Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) fizeram discursos com focos distintos no início da noite deste domingo (6), após a definição de que os dois se enfrentarão no segundo turno da eleição em São Paulo (SP).
O pleito foi precedido de polêmicas, que envolveram ataques pessoais e até agressão entre os envolvidos na disputa pela maior prefeitura do país.
Atual prefeito, Nunes recebeu 29,48% dos votos válidos (1.801.139) e defendeu a continuidade contra a "incerteza", que, na avaliação dele, seria a eleição do adversário.
— São Paulo é a cidade da oportunidade. Não vamos permitir que seja levada à desordem e que perca a capacidade de investimento, geração de emprego e renda. Vamos continuar em um caminho seguro, gerando possibilidades para aqueles que desejam oportunidades — disse.
Boulos, que recebeu 29,07% dos votos (1.776.127), afirmou que fará uma administração distinta do atual prefeito, caso seja o mais votado no segundo turno:
— A maioria votou pela mudança e é isso que estará em jogo no segundo turno. São Paulo pode muito mais do que é hoje. Nosso projeto é o de fazer uma cidade para todos, que seja mais humana e que combata as mudanças climáticas. Vamos ganhar essa eleição e, a partir de 1º de janeiro (de 2025), governar para toda a cidade.
Como foi a votação
O resultado das urnas confirmou o que projetavam as pesquisas de intenção de voto: uma eleição com pouca diferença entre três candidatos — o ex-coach Pablo Marçal (PRTB) foi terceiro, com 28,14% dos votos.
Nunes venceu Boulos por uma diferença de 25.012 votos. Marçal conquistou 56.853 eleitores a menos do que Boulos.
O primeiro turno da eleição para a prefeitura de São Paulo teve 6.108.218 votos válidos, 422.802 nulos (6,24%), 241.734 em branco (3,57%) e 833 anulados sub judice (0,01%).
A apuração chegou a 100% às 22h5min. O segundo turno das eleições 2024 ocorrerá em 27 de outubro.
Veja o resultado da disputa pela prefeitura de São Paulo (SP):
- Ricardo Nunes (MDB): 29,48% (1.801.139 votos)
- Guilherme Boulos (PSOL): 29,07% (1.776.127)
- Pablo Marçal (PRTB): 28,14% (1.719.274)
- Tabata Amaral (PSB): 9,91% (605.552)
- José Luiz Datena (PSDB): 1,84% (112.344)
- Marina Helena (Novo): 1,38%(84.212)
- Ricardo Senese (UP): 0,09% (5.593)
- Altino Prazeres Jr. (PSTU): 0,05% (3.017)
- João Pimenta (PCO): 0,02% (960)
- Bebeto Haddad (DC): 0,01% (833) – anulado sob judice
Campanha conturbada
A campanha para o primeiro turno na capital paulista teve ataques verbais e físicos. Em 15 de setembro, José Luiz Datena (PSDB) agrediu o candidato do PRTB com uma cadeirada durante um debate na TV Cultura. Marçal foi levado para atendimento hospitalar. Segundo a equipe dele, a agressão resultou em uma fratura na costela.
O ataque aconteceu após o empresário chamar o apresentador de “Jack”, uma gíria para estuprador, utilizada no sistema prisional. O concorrente do PRTB se referia a uma denúncia de assédio sexual feita contra Datena por uma repórter da Band, onde o candidato do PSDB apresentava um programa. Este processo, porém, foi extinto sem condenação a Datena.
Outro episódio de violência envolveu Nahuel Medina, assessor de Marçal, que agrediu Duda Lima, marqueteiro de Nunes, com um soco no rosto durante debate entre os candidatos no Flow Podcast, no dia 23 de setembro. A confusão aconteceu após Marçal ter sido expulso do evento, por descumprir regras, quando fazia suas considerações finais.
Na sexta-feira (4), o candidato do PRTB publicou, no Instagram, um laudo para acusar Boulos de usar cocaína. O conteúdo, retirado da rede social cerca de uma hora após a publicação, apresenta um suposto receituário médico com um encaminhamento do candidato do PSOL para uma emergência psiquiátrica em 2021.
A campanha de Boulos apresentou uma ação e uma notícia-crime contra Marçal. O juiz da 2ª Zona Eleitoral de São Paulo, Rodrigo Marzola Colombini, determinou, no sábado (5), que Marçal e outros perfis apagassem postagens com informações sobre o documento, devido a indícios de falsificação.
Ainda em agosto, a Justiça Eleitoral de São Paulo concedeu uma liminar solicitada pelo PSB, partido de Tabata Amaral, e mandou suspender os perfis nas redes sociais de Marçal até o final das eleições.
O pedido alegou abuso de poder econômico por suspeita de que o ex-coach estivesse remunerando seguidores para promoverem a campanha dele nas redes sociais, o que é vedado pela legislação.
Durante os debates, Marçal ainda mencionou um boletim de ocorrência registrado em 2011 pela mulher de Nunes, por violência doméstica, enquanto Datena e Tabata levantaram suspeitas de uma vinculação de Marçal com a facção criminosa paulista Primeiro Comando da Capital (PCC).