Natural de Marau, Adiló Ângelo Didomenico chegou em Caxias do Sul com 17 anos, depois de alguns anos, formou-se em Economia e fez especialização em marketing. Foi comerciante, casou-se com Célia Didomenico (in memoriam), com quem teve quatro filhos, e foi vereador da cidade. Hoje com 72 anos, o atual prefeito tenta equilibrar a vida pública com a privada, mas como mantém o mesmo número de celular desde 1994, a situação não se torna fácil, e o toque de ligações se tornou algo constante em sua rotina.
— Eu tenho me dedicado uma boa parte do tempo em função da prefeitura e, por eu ter o mesmo número de celular desde 1994, eu atendo a todos, indistintamente. Às vezes, eu fico até tarde da noite respondendo e de manhã, já tenho uma boa quantidade de mensagens para responder. Além disso, o telefone toca fora de hora e eu atendo, porque pode ser um pedido de socorro, como aconteceu com os alagamentos em maio, então essa tem sido a minha rotina — contou Adiló.
Mesmo com esses fatores, Adiló sempre acorda cedo, prepara seu chimarrão e já vai se atualizar das notícias, ler um bom livro e, claro, fazer exercícios físicos.
— Eu ainda tiro um tempo pra levantar cedo, para tomar meu chimarrão, ler o jornal e, sempre que sobra alguns minutos, dedico para a leitura dos mais diversos temas. Na vida particular, eu pratiquei esporte durante muitos anos, mas agora não tenho mais condições de jogar meu futebol de salão, mas foi o futebol que me largou viu? Não fui eu que larguei ele. Além disso, faço academia duas vezes por semana — destacou.
Como um bom representante do signo de Peixes, Adiló, sempre que pode, aproveita para nadar ou ir à praia. Mas outro hábito que também costuma praticar são as caminhadas pela cidade e conversar com as pessoas, gosto que adquiriu pela sua atuação como comerciante por mais de três décadas.
— Eu gosto de gente, eu gosto de estar no meio das pessoas, não importa se são mais humildes, eu trato a todos da mesma maneira, até pela minha formação, minha característica de ter sido comerciante a vida inteira, e lidando com os mais variados públicos, então eu me sinto muito bem — comenta.
Contudo, mesmo com a vida pública agitada, Adiló tenta separar os domingos para a esposa, Jussara Canali, os quatro filhos — Cintia, Diego, Bianca e Gustavo — e seus dois netos — Helena e Davi —, além de preparar sua clássica polenta para a semana. Quando a agenda permite, não deixa de ir a um baile gaúcho.
— Domingo, no fim da tarde, tenho por hábito sentar, tomar um chimarrão ou com a minha esposa ou com meus filhos, fazer a minha polenta, eu faço um pirex para a semana. Também fui atirador esportista do Clube Caxiense. Hoje não tenho mais tempo, mas é um hobby que eu ainda cultivo e adoro. Ah, e gosto é do baile de gaúcho. E eu não vou lá sentar para ficar olhando os outros dançar, viu. Eu gosto de dançar, e a Jussara também — revela Adiló.
A vida política
Adiló começou na política na década de 1970. Ajudou na fundação do PTB em Caxias do Sul na década de 1980. Sua ligação com a Codeca vem de muito tempo: de 1989 a 1997, presidiu o Conselho Administrativo da companhia. Também elegeu-se vereador em 2012 e 2016 e, em 2020, concorreu para prefeito, sendo eleito. Questionado sobre o que o cargo trouxe para sua vida, Adiló destaca a resiliência, a paciência e, com certeza, o surgimento de mais cabelos brancos.
— Branqueou o resto dos cabelos (risos), mas a prefeitura me ensinou a ser mais resiliente e muito mais paciencioso. Eu já tinha essa característica de pensar duas vezes antes de responder alguma coisa, principalmente quando vem uma cobrança mais forte, mas também não ser lento na tomada de decisões, que é uma coisa bem diferente. Eu não tenho medo de decidir e, quando me convencem que eu estou errado, também não tenho nenhum receio de voltar atrás. Essa é uma característica que eu cultivo ao longo da minha vida — frisou Adiló.
Além disso, nesses quatro anos de mandato, o atual prefeito destacou dois momentos que foram os marcantes: o Caso Magnabosco e a chuva de maio.
— Em primeiro lugar, o Caso Magnabosco, porque durante 40 anos a prefeitura nunca tinha ganhado uma vírgula daquela ação e eu assumi e, na segunda semana, já tinha ameaça de bloqueio das contas do município. Conseguimos levar para o Supremo Tribunal Federal (STF), e agora o caminho será seguramente uma composição. E o segundo momento mais difícil foi aquela noite e madrugada do dia 1º de maio, quando nós perdemos a usina de asfalto e perdemos o servidor que era uma pessoa extraordinária, trabalhou comigo na Codeca, que é o Luciano (Henrique Santos Lacava) — contou.
Ele reforça o desejo de continuar no comando da cidade:
— Eu vejo que nós pegamos Caxias num momento muito delicado, muito conturbado, Caxias vivia uma encruzilhada, ou ela pegava o caminho certo, ou nós íamos sucumbir. Seria uma lástima eu não continuar.
"Estamos dançando até hoje"
Para a primeira-dama Jussara Canali, conhecer Adiló foi um “encontro de almas”. Eles estão juntos há 7 anos.
– Nos aproximamos depois que ficamos viúvos, eu em 2012, ele, em 2015. E quando eu fiquei com meningite em 2017, ele foi me visitar diversas vezes no hospital e eu acho que foi ali que foi desabrochando um carinho maior. Depois, a gente conversou algumas vezes, descobrimos que ambos gostavam de dançar e ele me convidou para fazer um curso de dança. Eu acho que os dois estavam precisando de uma segunda chance na vida, e estamos dançando até hoje – descreveu Jussara.
Ela destaca que a humildade é uma das características mais fortes do prefeito.
– Uma coisa que não abrimos mão é de ter o nosso café da manhã, com frutas, com a polenta que ele mesmo faz, e ele é um querido, porque ele me espera com a mesa pronta. É um homem “das antigas”, fino, gentil, cavalheiro, educado. Ele é muito humilde, o cargo de prefeito nunca fez com que ele se tornasse uma pessoa diferente – comenta Jussara.
Porém, o cargo tem seu preço, e nem sempre são dias fáceis. No entanto, Jussara diz que Adiló prefere não transparecer quando o estresse o domina.
– Tu sabe que uma das coisas que eu mais admiro nele é como ele absorve as coisas, ele pode estar muito irritado, muito bravo, muito chateado, mas ele não transparece isso. Às vezes, ele me diz: “Ai, Jussara, hoje não foi um dia fácil, hoje aconteceu isso, isso e isso, mas deixa eles, eles vão aprender com o tempo.” Eu acho que a questão da doutrina espírita que seguimos, ela faz com que a gente melhore e tenha mais tranquilidade – salienta a primeira-dama.
Companheiro e mentor
Um dos grandes mentores de Adiló foi o ex-prefeito Mansueto Serafini. Ambos se conheceram ainda em 1988 e, desde então, são grandes companheiros.
– Ele é um bom administrador, demonstrou isso na Codeca, inclusive todo esse sistema de limpeza pública da cidade foi ele que criou quando presidente da Codeca. Ele foi um prefeito dinâmico. Ah, e ele é uma excelente pessoa, tem uma lealdade profunda com os amigos – diz Mansueto.
Sobre seu apoio na campanha de 2020 e na atual, o ex-prefeito comentou que é o certo a se fazer.
– Porque ele foi um bom prefeito, acho que deve continuar sendo bom. Não se mexe em time que está ganhando – disse.