Pré-candidato do PSB ao Palácio Piratini, o ex-deputado Beto Albuquerque está avaliando sair da disputa pelo governo do Estado. Sem alianças, com pouco tempo na propaganda em rádio e televisão e sem garantia de que terá os recursos necessários para a campanha, Beto cogita desistir mesmo com o nome já homologado pela convenção partidária, que ocorreu no último sábado (23).
A possível retirada de Beto, no entanto, não está ligada a um eventual apoio do PSB ao pré-candidato do PT, Edegar Pretto, que seria uma reprodução da aliança na chapa presidencial formada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSB).
O presidente estadual do PSB, Mário Bruck, garante que o partido terá cabeça de chapa na eleição estadual:
— Não seremos coadjuvantes nessa eleição. Queremos apresentar nosso projeto aos gaúchos.
O dirigente afirma que, no momento, o PSB trabalha apenas com "plano A", que seria a candidatura de Beto. Caso o ex-deputado decline, a sigla teria "outros nomes qualificados" para encabeçar a chapa.
— Conversei ainda hoje com o presidente (nacional) Carlos Siqueira e reafirmei nossa posição de manter candidatura própria aqui no Estado — relatou Bruck.
Apesar de não sofrer contestações no PSB gaúcho, Beto pensa em desistir em razão da incerteza sobre o tamanho da estrutura de sua campanha a governador. Recentemente, o PSB nacional decidiu que apenas 20% dos recursos do fundo eleitoral serão destinados às campanhas majoritárias.
O partido deve disputar ao menos nove governos estaduais, sendo que em quatro deles (Espirito Santo, Maranhão, Paraíba e Pernambuco) o objetivo é se manter no poder. Embora não esteja nessa lista, a candidatura de Marcelo Freixo no Rio de Janeiro também deve ser prioridade na alocação da verba partidária.
No formato atual, a distribuição do dinheiro do fundão está sob a responsabilidade das direções nacionais dos partidos.
Nesta quarta-feira (27), Beto viaja a Brasília, onde se reúne com o presidente nacional do partido, Carlos Siqueira, para definir seu futuro.
Apesar do discurso oficial, o PSB gaúcho não tem outro nome com a densidade política e eleitoral de Beto. Candidato a vice-presidente na chapa de Marina Silva em 2014, ele concorreu ao Senado em 2018 e ficou em terceiro lugar, com 1,7 milhão de votos.
Aliança distante
O pré-candidato do PSB ficou irritado com a informação publicada pela Folha de S. Paulo, de que teria retirado a candidatura para apoiar o PT. De acordo com o jornal, a informação teria sido repassada pela presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann. O partido também publicou nota com críticas a Gleisi (leia abaixo).
Em áudio enviado a correligionários, Beto demonstrou incômodo com o que chama de uma versão saída da "boca irresponsável" de Gleisi.
— Não tive dialogo com ninguém do partido, não tratamos sobre nossa candidatura. Que pode ser discutida sim, mas no PSB, não no PT — reclamou, na gravação.
A reportagem de GZH tentou contato com Beto, mas ele não atendeu às ligações. À colunista Kelly Matos, ele disse que o PSB não vai indicar o vice do PT no RS "em nenhuma hipótese".
Nos últimos meses, Beto chegou a discutir uma aliança com o PT, mas as conversas esbarraram na insistência do ex-deputado em ser cabeça de chapa. Ele sempre descartou concorrer a vice-governador ou a senador. O PT também não topou ser vice na coligação de Beto.
O PSB também chegou a discutir uma composição com Vieira da Cunha (PDT), mas os partidos não chegaram a um acordo.
Leia a nota do PSB
"NOTA OFICIAL
A direção estadual do Partido Socialista Brasileiro (PSB) vem a público manifestar seu descontentamento e desmentir às informações prestadas pela presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, de que o pré-candidato ao governo do Estado, Beto Albuquerque, teria desistido de disputar da corrida eleitoral. A notícia foi divulgada pela Folha de São Paulo.
A direção da sigla informa, ainda, que em nenhum momento debateu a possibilidade de retirada da candidatura em apoio ao PT, nem foi consultada sobre o assunto pela direção nacional. A definição, deliberada durante a convenção estadual realizada no sábado (23), de ter candidatura própria com a indicação do nome de Beto Albuquerque permanece.
Diante do exposto, repudia veemente o gesto arrogante da presidente nacional do PT de querer falar em nome dos socialistas e reafirma a não coligação com o Partido dos Trabalhadores no Estado.
Porto Alegre, 27 de julho de 2022.
Mário Bruck
Presidente Estadual do PSB/RS"