Bruno Covas (PSDB) seguirá no comando da maior metrópole brasileira. Neste domingo, o tucano venceu a disputa pela prefeitura de São Paulo no segundo turno. Guilherme Boulos (PSOL) ficou atrás, na segunda colocação. Covas recebeu 3.169.121 votos (59,38%) e seu oponente 2.168.109(40,62%). Votos brancos somaram 273.216 (4,39%), nulos 607.062 (9,76%) e abstenções 2.769.179 (30,81%).
Acompanhado do governador João Doria, do vice na sua chapa Ricardo Nunes (MDB) e de líderes tucanos e apoiadores de sua campanha, o prefeito chegou por volta de 20h no diretório estadual do PSDB, nos Jardins. Sob aplausos e muita aglomeração em uma sala com dezenas de jornalistas e correligionários, concedeu entrevista coletiva. Assim como já tinha feito ao longo do dia, prometeu cumprir o mandato de quatro anos até o fim.
— Serei prefeito pelos próximos quatro anos. Confesso que penso na presidência. Mas do Santos Futebol Clube — brincou, arrancando risadas dos apoiadores ao seu redor.
Nos bastidores, o nome dele foi ventilado como opção para disputar o governo de São Paulo caso João Doria, seu correligionário, se candidate à Presidência da República.
Em 2016, o neto do ex-governador Mario Covas era candidato a vice-prefeito na chapa de Doria. Em 2018, Doria deixou a prefeitura para concorrer ao governo estadual. A saída abriu a oportunidade para Covas assumir a administração municipal.
Durante o mandato, o tucano passou a protagonizar luta contra o câncer.
— Eu não posso descansar até que a população mais pobre tenha o mesmo tratamento contra o câncer que eu tive, por exemplo — destacou.
Ao longo da campanha de 2020, Covas ganhou fôlego nas pesquisas de intenção de voto. Na reta final do segundo turno, Boulos até ensaiou reação, mas insuficiente para ultrapassar o atual prefeito.
Sobre a pandemia, o economista e advogado, de 40 anos, disse que dará toda a atenção para evitar a disseminação do vírus, mas preferiu não adiantar eventuais restrições de atividades em razão dos aumentos de casos e internações na cidade de São Paulo.
— O nosso lado é o lado da verdade. Os dados são produzidos pela vigilância sanitária. Aqui na cidade não há espaço para dizer que estamos escondendo dados e nem que a pandemia já acabou. Sempre reforço para usarem mascar, evitar aglomeração e usar álcool gel — disse Covas, que venceu o coronavírus ao longo da campanha.
O prefeito disse que recebeu telefonema de Boulos o parabenizando pela vitória. Também que seu governo vai trabalhar para todos, inclusive para aqueles que não votaram nele.
— Vamos transformar as nossas diferenças em consenso. É momento de união, de diálogo. O rumo está dado. Temos que combater a desigualdade e o coronavírus — afirmou Covas.
No plano nacional, alfinetou Bolsonaro em algumas de suas respostas.
— Em 2018, o Centrão foi o grande derrotado. O grande derrotado em 2020 foi o radicalismo — disse o tucano, numa referência à derrota do bolsonarismo nesse pleito.
Perguntado se participaria de uma frente ampla para vencer Bolsonaro em 2022, como sugeriu Doria neste domingo,disse que sim.
— É possível fazer política sem ódio. É possível fazer política falando a verdade. Fizemos campanha limpa, falando da cidade de São Paulo. Sou filho da democracia e respeito o resultado das eleições — ressaltou.
As polêmicas do vice
O vice de Covas é Ricardo Nunes, MDB. Com 53 anos, é vereador em São Paulo. O advogado e empresário está envolvido em, pelo menos duas polêmicas. Uma envolvendo um registro de violência doméstica feito pela esposa em 2011. Ela acabou retirando a denúncia e o caso nunca virou processo. Outro escândalo com o nome de Nunes envolve creches conveniadas à Prefeitura. As unidades são controladas por entidade que é comandada por pessoas ligadas a ele. Nunes nega qualquer irregularidade.
Covas apoiou o vice durante a entrevista coletiva.
— Você (Nunes) sofreu muito nessa campanha. Nós vamos governar e vamos mostrar quem nós somos.
Boulos
Com coronavírus, Boulos ficou o domingo de quarentena em casa. Pouco antes de o prefeito Bruno Covas chegar ao diretório do PSDB, ele publicou um vídeo nas redes sociais. Começou agradecendo os mais de 2 milhões de votos que recebeu.
— Eu quero cumprimentar o Bruno Covas e desejar que ele tenha sorte nos próximos quatro anos. E que acima de tudo, governe a cidade sabendo que uma imensa parcela da sociedade quer mudança. Quer que a periferia seja tirada do abandono — disse Boulos, ao adiantar que vai fazer o papel de cobrar e fiscalizar.