
A corrida ao Palácio Piratini já movimentou R$ 27,7 milhões na soma das arrecadações divulgadas, até esta terça-feira (13) – data limite para a primeira prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) –, pelos 10 postulantes ao governo gaúcho em 2022. O levantamento de GZH considera os relatórios financeiros, atualizados a cada 72 horas, disponíveis até as 17h, quando 57% das chapas ainda não haviam formalizado o envio das parciais, cujo prazo se encerra às 23h59min.
A 18 dias das eleições de 2 de outubro, 76,1% dos recursos, o equivalente a R$ 21,08 milhões, tem origem no Fundo Especial. Também conhecido como Fundão Eleitoral, o mecanismo conta com R$ 4,9 bilhões do Orçamento Federal para o financiamento público de campanhas. Alvo de críticas da sociedade e de boa parte dos partidos, a ferramenta é a fonte de receitas prioritária de sete entre as 10 candidaturas ao principal cargo do Poder Executivo no Rio Grande do Sul.
É o caso de Vicente Bogo (PSB, com 99,86%), Eduardo Leite (PSDB, com 99,82%), Vieira da Cunha (PDT, com 98,02%), Luis Carlos Heinze (PP, com 97,79%), Onyx Lorenzoni (PL, com 94,79%), Rejane de Oliveira (PSTU, com 90,09%) e Edegar Pretto (PT, com 80,72%). Ricardo Jobim (Novo) e Carlos Messalla (PCB) não recorreram à modalidade. Roberto Argenta (PSC) lançou mão de apenas 0,5% por essa prerrogativa.
Esse dinheiro é utilizado para custear materiais de publicidade, prestadores de serviços, produção de conteúdo para o horário gratuito em rádio e TV, pesquisas, entre outras despesas.
Liderando as arrecadações líquidas, Onyx Lorenzoni (PL) já relatou ao TSE R$ 8,4 milhões, com R$ 300 mil (3,55%) doados por Gilson Lari Trennepohl, empresário ex-presidente de fábrica de máquinas agrícolas e atual vice-prefeito de Não-Me-Toque. O montante representa 73% do limite legal de gastos, fixado em R$ 11,56 milhões para o primeiro turno. Caso cheguem ao segundo turno, os postulantes ganham o direito de aportar mais R$ 5,78 milhões na reta final da disputa.
Na segunda colocação está Roberto Argenta (PSC), que possui doações feitas prioritariamente por empresários. Entre eles, estão o diretor da Calçados Beira-Rio, Heitor Vanderlei Linden (R$ 2,6 milhões), o cofundador e presidente da multinacional de calçados Grendene, Alexandre Grendene Bartelle (R$ 1,4 milhão), e o próprio Argenta (R$ 500 mil).
Logo atrás, Edegar Pretto (PT), além das fontes mais frequentes, conta com o reforço de deputados federais de seu partido. A doação de candidatos, empregada até o momento apenas por essa coligação, responde por 17,64% (R$ 701,6 mil) do total líquido. Depois do Fundo Especial, a maior receita (3,77%) vem dos parlamentares Paulo Pimenta e Maria do Rosário, ambos com R$ 150 mil repassados de suas cotas proporcionais ao CNPJ da campanha majoritária. Nomes como o do deputado Elvino Bohn Gass (R$ 100 mil) também aparecem na prestação do TSE.
Quarta maior receita, Luis Carlos Heinze (PP) tem entre os doadores, abaixo dos repasses partidários, o presidente da DTA-Engenharia Portuária & Ambiental, João Acácio Gomes de Oliveira (R$ 50 mil). A empresa foi contratada recentemente por um grupo de empresários da Região Metropolitana e da serra gaúcha para realizar o projeto do chamado Porto Meridional do Litoral Norte. É considerado um dos maiores investimentos privados do Estado, caso saia do papel, no município de Arroio do Sal.
Financiamento público mais elevado
O ex-governador Eduardo Leite, que renunciou ao cargo e tenta a reeleição, tem a quinta maior arrecadação, com R$ 2,8 milhões. O tucano tem uma doação de pessoa física, de R$ 5 mil, feita por Micheli Tassiani Petry. Vieira da Cunha figura na sexta colocação, com R$ 2,55 milhões.
Assim como Ricardo Jobim (R$ 96,87 mil), Rejane de Oliveira (R$ 33,3 mil) e Carlos Messalla (a menor receita, de R$ 7,42 mil), com R$ 295,4 mil, a campanha de Bogo não chega à casa do milhão. Jobim, por sua vez, além de contar com 41,29% do total líquido oriundo de recursos próprios, é o único candidato a utilizar a possibilidade de financiamento coletivo, que responde por 5,39% das receitas.
Coordenador de auditorias de contas partidárias eleitorais do Tribunal Regional Eleitoral do RS (TRE-RS), Cristiano Santiago de Aguiar salienta que, mesmo que o prazo para o envio da prestação de encerre às 23h59min desta terça-feira, a necessidade de envio de relatórios financeiros a cada 72 horas é responsável pela manutenção das contas, sempre atualizadas, no portal do TSE.