Quase três semanas depois de a revista IstoÉ ter denunciado um esquema de formação de cartel para superfaturar equipamentos e obras em São Paulo, os líderes do PSDB, que até então mantinham a cabeça enterrada, fingindo que não era com eles, resolveram se manifestar. A denúncia, embasada no depoimento de um ex-funcionário da Siemens, é de que a empresa alimentava um propinoduto destinado a financiar campanhas do PSDB em São Paulo. Os tucanos sustentam que tudo não passa de perseguição política do Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Esse comportamento de avestruz não ajuda o partido que quer se credenciar como alternativa ao PT do mensalão.
O PSDB de São Paulo divulgou nota dizendo que quer investigar os fatos, punir os responsáveis e conseguir a restituição do que tiver sido cobrado a mais. E acusa o Cade de não ter repassado informações à Corregedoria de São Paulo, além de vazar dados para a imprensa com o objetivo de "produzir efeitos políticos e eleitorais". Faltou dizer que desde 2008 o jornalista Carlos Brickmann vem informando que investigações na Europa mostraram irregularidades nos contratos internacionais da Siemens com o governo de São Paulo. E se há um rótulo que Geraldo Alckmin e José Serra não podem colar em Brickmann é o de petista.
Ontem, em entrevista no programa Gaúcha Atualidade, o ex-governador José Serra foi questionado sobre as denúncias de que as irregularidades teriam continuado na sua gestão. Ignorou a acusação de pagamento de propina para financiar campanhas e fixou-se na formação de cartel:
- Tudo o que eu quero é saber quais eram os entendimentos desses cartéis e que eles devolvam o dinheiro. Isso não é uma coisa com o governo. Em nenhum momento, nem no governo Covas, nem no Alckmin, nem no meu, foi dada qualquer autorização para que os fornecedores se entendessem a respeito de preços.
Serra reclamou que o Cade "vazou por baixo" as informações:
- Se tem documentos, é entre empresas que participaram de licitação. Você não tem condições de controlar o que as empresas que participam de concorrência conversam entre si. Se o Cade descobriu, está ótimo, foi uma lesão para o Estado e vamos pedir o dinheiro de volta.