A revista britânica The Economist publicou uma reportagem nesta quinta-feira (20) em que analisa o cenário político brasileiro e destaca que o candidato Jair Bolsonaro (PSL), líder nas pesquisas, representa uma nova ameaça para a América Latina. De acordo com a revista, Bolsonaro, se eleito, seria "um presidente desastroso".
A reportagem, que estampa a capa da publicação, destaca que o atual e preocupante cenário econômico do país, as investigações da Lava-Jato, o aumento da criminalidade e a descrença no sistema político brasileiro estão levando a população a ver o candidato pelo PSL como "um xerife sensato". De acordo com o The Economist, entretanto, "se ele vencesse, poderia colocar em risco a própria sobrevivência da democracia no maior país da América Latina".
A publicação destaca o longo histórico de declarações polêmicas de Bolsonaro e o coloca na mesma turma de outros presidentes populistas, como Donald Trump, nos Estados Unidos, e Rodrigo Duterte, nas Filipinas, afirmando que o brasileiro seria uma "adição particularmente desagradável ao clube".
Em uma alusão a regimes totalitários com o de Augusto Pinochet, no Chile, a revista ainda faz um alerta aos brasileiros: "eles não devem ser enganados. Além de suas visões sociais não liberais, Bolsonaro tem uma admiração preocupante por regimes ditatoriais. Ele dedicou seu voto a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff ao comandante de uma unidade responsável por 500 casos de tortura e 40 assassinatos sob o regime militar, que governou o Brasil de 1964 a 1985", explica a publicação.
A reportagem finaliza afirmando que "Bolsonaro pode não ser capaz de converter seu populismo em ditadura ao estilo de Pinochet, mesmo que quisesse. Mas a democracia do Brasil ainda é jovem. Até mesmo um flerte com autoritarismo é preocupante". De acordo com a revista, "ao invés de cair nas promessas vãs de um político perigoso, na esperança de que ele possa resolver todos os seus problemas, os brasileiros devem perceber que a tarefa de curar sua democracia e reformar sua economia não será fácil nem rápida".