Após receber o apoio do senador eleito Sergio Moro (União Brasil-PR) no segundo turno da eleição para o Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta terça-feira (4), que terá, a partir de agora, um "novo relacionamento" com seu ex-ministro da Justiça, que o acusou de interferir na Polícia Federal (PF) ao deixar o cargo, em 2020.
— Apaga-se o passado e qualquer divergência que porventura tenha ocorrido. Sergio Moro foi uma pessoa que, realmente, mostrou o que era corrupção no Brasil, levando dezenas de pessoas a condenações, e deu uma nova dinâmica, muita esperança ao país naquele momento — declarou Bolsonaro, em referência à atuação do ex-juiz na Operação Lava Jato.
No Twitter, Moro declarou apoio a Bolsonaro e criticou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Lula não é uma opção eleitoral, com seu governo marcado pela corrupção da democracia. Contra o projeto de poder do PT, declaro, no segundo turno, o apoio para Bolsonaro", escreveu o ex-juiz.
— O Moro vai continuar, no meu entender, como senador trabalhando também com viés desse lado, assim como Dallagnol que, publicamente, declarou apoio à minha reeleição — emendou o chefe do Executivo, em referência a Deltan Dallagnol, ex-procurador da Lava-Jato que se elegeu deputado federal.
Lava-Jato
O petista foi condenado por Moro a 9 anos e 6 meses de prisão no âmbito da Lava-Jato, ficou 580 dias preso após ter a sentença confirmada em segundo instância, mas saiu da cadeia em 2019, após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir que a prisão só pode ocorrer após o trânsito em julgado, quando não há mais possibilidade de recurso. Em 2021, a Corte anulou a condenação de Lula e concluiu que Moro agiu com parcialidade na investigação.
— Todos nós evoluímos. Eu mesmo errei no passado em alguns pontos e a gente evolui para o bem do nosso Brasil. Eu não posso impor a minha agenda pessoal. Erramos, pedimos desculpas, não temos compromisso com o erro. Tenho certeza que o Sergio Moro será um grande senador — disse Bolsonaro nesta terça.
— Está superado tudo, daqui para a frente é um novo relacionamento. Ele pensa, obviamente, no Brasil, e quer fazer um bom trabalho para seu país e para seu Estado. Passado é passado. Nós temos que, cada vez mais, nos entendermos para melhor servir a nossa pátria. Não tenho desabonador para criticar o Sergio Moro ou o Dallagnol — completou.