Caso se consolide como candidato à Presidência da República pelo PSDB em 2018, o governador Geraldo Alckmin (SP) deve defender a privatização ou o encerramento das atividades de empresas federais criadas nos governos petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Em recentes discursos e falas como pré-candidato, o tucano criticou o que considera o inchaço da máquina e o baixo retorno para a população de empresas federais criadas entre 2003 e 2016. Esse contingente representa cerca de um terço das estatais federais _ 56 das 149 existentes.
O governador paulista indicou que ao menos três das "estatais petistas" fechariam as portas caso ele assumisse o Planalto: a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que controla a TV Brasil, a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), fundada em março de 2005 para produzir medicamentos para hemofílicos a preços mais baixos, e a Empresa de Planejamento e Logística (EPL), criada em 2012 para implementar o primeiro trem de alta velocidade do país.
— Sou favorável a diminuir o tamanho do Estado. Temos cerca de 150 estatais, não faz sentido. Agora, para isso, precisamos de bom marco regulatório e agências de fiscalização despolitizadas. Privatização bem-feita é uma coisa boa, mas deve ser analisada caso a caso.
Alckmin não se compromete, pelo menos por enquanto, com a venda das principais empresas estatais, como Banco do Brasil e Petrobras. A lista na mira do tucano inclui, no entanto, braços da Petrobras, como a Petrobras México, a sucursal colombiana da Braspetro, e a Pré-Sal Petróleo S.A., empresas transmissoras de energia, como a Uirapuru, e a Fronteira Oeste. Empresas independentes de seguros ligadas a bancos, como Caixa Seguridade e Participações também foram apontadas.
O levantamento faz parte dos estudos de Alckmin de elaboração de uma plataforma eleitoral para o ano que vem. A tese do governador é de que empresas que dão prejuízo ou consomem recursos sem dar retorno à sociedade não têm razão de existir. Até abril do ano que vem, o governador ainda promete privatizar a Companhia Energética de São Paulo (Cesp) após mais de dez anos de debates a respeito.
Jaqueta virou piada
A aliados, Alckmin tem usado o mesmo discurso e afirmado que está mais maduro e que aprendeu com os erros de 2006, quando na tentativa de evitar a reeleição do então presidente Lula, chegou a vestir uma jaqueta com os slogans de algumas das principais empresas federais, como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Correios e Petrobras, para indicar que não iria privatizá-las.
Naquela campanha, Lula e o PT afirmaram que a vitória do tucano representaria a venda de todas as empresas citadas. Na tentativa de se mostrar mais solto, tem feito até piada com o uso da jaqueta.
— Privatização não é mais palavrão, não. Acho que amadureci mais, estou mais preparado, mas sem usar jaqueta — disse em um evento na capital paulista na segunda-feira (27).
Críticas
O ex-presidente do PT Rui Falcão criticou a proposta de privatizar as estatais.
— Começa-se falando que vai se privatizar a EBC e acaba na Petrobras, no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal — afirmou.
Em nota, a assessoria do PT defendeu a criação da Empresa Brasil de Comunicação como "produto de um projeto aprovado pelo Congresso Nacional com base no capítulo da Constituição que prevê a criação de um sistema de comunicação público, a exemplo da TV Cultura do Estado de São Paulo". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.