O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) divulgou uma carta, lançada em seu twitter oficial, na qual delega ao candidato a vice em sua chapa, Fernando Haddad, a tarefa de ser seu representante enquanto estiver preso. O ex-presidente diz que o colega petista é "meu porta voz e as minhas pernas enquanto eu estiver preso. Ele falará em meu nome, deve me representar nos debates, viajar pelo Brasil e falar com o povo brasileiro".
O documento, publicado nas redes sociais nesta quinta-feira (9), é uma reação à decisão da Justiça de não permitir que Lula participe do debate da Band, que ocorre nesta quinta-feira, por videoconferência. Condenado e preso pela Operação Lava-Jato desde abril, Lula diz que a decisão da Justiça Federal de impedir sua participação no programa viola o direito do povo brasileiro e também dos outros candidatos de discutir as propostas de sua candidatura.
No mesmo horário do programa com os presidenciáveis, o PT faz um debate paralelo online com Fernando Haddad, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e Manuela D'Ávila (PC do B), que deve ser vice de Haddad se ele substituir Lula — caso sua candidatura seja impugnada segundo a Lei da Ficha Limpa.
"A candidatura que lidera as pesquisas é impedida de debater com as demais suas propostas e ideias defendidas por milhões de brasileiros", diz Lula no texto. "Viola também a liberdade de imprensa, impedindo que um veículo de comunicação cumpra seu dever de informar e proibindo o público de exercer seu direito de ser informado. O nome disso é censura."
Na carta, enviada da carceragem da Polícia Federal em Curitiba, Lula diz ainda que é candidato porque não cometeu nenhum crime e deixou o cargo em 2010 com avaliação positiva recorde de 87%. "O Brasil precisa debater seu futuro de forma democrática. Ter eleições onde o povo, que já viveu dias melhores em um passado recente, possa escolher que caminho quer para o País, com a participação de todas as forças políticas da nação", concluiu.
Mais cedo, nesta quinta-feira, a desembargadora Cláudia Cristina Cristofani, do Tribunal Federal Regional da 4ª Região (TRF4), negou o mandado de segurança do PT que pedia a participação do ex-presidente no debate. Os advogados do ex-presidente tinham entrado na quarta-feira com um recurso contra a decisão da juíza Bianca Arenhart, também do TRF4, que negou o pedido para que o petista participe do debate eleitoral.