Com 44% dos votos, Fernando Haddad (PT) foi derrotado por Jair Bolsonaro (PSL) na disputa pela Presidência do Brasil na noite deste domingo (28). Abaixo, confira alguns dos motivos significativos que levaram o petista à derrota.
1) Estratégia de risco
A estratégia de dissociar Haddad de Lula na reta final, depois de um primeiro turno inteiro repetindo que "Haddad é Lula", não funcionou para atrair eleitores refratários ao lulopetismo. A substituição do slogan original por outro com as cores da bandeira brasileira, o sumiço do ex-presidente e as mudanças no estilo de Haddad, que saiu da sombra de Lula e imprimiu personalidade própria à campanha, foram ações tardias.
2) Antipetismo no auge
A aversão ao PT atingiu o auge nesta eleição, e Haddad não conseguiu reverter o quadro negativo. Eleitores dispostos a frear o retorno da sigla ao poder a qualquer custo apostaram em Jair Bolsonaro (PSL) — encarnação do antipetismo, da promessa de "ordem" e do discurso anticorrupção — sem dar atenção a denúncias e polêmicas. Haddad endureceu o discurso, e o PT mostrou contradições do adversário, mas foi insuficiente para demover seu eleitorado.
3) Frente esvaziada
A intenção do PT de liderar ampla "frente democrática" contra a "ameaça fascista" fracassou. Marina Silva (Rede) declarou voto em Haddad, mas não fez campanha para ele. O PDT limitou-se a "apoio crítico", sendo que Ciro Gomes viajou à Europa e decidiu não tomar partido. FHC mandou o PT às favas, e o PSDB optou pela neutralidade, com algumas exceções. O PSB apoiou Haddad, Guilherme Boulos (PSOL) foi às ruas por ele e nomes importantes chancelaram sua candidatura, como o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa e o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, mas foi pouco para reverter o resultado.
4) Falta de autocrítica
Enquanto Haddad ensaiou uma autocrítica, o PT seguiu sem fazer "mea culpa" e continuou ignorando os casos de corrupção na sigla e se omitindo sobre o fracasso da política econômica do governo Dilma Rousseff. Haddad admitiu a possibilidade de que aliados possam ter cometido crimes e defendeu punição aos envolvidos, mas a sigla não o acompanhou.
5) Efeito facada
O atentado a Bolsonaro, ainda no primeiro turno, foi mais um elemento a jogar contra Haddad. A partir dali, o militar reformado teve pretexto para não se expor ao confronto e se manter longe dos debates até o fim, mesmo quando já não havia impedimento médico. Passou a apostar em vídeos nas redes sociais e só fez aparições públicas quando convinham, o que contribuiu para sua vitória.
6) Redes sociais
O PT não conseguiu encontrar antídoto eficaz para conter a disseminação de fake news contra Haddad nas redes sociais. Nem mesmo quando vieram à tona as suspeitas de fraude no disparo de notícias falsas via WhatsApp, envolvendo apoiadores de Bolsonaro, o cenário mudou. A Polícia Federal (PF) abriu investigação, e a campanha petista explorou isso. Ainda assim, Bolsonaro manteve a liderança até o fim.