Todos os prefeitos de capitais brasileiras aptos a disputar a reeleição tentarão renovar o mandato em outubro. De 26 gestores municipais, 20 estarão nas urnas almejando governar suas cidades nos próximos quatro anos. Os outros seis já estão no segundo governo e não podem tentar a recondução.
A quantidade de prefeitos que concorrem à reeleição é superior à de 2020, quando 13 gestores de capitais tentaram um novo mandato, e repete o índice do pleito anterior, em 2016.
A chance de reconduzir o prefeito será oferecida aos eleitores das principais metrópoles do país. Entre as 10 maiores cidades, apenas em Curitiba o incumbente ficará de fora da corrida municipal. Reeleito em 2020, Rafael Greca (PSD) indicou o vice, Eduardo Pimentel (PSD), para tentar a sucessão.
Os outros prefeitos que estarão fora das urnas são de Aracaju, Cuiabá, Natal, Palmas e Porto Velho — em todos os casos, eles apoiam aliados na disputa municipal.
Em sua maioria, aqueles que tentam a reeleição conquistaram o mandato em 2020 — caso de Sebastião Melo (MDB) em Porto Alegre. No entanto, há circunstâncias como as de São Paulo (SP) e Goiânia, em que os atuais prefeitos eram vices e assumiram a cadeira após a morte dos titulares.
Já em Florianópolis (SC), Belo Horizonte (MG) e Campo Grande (MS), os vices se tornaram prefeitos em 2022, quando seus antecessores renunciaram ao cargo para disputar as eleições estaduais.
O cientista político Carlos Eduardo Borenstein, analista da Arko Advice, explica que alguns fatores servem de estímulo aos prefeitos para tentar a reeleição, como o controle da máquina pública, que facilita a atração de aliados, e a exposição a qual são submetidos durante o mandato.
— De modo geral, os prefeitos que têm uma avaliação positiva largam com uma possibilidade bastante considerável de chegar ao segundo turno — indica.
Por outro lado, Borenstein pondera que há casos em que os gestores municipais podem perder força ao longo da campanha, sobretudo quando avaliação do governo é ruim.
— Quando começa a campanha e há o contraste com a oposição, cobertura da imprensa e debates onde o candidato fica mais exposto, ele pode ter problemas. Outro aspecto a ser avaliado é se existe um sentimento de mudança na cidade — afirma o cientista político.
Estudo recente publicado pela Arko aponta que, dos 20 prefeitos candidatos, 12 lideram pesquisas de intenção de voto. De acordo com o relatório, há uma tendência de predomínio da centro-direita nas capitais, com União Brasil, PSD e MDB disputando qual partido elegerá o maior número de prefeitos.
Prefeitos que tentarão reeleição
- Adriane Lopes (PP), Campo Grande (MS)
- Antônio Furlan (MDB), Macapá (AP)
- Arthur Henrique (MDB), Boa Vista (RR)
- Bruno Reis (União Brasil), Salvador (BA)
- Cícero Lucena (PP), João Pessoa (PB)
- David Almeida (Avante), Manaus (AM)
- Edmilson Rodrigues (PSOL), Belém (PA)
- Eduardo Braide (PSD), São Luís (MA)
- Eduardo Paes (PSD), Rio de Janeiro (RJ)
- Fuad Noman (PSD), Belo Horizonte (MG)
- João Campos (PSB), Recife (PE)
- João Henrique Caldas (PL), Maceió (AL)
- José Pessoa (PRD), Teresina (PI)
- José Sarto (PDT), Fortaleza (CE)
- Lorenzo Pazolini (Republicanos), Vitória (ES)
- Ricardo Nunes (MDB), São Paulo (SP)
- Rogério Cruz (Solidariedade), Goiânia (GO)
- Sebastião Melo (MDB), Porto Alegre (RS)
- Tião Bocalom (PL), Rio Branco (AC)
- Topázio Neto (PSD), Florianópolis (SC)
Prefeitos que não podem tentar novo mandato
- Álvaro Dias (Republicanos), Natal (RN)
- Cinthia Ribeiro (PSDB), Palmas (TO)
- Edvaldo Nogueira (PDT), Aracaju (SE)
- Emanuel Pinheiro (MDB), Cuiabá (MT)
- Hildon Chaves (PSDB), Porto Velho (RO)
- Rafael Greca (PSD), Curitiba (PR)
Tentativas de reeleição nas capitais nos últimos pleitos
- 2008 — 20 prefeitos
- 2012 — 8 prefeitos
- 2016 — 20 prefeitos
- 2020 — 13 prefeitos
- 2024 — 20 prefeitos
Posições de largada
Veja resumo de como está a corrida eleitoral nas maiores metrópoles brasileiras:
São Paulo
Guindado à cadeira de prefeito em 2021, após a morte de Bruno Covas (PSDB), Ricardo Nunes (MDB) disputa a reeleição em uma aliança de centro-direita, com apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Seu principal adversário é o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), apoiado pelo presidente Lula.
Outros três concorrentes aparecem bem ranqueados: o comunicador José Luiz Datena (PSDB) tenta converter em votos a popularidade adquirida na apresentação de programas de TV, a deputada federal Tabata Amaral (PSB) aposta na moderação e em um discurso pacifista, e o coach Pablo Marçal (PRTB), que usa uma retórica provocativa para confrontar os adversários.
Rio de Janeiro
O prefeito Eduardo Paes (PSD) concorre à reeleição em ampla coligação de partidos de centro e esquerda e lidera todas as pesquisas de intenção de voto.
O principal adversário é o deputado federal Alexandre Ramagem (PL), aliado do ex-presidente Bolsonaro.
Por sua vez, o deputado estadual Tarcísio Mota (PSOL) tenta atrair votos do eleitorado progressista.
Fortaleza
Ao menos quatro candidatos competitivos despontam na maior cidade do Nordeste brasileiro. Um deles é o prefeito José Sarto (PDT), cujo governo patina nos índices de aprovação.
Após o rompimento entre PT e PDT no Ceará, o deputado estadual petista Evandro Leitão se lançou, com apoio do governador Elmano de Freitas (PT).
Pela direita, o policial da reserva Wagner Sousa (União Brasil), conhecido como Capitão Wagner, aparece na dianteira em boa parte das pesquisas. Ele deve disputar votos com o deputado federal André Fernandes (PL), candidato do bolsonarismo em Fortaleza. O senador Eduardo Girão (Novo) corre por fora.
Salvador
A disputa na capital de Bahia tende a reprisar a disputa entre o petismo e o carlismo, que dominou o Estado nas últimas décadas. Sucessor de ACM Neto, o prefeito Bruno Reis (União Brasil) concorre à reeleição em uma ampla chapa que vai da direita à centro-esquerda.
Na oposição, o vice-governador Geraldo Júnior (MDB) também formou uma coligação ampla na tentativa de desbancar o favoritismo de Reis. Seu principal ativo será o apoio do PT e do presidente Lula.
Pela esquerda, Kléber Rosa (PSOL) ainda tenta alcançar os dois dígitos nas pesquisas.
Belo Horizonte
O pleito promete ser agitado, com pelo menos sete candidatos brigando pela passagem ao segundo turno. Um deles é o prefeito Fuad Noman (PSD), que assumiu após a renúncia de Alexandre Kalil em 2022 mas não conseguiu deslanchar nas pesquisas.
Quem lidera a maior parte dos levantamentos é o deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos), popular apresentador de TV que tem apoio de Kalil e do governador Romeu Zema (Novo). Outro comunicador na disputa é o senador Carlos Viana (Podemos), que, como Tramonte, ganhou fama apresentando programas de cobertura policial.
O representante do bolsonarismo é o deputado estadual Bruno Engler (PL). A esquerda tentou uma candidatura única, mas não houve acordo e os deputados federais Rogério Correia (PT) e Duda Salabert (PDT) registraram candidaturas.
Por fim, o presidente da Câmara de Belo Horizonte, Gabriel Azevedo (MDB), tenta capturar a atenção dos eleitores com um discurso centrista.