O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou na tarde deste sábado (28) que o programa político do partido para as eleições deste ano, do qual ele é o coordenador, é o "melhor" desde 1989, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concorreu ao Planalto pela primeira vez.
— O país precisa de medidas importantes e este programa de governo vai neste sentido — disse, em debate sobre o futuro da esquerda na programação paralela das revistas Época e Vogue durante a Festa Literária de Paraty (Flip).
— Nós temos de blindar a Constituição, por meio da radicalização da democracia.
Os eixos temáticos do programa petista foram divulgados na semana passada. O texto prevê reformas do sistema bancário e judiciário, bem como a regulação da mídia.
Ao ser anunciado como "provável candidato do PT à Presidência", Haddad corrigiu a mestre de cerimônias.
— Sou o coordenador do programa de governo do PT — afirmou.
Haddad afirmou também que o PT e os movimentos sociais que apoiam o ex-presidente Lula têm "convicção" da manutenção da candidatura do petista, preso em Curitiba desde 7 de abril.
— O problema (da candidatura de Lula) é da Justiça. O povo e o PT sabem o que querem — disse.
O petista foi recebido no evento aos gritos de "Lula Livre". O debate reuniu também o candidato do PSOL à Presidência, Guilherme Boulos, cuja intenção de concorrer ao Palácio do Planalto Haddad disse respeitar, como as outras de esquerda.
— Vamos estar juntos, provavelmente no segundo turno, mas no primeiro cada um tem o direito de seguir — disse.
Em sua fala, Boulos renovou as críticas ao que chamou de "elite financeira".
— Não dá para governar com os mercados, é preciso regular capitais. O Estado pode e deve fazer o enfrentamento às políticas de desoneração aos empresários — afirmou.
Ao comentar a estratificação das pesquisas que mostram que há eleitores que têm intenção de votar tanto em Lula quanto em Jair Bolsonaro (PSL), Boulos disse ser um equívoco imaginar que todos que querem votar no deputado fluminense apoiam a extrema-direita.
— Ele surfa numa onda de profunda descrença do sistema político brasileiro, porque a esquerda também não foi capaz de apresentar uma esperança para este eleitor — disse Boulos.