Principal partido de oposição ao governo federal, o PL emerge do primeiro turno das eleições municipais como a mais relevante força de direita do país. A legenda foi a campeã de votos no último domingo e venceu o maior número de prefeituras entre cidades com mais de 200 mil eleitores. No Rio Grande do Sul, o PL cresceu 56% e está no segundo turno em Pelotas, Caxias do Sul e Canoas, além de ter a candidata a vice de Sebastião Melo (MDB) em Porto Alegre.
O resultado consolida a potência eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro. Apostando na popularidade de ex-presidente, o partido havia traçado metas ambiciosas: 1,5 mil prefeituras no país e 100 no RS. As urnas trouxeram um resultado bem abaixo, com 511 municípios no país e 36 no Estado.
A performance, porém, não é nada desanimadora. O partido triplicou a votação para prefeito, saltando de 4,7 milhões para 15,7 milhões, e vai disputar o segundo turno em nove das 15 capitais que voltam às urnas em 27 de outubro.
Em comparação, o PT, principal antagonista do PL na política nacional, fez 8,9 milhões de votos, conquistou 248 prefeituras e disputa segundo turno em quatro capitais. A despeito das diferenças, PT e PL venceram as eleições coligados em 49 municípios do país.
— Estamos despetizando o país. Fizemos o dobro de prefeituras em relação ao PT, quase duas vezes mais votos e ganhamos em muitas cidades do Nordeste, um reduto histórico do partido. Estou muito feliz, pois montamos uma base para 2026, o que mostra como o presidente Bolsonaro e seus líderes regionais são grandes cabos eleitorais — diz o deputado federal Luciano Zucco (PL-RS).
Em duas incursões pelo Estado no primeiro turno, Bolsonaro pediu votos para 16 candidatos. Elegeu seis e está no segundo turno em quatro municípios. Para reforçar a campanha, a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro desembarca no RS na próxima segunda-feira (14), com compromissos em Porto Alegre, Canoas e Caxias do Sul.
Embora tenha ficado abaixo da expectativa, o contingente de 36 prefeitos já eleitos consolida a ascensão do PL no Estado, que havia conseguido apenas 10 prefeituras em 2020. Presidente estadual da agremiação, o deputado federal Giovani Cherini avalia que a falta de alianças mais robustas atrapalhou a disputa em pequenos municípios.
— O Rio Grande do Sul é o Estado mais difícil do mundo de fazer partido que não seja MDB ou Arena (antigo nome do PP). Mas entre mortos e feridos fomos muito bem — diz Cherini.
Contrariando expectativas, o PL não cresceu sobre outros partidos de direita. Os liberais ganharam terreno sobretudo em municípios antes governados por forças que transitam do centro à esquerda, como MDB e PDT e o antigo PTB. O PP, que havia perdido muitos prefeitos para o PL na janela partidária, seis meses antes da eleição, recuperou espaço, conquistando 21 novas prefeituras.
Agora a quarta força estadual em número de prefeitos e terceira em número de votos recebidos, o PL alimenta planos de apresentar candidatos ao governo do Estado e ao Senado em 2026 no condão de uma aliança à direita, com partidos como PP, Novo e Republicanos.
Antes, no entanto, será preciso mediar os interesses internos. O próprio Cherini já demonstrou interesse em concorrer a senador, enquanto Onyx Lorenzoni vislumbra disputar novamente o Piratini e Zucco é cotado para ambas as vagas.
Cherini simplifica a questão:
— Temos o partido, que é uma base importante, e temos o presidente Bolsonaro. Quem ele colocar a mão na cabeça será candidato a governador e outro a senador.