Mesmo com 22 anos de uso, e sem registros de fraudes, a credibilidade da urna eletrônica ainda é contestada por alguns candidatos à Presidência da República e gera controvérsia. Contudo, para o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Admar Gonzaga, as reclamações são infundadas e as notícias de possíveis fraudes não passam de fake news.
Ao programa Timeline desta quarta-feira (26), na Rádio Gaúcha, o ministro afirmou que "essas especulações sempre acontecem porque determinado candidato não recebe, ao final da eleição, um resultado ao agrado do eleitor":
— Muitos (candidatos) acabam se apoiando em alguma desculpa para não dizer a seus apoiadores que não ganharam no voto, mas que houve uma situação extravagante, fora do alcance dessa pessoa. As pessoas se apoiam em interesses financeiros, vaidades de tecnocratas que não querem aceitar que determinado sistema é bom. Mas o nosso sistema tem funcionado muito bem — explicou.
Questionado sobre a impressão do registro do voto – aprovada em 2015 no Congresso e barrada em junho deste ano pelo Supremo Tribunal Federal (STF) –, o ministro pontuou que as impressões poderiam causar um grande problema, pois se trata de um sistema mecânico que poderia emperrar ou apresentar alguma outra dificuldade técnica:
— Na hora que o eleitor votasse, se a urna atolasse, o que se faria? Chamaria o mesário para ir dentro da cabine e o mesário veria em quem ele votou. Isso violaria o sigilo do voto dele e poderia até ter que anular esse voto.
Ouça a entrevista na íntegra:
Gonzaga lembra ainda que "se criou uma ideia de que as pessoas teriam recibo" do voto, o que não é verdade. Para ele, o comprovante de votação ou a adoção da cédula impressa seria um retrocesso à compra de votos.
— Todo nosso sistema eletrônico foi para quebrar essa perversa situação que estava enraizada na cultura brasileira da venda de votos, da corrupção eleitoral. Isso tem incomodado aqueles que gostam de cometer essa prática — disse.
Fake news
Para o ministro, muitas fake news sobre possíveis fraudes estão sendo divulgadas porque "a melhor coisa que existe para alguém que comete fraudes é querer plantar na cabeça das pessoas a desconfiança no sistema". Segundo Gonzaga, existe um rígido sistema de controle das urnas eletrônicas – que passa por auditorias feitas por universidades, partidos políticos ou qualquer cidadão que tenha interesse, além de testes realizados frequentemente, lacre das urnas até o dia da votação, entre outros.
Todo nosso sistema eletrônico foi para quebrar essa perversa situação que estava enraizada na cultura brasileira da venda de votos.
ADMAR GONZAGA
Ministro do TSE
— Além disso, as urnas ficam à disposição para uma votação paralela, para demonstrar que aquelas escolhidas aleatoriamente estão em perfeito estado. Nunca tivemos uma divergência nisso — relatou.
O ministro falou ainda sobre os milhares de cidadãos que não fizeram o recadastramento biométrico e que vivem em cidades onde ele se tornou obrigatório, e agora estão reclamando da impossibilidade de votar nestas eleições. A partir de uma ação movida pelo PSB, o plenário do STF deve decidir nesta quarta-feira (26) se reverte ou não o cancelamento desses títulos.
— Foi amplamente informado aos eleitores que a biometria era impositiva e necessária para nosso cadastro eleitoral ficar rígido, sem qualquer mácula. O que acontece é que sem a biometria uma pessoa pode se passar por outra na hora da votação. Partidos estão reclamando por aqueles que não cumpriram a regra. Todos são obrigados a cumprir as leis e as normas. Não dá para, agora, colocar culpa em outra circunstância, a de que este seria um motivador do resultado eleitoral a favor ou contra determinado candidato. Se tivemos um milhão de eleitores com título cancelado em regiões do país, nós vamos adivinhar em quem votariam essas pessoas? — concluiu.