Para quem despencou do salto de forma tão brusca após as manifestações de junho, a recuperação de seis pontos na popularidade do governo Dilma de 30% para 36%, conforme apurado em pesquisa do Instituto Datafolha mostrou que a reversão da curva é possível. Com a máquina na mão e mais de um ano pela frente, Dilma poderá atender a algumas demandas populares, reconstruir a imagem e chegar forte à eleição de outubro de 2014.
É difícil que ela retome os 65% de aprovação de março, mas o arrefecimento dos protestos abre o caminho para a reabilitação.
A estratégia do Planalto é clara: manter o emprego e a economia estáveis, sem perder o controle da inflação, reforçar as agendas positivas e anunciar soluções para a saúde e a mobilidade urbana, problemas que geraram o lançamento de dois pactos pelo governo.
Outro alento aos petistas trazido pelo Datafolha foi a sondagem sobre a intenção de voto dos eleitores. Dilma, em relação ao último levantamento, subiu de 30% para 35%. O tradicional rival PSDB amargou uma queda de Aécio Neves de 17% para 13%. A recuperação de Dilma também está muito ligada ao esfacelamento da oposição, que não consegue se apresentar como alternativa.
Eduardo Campos variou de 7% para 8%. É um político promissor, mas é pouco conhecido fora do Nordeste. A sua competitividade dependerá de um amplo processo de reconhecimento popular e da construção de alianças. A pedra no sapato é Marina Silva, a única que obteve algum benefício com as manifestações. Ela subiu de 23% para 26% e, hoje, enfrentaria Dilma no segundo turno.
Para sorte do PT, Marina ainda corre contra o tempo para criar a Rede. Mesmo que consiga se lançar, terá pouca estrutura, parcos apoios e escasso tempo de TV. Na eleição, terá de encarar as contradições de quem prega a "nova política", mas, vez ou outra, expressa conservadorismo religioso. O PT começa a respirar aliviado. Se tudo der errado, o partido ainda contará com um Lula curado do câncer e com 51% da preferência do eleitorado.
*Interino