Diante de um desempenho tímido em um antigo quintal do PSDB, o candidato à Presidência Geraldo Alckmin dedicou a terça-feira (28) para se aproximar do agronegócio gaúcho. Depois de uma passagem por Pelotas e Caxias do Sul, o tucano chegou pela manhã em Porto Alegre, onde visitou a Santa Casa, e seguiu para Esteio.
Na Expointer, Alckmin almoçou durante mais de duas horas a portas fechadas no prédio da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul). Às lideranças, prometeu aplicar os 10 compromissos apresentados pela entidade e defendeu o armamento em propriedades.
— Devemos facilitar o porte de armas na área rural. É diferente quem vive no campo de quem vive na cidade. Na cidade, você disca 190 e a polícia está na sua porta. Tem câmeras de vídeo e policiamento ostensivo. Na área rural, você está a dezenas de quilômetros distante, em um lugar ermo. Defendo o porte de arma na propriedade rural, sem nenhum problema — disse, ao sair de encontro.
Alinhado com a bandeira bolsonarista, o posicionamento empolgou os produtores.
— Agradou, e muito. Ele foi enfático — analisou o presidente da Farsul, Gedeão Pereira.
No início do compromisso, alguns dos 89 lugares do restaurante reservados para o almoço estavam vazios. A campanha de Alckmin abriu mão de parte das 30 cadeiras que tinha direito para que fossem convidados presidentes de sindicatos rurais do Interior. Porém, nem todos compareceram.
Pela feira, o candidato circulou ao lado de sua vice, Ana Amélia Lemos (PP), do candidato do PSDB ao governo do Estado, Eduardo Leite, e do prefeito da Capital, Nelson Marchezan. Perguntado sobre como pretende atrair o eleitorado gaúcho, recorreu ao capital político da senadora historicamente ligada ao agronegócio:
— A Ana Amélia é uma mulher séria, comprometida e experiente.
De acordo com a mais recente pesquisa Datafolha, divulgada na semana passada, o ex-governador paulista tem 5% das intenções de voto no Sul, enquanto Jair Bolsonaro (PSL) lidera com 28%. Para a campanha tucana, os gaúchos são um eleitorado a ser conquistado.
Na segunda-feira (27), Alckmin direcionou as suas críticas ao militar reformado. Em Pelotas, disse que a candidatura de Bolsonaro é "inviável" e "uma coisa transitória".
— A nossa preocupação não é com os nossos concorrentes — desconversou, nesta terça-feira, ao ser questionado sobre a sua estratégia para converter simpatizantes de Bolsonaro. — O agronegócio é um dos polos mais dinâmicos da economia brasileira, que segurou o emprego, a renda e gerou superávit na balança comercial. Precisamos apoiá-lo com seguro de renda, previsibilidade no crédito e infraestrutura — completou.
Em comum, as agendas de Alckmin e Bolsonaro elegeram a Expointer para sinalizar a afinidade com o meio rural. Porém, é o líder nas pesquisas na região quem tem se mostrado mais popular entre representantes do setor — teste ao qual será submetido na quarta-feira (28), também em Esteio.