Funcionou a pressão do governador Tarso Genro, do prefeito José Fortunati e do presidente do Internacional, Giovani Luigi: as estruturas temporárias da Copa no Beira-Rio serão construídas graças à isenção de ICMS para os investidores. O temor de perder a Copa do Mundo levou até deputados de oposição a votarem a favor do projeto, mesmo convencidos de que a obrigação seria do Inter ou da Fifa.
O Ministério Público deu aval à engenharia financeira montada para financiar as estruturas temporárias, mas advertiu que o Inter terá de oferecer algum tipo de contrapartida. A questão é: como cobrar essa conta? O ideal, sem dúvida, seria cobrar da Fifa, que fica com a parte do leão em uma Copa do Mundo. O contribuinte já deu sua cota de sacrifício com isenções fiscais para a reforma do Beira-Rio, assim como deu para a construção da Arena do Grêmio.
Em um Estado carente de recursos em todas as áreas, investir R$ 25 milhões nas estruturas temporárias soa absurdo, mas a maioria dos deputados entendeu que os benefícios da Copa justificam o desgaste de aprovar o projeto. Os votos favoráveis não vieram apenas da base do governo. O PP votou a favor, a maioria do PDT também. A oposição ainda contribuiu com os votos de Paulo Borges (DEM) e Alexandre Postal (PMDB).
O Rio Grande do Sul ganha com a vinda de turistas (todos os ingressos para jogos em Porto Alegre foram vendidos). Os gastos com hospedagem, alimentação e compras movimentam a economia, geram impostos e resultam em benefícios para todo o Estado. Torcer pelo fracasso da Copa agora é, portanto, um gol contra.
Vencida esta etapa, que teve discursos exaltados, disputa política e a grenalização que caracteriza os embates no Rio Grande do Sul, ainda há um longo caminho a ser percorrido nos próximos dois meses para que tudo esteja pronto no primeiro jogo. Há que identificar os investidores, captar os recursos, contratar os prestadores de serviços e executar os projetos. E ainda faltam as obras públicas, que pelo cronograma inicial já deveriam estar prontas, mas andam a passo de tataruga.
Opinião
Rosane de Oliveira: Com o dinheiro dos impostos
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