O primeiro pronunciamento do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) ocorreu à semelhança da maioria das suas manifestações de campanha: por meio de uma live nas redes sociais. Em uma saudação breve, de poucos minutos, ao lado da mulher, Michele, Bolsonaro relembrou o momento em que na mesma sala decidiu, sozinho, concorrer à presidência da República e prometeu um governo "que possa colocar o nosso Brasil em um lugar de destaque".
Logo depois, Bolsonaro foi para o lado externo de sua casa na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e — logo depois de uma oração puxada pelo ex-senador Magno Malta — pediu licença para fazer o seu pronunciamento da vitória.
Após citar sua passagem predileta da Bíblia - "Conhecereis a verdade e a verdade ela vos libertará" (João 8:32) -, Bolsonaro leu um discurso de tom bem mais moderado do que o de campanha, acenando para o liberalismo econômico e respeito à democracia e à Constituição:
— Faço de vocês minhas testemunhas de que esse governo será um defensor da Constituição, da democracia e da liberdade. Isso é uma promessa, não de um partido, não é a palavra vã de um homem, é um juramento a Deus. O que eu mais quero é, seguindo ensinamentos de Deus, ao lado da Constituição, e inspirado em grandes lideres mundiais e com boa assessoria técnica isenta de indicações politicas começar a fazer um governo que possa realmente colocar nosso Brasil em um lugar de destaque. Todos os compromissos assumidos serão cumpridos com bancadas e com o povo — declarou.
Bolsonaro classificou sua vitória como "a celebração da liberdade":
— Liberdade é um princípio fundamental. Liberdade de ir e vir. Andar nas ruas em todos os lugares desse país. Liberdade de empreender. Liberdade política e religiosa. Liberdade de informar e de ter opinião. Liberdade de fazer escolhas e ser respeitado por elas. Este é um país de todos nós. Brasileiros natos ou de coração. O Brasil de diversas opiniões, cores e orientações.
Em relação às contas públicas e na relação com os Estados, Bolsonaro prometeu "quebrar paradigmas".
— Esse futuro, de que falo e acredito, passa um governo que crie condições para que todos cresçam. Isso significa que o governo federal dará um passo atrás, reduzindo a sua estrutura e a burocracia, cortando desperdícios e privilégios, para que as pessoas possam dar muitos passos à frente. Nosso governo vai quebrar paradigmas. Vamos confiar nas pessoas. Vamos desburocratizar, simplificar e permitir que o cidadão, o empreendedor tenha mais liberdade para criar e construir o seu futuro. Vamos desamarrar o Brasil.
Bolsonaro acenou ainda para uma relação entre o governo federal e os Estados e municípios "respeito à federação":
— Outro paradigma que vamos quebrar: o governo respeitará de verdade a federação. As pessoas vivem nos municípios, portanto os recursos federais irão diretamente do governo central para os Estados e municípios. Colocaremos de pé a federação brasileira. Nesse sentido é que repetimos que precisamos de mais Brasil e de menos Brasília. Muito do que estamos fundando no presente trarão conquistas no futuro. As sementes serão lançadas e regadas para que a prosperidade seja o desígnio dos brasileiros do presente e do futuro.
Bolsonaro declarou ainda que não diferencia brasileiros "do norte ou do sul":
— Falo com uma mão voltada para o seringueiro do coração da selva amazônica e a outra para o empreendedor suando para criar e desenvolver sua empresa.
Por fim, o presidente eleito prometeu um governo de relações internacionais menos pautadas pela ideologia:
— Governaremos com os olhos nas futuras gerações e não na próxima eleição. Libertaremos o Brasil e o Itamaraty das relações internacionais com viés ideológico a que foram submetidos nos últimos anos. O Brasil deixará de estar apartado das nações mais desenvolvidas. Buscaremos relações bilaterais com países que possam agregar valor econômico e tecnológico ao produtos brasileiros. Recuperaremos o respeito internacional pelo nosso amado Brasil.