O governador reeleito Eduardo Leite (PSDB) usou as primeiras horas do dia seguinte ao pleito para conceder série de entrevistas a veículos de imprensa da Capital. Entre 8h15min e 13h, Leite fez um périplo entre estúdios de rádio e TV, explicando aos jornalistas que o motivo de sua voz rouca se devia às comemorações da noite anterior.
Questionado sobre os atos realizados por grupos de bolsonaristas que não aceitam o resultado das eleições nacionais, Leite defendeu que as forças policiais precisam agir para liberar as estradas e fazer valer a força do voto.
— Lamento profundamente que estejamos assistindo a esse tipo de manifestação. A democracia teve o seu momento mais alto a partir da decisão do voto popular. Tem de ser repudiado e combatido pelas forças policiais para fazer valer a força do voto. Manifestação de irresignação é até descabido, mas é legítimo em uma democracia que as pessoas manifestem sua tristeza. Mas bloqueando as estradas, jamais — disse Leite, no início da tarde.
O governador reeleito começou o dia no apartamento no qual mora de aluguel. Às 8h, deixou o prédio no bairro Praia de Belas e seguiu à Rádio Gaúcha, onde concedeu a sua primeira entrevista do dia. Ao programa Gaúcha Atualidade, destacou as divergências que têm com o PT, mas reforçou a afinidade em torno de um ideal de democracia.
— Temos muitas divergências, mas convergirmos em torno da democracia e do diálogo — ressaltou Leite.
Dali, seguiu para a Rádio Bandeirantes, onde falou por cerca de meia hora. Depois de uma rápida parada em casa, concedeu entrevistas ao SBT e à RBSTV. Entre os compromissos, recebeu ligações e mensagens de aliados e opositores — caso do senador eleito Hamilton Mourão, que ligou para Leite para parabenizar o futuro governador em ligação cordial de cerca de um minuto. Mourão apoiou o candidato derrotado, Onyx Lorenzoni (PL), no segundo turno no Estado.
Leite foi repetidamente questionado nas entrevistas se agora, passadas as eleições, revelaria qual foi o seu voto para presidente. O tucano voltou a dizer que votou “em defesa da democracia e das instituições”, mas não abriu o seu voto textualmente.
— Ainda é momento de cicatrização de feridas. Não é hora de abrir meu voto — repetiu.
Nesta terça-feira, será dada a largada na transição de governo, a partir de um encontro entre Leite e o seu antigo vice e atual governador do Estado, Ranolfo Vieira Júnior. O futuro governador do RS também disse que espera conversar, nos próximos dias, com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas que entende que demandas políticas de ambos podem fazer com que o diálogo leve ainda algum tempo. Leite deve tirar uma semana de férias ao longo de novembro.