O delegado federal chefe da operação Lava Jato rebateu nesta segunda-feira (7), em entrevista à Rádio Gaúcha, as críticas à condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e afirmou que a lei "tem que ser aplicada a todos". Igor Romário de Paula justificou que o procedimento surpresa, no geral, visa evitar o acerto de versões entre investigados e - no caso do ex-presidente - também a ocorrência de tumultos.
"A tentativa era fazer algo inesperado para evitar tumultos como os que aconteceram em algumas tentativas de ouvi-lo (Lula) no Ministério Público de São Paulo. A Lava Jato já cumpriu quase 120 mandados de condução e não houve questionamentos. A lei tem que ser aplicada a todos", afirmou o delegado.
O delegado da Polícia Federal também comentou o vazamento de informações da operação. Segundo Igor Romário de Paula, um inquérito foi aberto na quarta-feira passada (2) para apurar a origem do vazamento da informação de que os sigilos bancário e fiscal de Lula haviam sido quebrados no início da semana passada.
"Embora não se falasse em data da operação, isso pode ter alertado alguns dos investigados e prejudicado as buscas. Talvez mais itens poderiam ter sido encontrados na sexta-feira", disse o delegado.
No núcleo do governo, sobram críticas ao procedimento de condução coercitiva do ex-presidente Lula. Ex-ministro da Justiça, o advogado-geral da União José Eduardo Cardozo afirmou em entrevista hoje ao Gaúcha Atualidade que a situação do ex-presidente é diferente das dos demais investigados, pois Lula já havia colaborado em depoimentos anteriores.
"Temos (no governo) o mesmo posicionamento diante dos mesmos fatos. Não tivemos nenhuma condução coercitiva de alguém que tenha prestado três depoimentos anteriores. Não me lembro de alguém que tenha sido determinado a ir a um depoimento por questões de segurança", afirmou o advogado-geral da União.
Conforme Cardozo, o questionamento da Palácio do Planalto está baseado no assessoramento jurídico e endossado por diversos juristas. Também disse que, em nenhum momento, a presidente Dilma Rousseff orientou a Polícia Federal para que fossem poupados, nas investigações, amigos ou aliados.