O administrador de empresas Lenine Araújo de Souza negou nesta quarta-feira, em depoimento à CPI do Cachoeira, ser "braço direito" do contraventor Carlinhos Cachoeira. Ele foi único dos depoentes convocados para depor hoje que, mesmo com uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) que lhe garantia o direito de permanecer em silêncio, disse estar disposto a colaborar com a comissão.
Os outros convocados preferiram permanecer calados: o ex-diretor regional da Delta Construções Cláudio Abreu, o auxiliar de Cachoeira Gleyb Ferreira da Cruz e o administrador José Olímpio de Queiroga Neto.
Lenine afirmou que poderia falar à CPI logo após os depoimentos das testemunhas de um processo a que responde por envolvimento com o contraventor, marcado para os dois próximos dias na Justiça Federal em Goiânia.
- Não me considero braço direito do senhor Carlos - disse o depoente, ao fazer uma rápida exposição inicial. Ele disse que se sente "injustiçado" por causa da sua vinculação com o caso. Lenine afirmou ainda que se apresentara espontaneamente à Justiça, que havia expedido uma ordem de prisão contra ele. O administrador disse que foi transferido para o presídio de segurança máxima de Mossoró e, depois de 15 dias de isolamento, foi deslocado para a ala federal da penitenciária da Papuda, em Brasília.
- Isso me causou profundos problemas psicológicos a mim, à minha esposa e à minha família - afirmou, ressaltando que nunca foi preso em "45 anos de vida".
Críticas
O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), e outros integrantes da comissão criticaram pouco antes a série de habeas corpus concedidos pelo STF. Vital disse que, em nome da comissão, quis demonstrar o "inconformismo" e a "desnecessidade" das decisões do STF.
O presidente da CPI lembrou que ninguém está sendo coagido a depor. O colegiado deve encaminhar uma queixa ao Supremo, por entender que o tribunal sequer pediu informações à CPI sobre a situação das pessoas convocadas. O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), disse que não há diferença entre a situação da atual CPI para as anteriores.
- Não vejo diferença entre a decisão dos ministros tomados nesta CPI do Cachoeira para outras - disse o tucano, ao ressaltar que, a rigor, os investigados nem precisariam da decisão do Supremo para virem à comissão.