A executiva nacional do PT aprovou, nesta sexta-feira (5), a manutenção do apoio à candidatura do deputado federal Marcelo Freixo (PSB) ao governo do Rio de Janeiro. A decisão contraria a executiva fluminense da sigla, que defendia o rompimento com o parlamentar.
O partido ameaçava deixar a coligação com o PSB no Estado caso o deputado Alessandro Molon (PSB) não abrisse mão da candidatura ao Senado em prol do petista André Ceciliano, presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Sem um acordo, os dois devem disputar o voto da esquerda para senador pelo Rio em outubro.
A presidente do partido, Gleisi Hoffmann, anunciou a decisão pelo Twitter: "A Comissão Executiva Nacional do PT confirma o apoio à chapa Marcelo Freixo (PSB) para governador e André Ceciliano (PT) para senador no Rio de Janeiro. Com Lula e Alckmin vamos juntos reconstruir nosso Brasil", escreveu a deputada.
Embora ao menos quatro integrantes da executiva tenham defendido publicamente o rompimento com Freixo, a decisão sobre a aliança com o PSB passou pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que deu a palavra final sobre o impasse.
A pressão para que Molon desistisse da disputa aumentou nas últimas semanas. O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, tentou interceder, mas a decisão do deputado em manter a candidatura já era considerada irreversível.
Alessandro Molon, hoje deputado federal, lidera as pesquisas de intenção de votos mais recentes, empatado tecnicamente com o atual senador Romário (PL), candidato à reeleição. Na sequência, aparecem o ex-prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos), o deputado bolsonarista Daniel Silveira (PTB) e o deputado estadual André Ceciliano (PT), de acordo com levantamento da Real Time Big Data divulgado na última semana de julho.
Nas articulações da candidatura de Lula para a disputa pela Presidência, o PT decidiu apoiar Freixo na corrida para o Palácio Guanabara. Em troca, os petistas esperavam indicar Ceciliano como candidato da chapa à cadeira no Senado.
Mas Molon, que preside o diretório fluminense do PSB, não quis abdicar de sua candidatura. Decidiu mantê-la, contrariando o PT, que pressionava por um único candidato ao cargo. Segundo o parlamentar, o acordo entre as legendas alegado pelos petistas nunca existiu.
Insatisfeita, a executiva estadual do partido no Estado aprovou o rompimento da aliança com Freixo na noite da última terça-feira (2). Seus integrantes acusavam o PSB de descumprir o acordo estadual.
Freixo já apareceu em primeiro lugar em pesquisas, mas agora figura como segundo colocado, logo atrás do atual governador Cláudio Castro (PL), que assumiu o Palácio da Guanabara após o afastamento do ex-governador Wilson Witzel (então no PSC) por processo de impeachment, em agosto de 2020. Witzel, mesmo inelegível, foi escolhido como candidato ao governo do Rio pelo Partido da Mulher Brasileira (PMB) e deve tentar ir às urnas com recursos judiciais.
A maioria dos dirigentes petistas no Rio de Janeiro, porém, apesar de ter aprovado a indicação para o rompimento no início desta semana, ainda defende a aliança com o PSB no Estado. Como é o caso da presidente do partido e do coordenador da campanha de Lula, José Guimarães.