A 11 dias da eleição, Maria do Rosário (PT) e Sebastião Melo (MDB) tiveram um novo e nervoso confronto de ideias nesta quarta-feira (16). Durante 1h40min, os candidatos à prefeitura de Porto Alegre debateram temas como saúde, educação e mobilidade urbana, em meio a constantes provocações e troca de farpas.
Até o pleito, eles ainda vão se enfrentar em três debates, sendo o último no dia 25 de outubro, às 22h, realizado pela RBS TV.
Promovido pela Rádio Guaíba e pelo jornal Correio do Povo, em parceria com a Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amirgs), o debate desta quarta foi dividido em quatro blocos e mediado pela jornalista Taline Oppitz.
Enfrentando-se pela terceira vez neste segundo turno, os candidatos repetiram estratégias e discursos. Melo disse que é um prefeito "linha de frente" e está sempre junto da população nos momentos difíceis, como na pandemia e na enchente. Já Rosário se apresentou como a representante de uma "mudança segura", com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da terceira colocada no primeiro turno, Juliana Brizola (PDT).
Tema recorrente do primeiro turno, os alagamentos tiveram menos destaque, abrindo espaço sobretudo para a saúde. Logo no início, porém, Rosário cobrou Melo pela intenção de conceder os serviços do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae), segundo ela "um modelo que alagou a cidade". Melo disse que a proteção contra cheias é responsabilidade do governo federal e reafirmou os planos sobre o Dmae para garantir recursos à universalização da água e do esgoto.
— Toda parceirização que tiver no Dmae vou botar na drenagem urbana. Estou falando de R$ 4,5 bilhões — afirmou Melo.
— Não precisa privatizar para fazer drenagem. O governo federal já está colocando R$ 6 bilhões, a maior parte para drenagem aqui — replicou Rosário.
Ainda no primeiro bloco, um representante da Amrigs perguntou como os candidatos pretendem complementar as ações de prevenção à emergência climática com a saúde pública. Rosário reclamou do que considera corte excessivo de árvores na Capital e citou iniciativas como replantio e investimento em saneamento básico. Melo disse que Porto Alegre tem 700 praças arborizadas e novas iniciativas, como renovação da frota de ônibus com veículos elétricos, além de ampliação de equipes de saúde da família e centro de referências em saúde mental.
Na abertura do segundo bloco, os candidatos debateram sobre saúde. Confrontada por Melo, Rosário disse que vai manter as parcerias com entidades filantrópicas e reclamou do fechamento de hospitais na cidade. Na réplica, o prefeito elencou realizações de sua gestão e prometeu transformar quatro centros de referências em policlínicas.
O tom subiu quando Rosário citou denúncias de corrupção no Hospital da Restinga. O prefeito pediu direito de resposta, negado pelos organizadores, e mais de uma vez falou que a adversária deveria se chamar Maria do Rosário Fake News, por supostamente repetir mentiras, o que valeu dois direitos de resposta concedidos à petista no debate.
No terceiro bloco, os temas propostos foram mobilidade urbana e educação. Rosário disse que pretende fazer um levantamento para verificar quantas crianças estão na fila por vagas em creches. Prometeu fazer busca ativa nos bairros e ampliar as unidades de atendimento a pessoas com espectro autista. Ao final, lembrou as denúncias de corrupção na Secretaria de Educação.
Mais uma vez, Melo reagiu dizendo que mandou investigar as suspeitas, reconheceu as deficiências de aprendizado na Educação Básica e citou a redução no tamanho da fila nas creches. Às críticas à privatização da Carris, respondeu destacando a instabilidade fiscal e administrativa da companhia.
— Privatizei a Carris, sim, uma empresa que dava R$ 5 milhões de prejuízo por mês e tinha 400 pessoas encostados com atestado — justificou.
— Quando uma cidade acumula algo de bom, como tínhamos o melhor transporte de ônibus do Brasil, temos que ir melhorando. A gestão Melo nos colocou para trás — argumentou Rosário.
Os candidatos ainda debateram sobre investimentos públicos e privados, desburocratização e segurança pública. Nas considerações finais, fizeram um aceno aos 31% dos eleitores porto-alegrenses que não votaram no primeiro turno.
— Eu vou dizer quem pode mudar Porto Alegre para melhor: tu, o senhor e a senhora, indo votar. Vote, porque muda Porto Alegre para melhor — conclamou a petista.
— Quero convidar aqueles que deixaram de votar a participar do processo eleitoral. É muito importante participar, a democracia se reafirma com o voto — fez coro o prefeito.