A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou que a criação de um ambiente de confiança nas instituições e nas autoridades públicas está entre os maiores desafios do Ministério Público para o futuro. A chefe da Procuradoria-Geral da República (PGR) fez o relato, nesta sexta-feira (3), no XIV Congresso Estadual do Ministério Público, realizado em Gramado.
— É preciso promover os valores fundamentais de nossa civilização, como a separação entre a coisa pública e a coisa privada, e entender que é por isso que enfrentamos a corrupção — disse.
Raquel destacou ações para aumentar o número de mulheres na política. Segundo ela, o Ministério Público vem atuando para avançar e reduzir a subrepresentatividade feminina na vida pública:
— Para enfrentar essa questão, temos atuado em várias vertentes. Defendemos e conseguimos que o Supremo Tribunal Federal determinasse que, nas eleições de 2018, não apenas seja respeitada a cota de 30% de candidaturas femininas, mas que também haja garantia de aplicação desse mesmo índice de recursos no financiamento dessas candidaturas e no tempo de propaganda.
Antes de subir ao palco, Raquel disse, em entrevista a Cláudio Brito, na Rádio Gaúcha, que "sonha" com o cenário onde todas as pendências em relação a candidatos — como impugnações ou outros casos ligados à Lei da Ficha limpa — estejam resolvidas até o primeiro turno das eleições, que estão marcadas para 7 de outubro. A procuradora disse acreditar que a Justiça Eleitoral vai trabalhar de maneira célere para evitar transtornos. Raquel foi uma das três palestrantes presentes no evento nesta sexta.
Na semana passada, o Ministério Público informou que vai ajuizar ações de impugnação contra todos os candidatos com candidatura barrada pela Lei da Ficha Limpa — inclusive os condenados por órgão colegiado. A afirmação foi dada por Raquel, que se reuniu com todos os procuradores regionais eleitorais.
Abrindo as conferências desta sexta-feira, o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, defendeu mais promotores e procuradores engajados na especialização contra a corrupção. No entendimento do magistrado, responsável pelos casos da Lava-Jato em primeira instância no Rio de Janeiro, as forças-tarefas são instrumentos importantes para combater o crime organizado.
Também palestrante no congresso, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, reconheceu que o governo se ausentou das regiões que hoje são dominadas pelo crime organizado. No entendimento do ministro, o Estado tem de trabalhar para recuperar esses espaços e evitar que jovens sejam recrutados pelas facções.
O evento teve início na última quarta-feira (1º). O jantar de encerramento ocorre na noite desta sexta.