Para o cientista político da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Rodrigo Stumpf Gonzalez, colocar em pauta um projeto polêmico como o da "cura gay" pode ser uma estratégia do deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) para mudar o cenário político de rejeição que vem se instalado na Comissão de Direitos Humanos. Isto porque os deputados que, de alguma forma, poderiam se opor a essa pauta, têm boiocotado os trabalhos da comissão.
- Em protesto, alguns deputados preferiram deixar de acompanhar a comissão enquanto ele for presidente e ele está fazendo tudo conforme quer. O Feliciano acaba tendo autonomia quase que total de definir o que vai ser discutido. Ele está trabalhando de acordo com o eleitorado dele, não está preocupado com uma possível opinião pública contrária - disse Gonzalez.
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Na contramão, segundo avalia o especialista, o parlamentar tenta evitar o esvaziamento da comissão pincelando o mais polêmico dos temas para discussão:
- Das duas uma: ou a oposição debate com ele, e ele vai ter mídia, ou continua se abstendo de ir e ele vai ter o palco sozinho para falar do eleitorado do tema, o que também é polêmico.
Feliciano decidiu incluir o projeto da "cura gay" na pauta da próxima reunião da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados no dia 8 de maio. O Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 234/11 - encaminhado pelo tucano João Campos (PSDB-GO) tem como objetivo barrar uma norma da Resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP), de março de 1999, que impede os profissionais da área de sugerir aos pacientes tratamentos que busquem a cura da homossexualidade.
Clara Goldman, vice-presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP) classifica o debate como vergonha nacional.