Jaburu, logo após ensaiar uma rebelião contra a escolha dos ministros de um possível governo do peemedebista.
– Nós realmente nos preocupamos com as notícias, que já são públicas, sobre a forma pela qual o governo já vem sendo constituído. Temos receio de que esse governo (de Michel Temer) se pareça muito com aquele que está terminando os seus dias – afirmou o senador Aécio Neves.
A declaração foi feita logo depois de uma reunião da Executiva Nacional do PSDB em Brasília. Antes dela, Aécio teve um encontro com todos os governadores tucanos.
– Confiamos no presidente Michel Temer, na sua capacidade de dar ao Brasil de novo esperança, mas a convergência que conseguimos construir em torno do PSDB, enfatizada pela unanimidade dos governadores que aqui hoje estiveram presentes, é de que o PSDB prefere não participar com cargos no governo, e sim da agenda parlamentar, porque é essa que na verdade possibilitará a tirada do Brasil da crise – declarou Aécio.
Segundo relato dos participantes, em nenhum momento do encontro foi tratada a ocupação de espaços, embora todos já contem como certa a participação do senador José Serra (SP). Ele é cotado para assumir o Itamaraty, que ganharia novas atribuições, mas ainda não decidiu se aceita a eventual missão.
O presidente do PSDB tem feito nas últimas semanas uma série de consultas a todas as instâncias da legenda para demonstrar unidade do partido.
Na semana seguinte à aprovação do impedimento na Câmara dos Deputados, o discurso do PSDB foi majoritariamente contrário à ocupação de ministérios. Um setor do partido chegou a defender que os tucanos interessados em ter cargos deveriam se licenciar da sigla.
Entretanto, o PSDB mudou de tom depois de conseguir de Michel Temer o compromisso de que qualquer aproximação com os tucanos se daria de forma "institucional". Ou seja: não seriam feitos convites sem a chancela do comando partidário.
Malas prontas
Em outra frente, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes (PSDB), se prepara para deixar São Paulo depois da votação da admissibilidade do impeachment no Senado, prevista para o dia 11. Ele deverá ocupar a Advocacia-Geral da União (AGU), no lugar de José Eduardo Cardozo, caso a presidente Dilma seja afastada. O mais cotado para ficar no lugar dele na gestão Alckmin é o ex-procurador-geral de Justiça de São Paulo Márcio Elias Rosa.
Com isso, o vice-presidente contemplaria as três principais alas tucanas: o Senado, com Serra; a Câmara e Aécio, com Araújo; e Alckmin, com Moraes.
Em nota enviada pela assessoria de imprensa do secretário de Segurança Pública de SP, ele nega que tenha recebido qualquer convite de Michel Temer.