Candidato à presidência da República pelo PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu nesta sexta-feira (16), em Porto Alegre, que vai atuar para recuperar a boa relação do governo federal com governadores e prefeitos. Questionado sobre a possibilidade de renegociar o acordo da dívida do Rio Grande do Sul com o governo federal, defendida pela maioria dos candidatos a governador do Estado, Lula foi evasivo, mas não fechou as portas para a eventual revisão dos termos.
— Não posso dizer para você: nós vamos negociar. Preciso conhecer a real situação do Rio Grande do Sul para saber o que a gente pode fazer. Deve ter outros Estados com muitos problemas — disse o ex-presidente, em entrevista coletiva em um hotel da Capital.
Na resposta, Lula também criticou a renegociação da dívida com a União feita em 1998, pelo governo Antônio Britto.
O petista ainda reforçou a promessa de convidar, em sua primeira semana de governo, governadores e prefeitos para uma reunião em Brasília. O objetivo, segundo ele, é verificar a situação de Estados e municípios e saber em quais demandas o governo federal poderá ajudar.
— Vou tentar recuperar a relação sadia e democrática que já existiu nesse país — afirmou.
Embora tenha pedido votos para o correligionário Edegar Pretto (PT), que concorre ao governo do Estado, Lula disse duas vezes que pretende manter boa relação com o futuro governador do Estado, independentemente de quem seja o eleito.
— Governei com a Yeda (PSDB) e com o PMDB, o (Germano) Rigotto. E não fazia diferença de que partido as pessoas eram. Para nós, o que importava era a necessidade do povo do Estado e as condições financeiras que o Estado e o governo federal tinham.
Na entrevista, Lula também respondeu sobre o que pretende fazer para melhorar os índices de educação, zerar a fila do INSS e melhorar as condições da agricultura familiar. Quase sempre listou medidas positivas tomadas em seu governo e no de Dilma Rousseff sobre cada um dos assuntos.
Ele aproveitou ainda para alfinetar o presidente Jair Bolsonaro (PL), seu principal adversário na corrida eleitoral. Lula disse que Bolsonaro precisa explicar o caso da compra de imóveis por ele e seus familiares e criticou mais uma vez a atuação do presidente durante a pandemia:
— Até disse ontem (quinta-feira) que é louvável que o presidente tenha ido ao enterro da rainha (Elizabeth II). Ele até arrumou um pretexto para sair do Brasil porque ninguém o convidava para nada. Mas é uma pena que não teve coragem de ir ao enterro de nenhuma das mais de 600 mil pessoas que morreram da covid.
Lula falou à imprensa por pouco mais de 30 minutos. Na sequência, dirigiu-se ao Largo Glênio Peres, no centro de Porto Alegre, para participar de um comício.
Após o evento, questionado por GZH, Edegar Pretto disse que ficou satisfeito com a resposta de Lula sobre a revisão da dívida, uma de suas promessas de campanha na tentativa de chegar ao Piratini.
— O presidente Lula sabe o quanto o Estado produz e contribui com a economia nacional. E certamente vamos achar um caminho para repactuar essa dívida.