Entre segunda (23/9) e quinta-feira (26/9), o Gaúcha Hoje da Gaúcha Serra está realizando entrevistas com os quatro candidatos a vice-prefeito de Caxias do Sul. Cada bate-papo terá duração de 15 minutos, com mediação dos jornalistas Alessandro Valim e André Fiedler.
Edson Néspolo, que concorre com Adiló Didomenico (PSDB), é o segundo entrevistado da série. Confira o bate-papo na íntegra:
Gaúcha Serra: Como é que tem sido esse retorno para a política? O senhor nunca saiu da política, na verdade, mas estava atuando numa função diferente, foi para a iniciativa privada após a última candidatura. Como é que tem sido essa campanha, essa nova missão na política?
Edson Néspolo: Na verdade, nos últimos quatro anos, estive na iniciativa privada. E, para a minha surpresa, quando começou o ano, o Alceu (Alceu Barbosa Velho, do PDT), a Denise (Denise Pessôa, do PT), me convidaram para algumas reuniões, me convidaram para estar com eles.
Em seguida, o candidato Scalco (Maurício Scalco, do PL) também me convidou, enfim, e por último, a questão do Adiló (Adiló Didomenico, do PSDB). Então, para mim, foi uma questão muito tranquila essa minha decisão, respeitando a todos.
Mas, por acreditar no Adiló, a gente se conhece há bastante tempo, quando eu fui chefe de gabinete do Sartori (José Ivo Sartori), ele presidente da Codeca, eu sei do trabalho que ele, que o (José Luiz) Zechin fizeram à frente da Codeca, assim, com muita competência, com muita seriedade. Aliás, eles resgataram a Codeca.
E depois, como secretário de Obras, depois ele me ajudou quando fui presidente da Festa Uva. Então foi uma decisão tranquila nesse momento, para a gente poder colaborar com Caxias num momento que, tenho certeza, que precisa de equilíbrio, de serenidade, de tranquilidade, e o prefeito Adiló passa tudo isso.
Gaúcha Serra: O senhor fez um breve histórico da sua trajetória e mencionou justamente sua relação com o Governo Sartori. O senhor seria a continuidade, né, se candidatou para ser a continuidade da gestão de Alceu Barbosa Velho. E, na última eleição, o senhor disputou de uma forma até relativamente acirrada uma vaga no segundo turno com Adiló. Como é que se deu essa construção das relações políticas nos últimos anos e que levou o senhor a se aliar ao Adiló agora para essa campanha?
Néspolo: Bom, primeiro, lembrar que a minha saída do PDT se deu por não concordar com a decisão do partido em relação ao PT. Não vou aqui esconder o histórico com as delações do Palocci (Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda), que era um dos comandantes da roubalheira do PT, dos tesoureiros do PT presos.
Então, por não concordar com isso, eu realmente me afastei por convicção. Então, não tem nada de pessoal com o ex-prefeito, muito pelo contrário. E, aliás, é da minha estima reconhecer que os prefeitos, ao longo da história, fizeram muito.
Mas, olhando esse momento, olhando o que Caxias passou, eu fico pensando, se o prefeito Adiló é um prefeito inexperiente, se é um prefeito covarde, com o que Caxias sofreu, por exemplo, em novembro, em setembro, agora, em maio ou junho, o Adiló era uma pessoa que enfrentava, que enfrentou, que botava bota de borracha, capa de chuva, guarda-chuva e não tinha medo.
Caía um penhasco e ele estava lá. Os problemas de toda Caxias: barragem ameaçando explodir, estourar, a região de Galópolis com problemas sérios e o Adiló lá, presente na comunidade. Eu imagino se fossem alguns candidatos com pouca experiência o que teriam feito, talvez teriam disparado ou se escondido. Então, são detalhes que me levam a estar ao lado do Adiló, por conhecer isso, por ter passado os períodos que ele passou, e Caxias está de pé e em condições de fazer agora um grande governo.
Gaúcha Serra: O senhor fala em candidatos de pouca experiência, o senhor fala do candidato Scalco? Néspolo: Não, o Scalco me convidou para também estar na coordenação de campanha. O que me leva a não concordar com o Scalco? Essas questões: um dia diz que tem que privatizar a Codeca. Para que mudar agora numa época de eleição?
Por que não continua com aquilo que disse a vida inteira? Vai mudar, vai afinar a voz agora para ganhar uma eleição? Daí você tem que confiar no Scalco? Com todo o respeito, não tem, isso não me serve. E outra coisa, todo mundo passou por experiências, né?
Agora, três anos de vereador, ocupou qual cargo público? Tem que ter experiência no Executivo. As pessoas não fazem nem ideia do que é, eu imagino discutir com o Scalco uma dispensa de licitação.
Nossa, a complexidade das secretarias, você tem que estar ao lado do servidor e ao mesmo tempo você tem que fazer o processo agilizar. Mas sem experiência nenhuma? Enfim, são aspectos que eu acho que o Scalco tem tudo para, no futuro, até ser candidato a prefeito, mas nesse momento Caxias precisa de uma continuidade, precisa de pessoas, e eu vejo isso muito no Adiló.
Essa serenidade, essa tranquilidade, esse respeito que o Adiló tem por todos, né? Não é de agora, mas tu fala com o Adiló a qualquer momento, a pessoa mais humilde do bairro vai falar com o Adiló, na hora que quiser, se o Adiló não puder atender na hora, em seguida vai retornar.
Essa é a forma. O Adiló é uma pessoa simples, uma pessoa tranquila, e eu acho que Caxias precisa muito disso por tudo que o Adiló passou. Teve também a pandemia, ninguém pode esquecer isso. O Governo Federal pedindo para liberar, o Governo Estadual mais receoso e o Adiló, com o jeito simples dele, tentando fazer e fazendo Caxias funcionar.
Então, essas questões temos que lembrar. O Adiló também pegou a prefeitura com dificuldade, teve que enfrentar a reforma da Previdência e do Fundo (de Aposentadoria e Pensão do Servidor, o Faps), e encarou isso. Eu lembro a todos, porque fazer política em época de eleição, sem lembrar o passado. O prefeito Daniel Guerra, em 2017, fez um diagnóstico e disse que em 2023 a prefeitura de Caxias não teria recursos para pagar a folha de pagamento.
Quem teve que encarar isso foi o Adiló, para dar tranquilidade dos servidores, para os aposentados continuarem recebendo seus vencimentos em dia, para o futuro do servidor estar garantido. Hoje, o fundo tem uma rentabilidade em um ano e pouco já muito significativa.
Quem teve que encarar isso foi o prefeito Adiló. Outra questão: nós tivemos o primeiro embate, foi no Sindicato dos Servidores. Eu fico pensando assim: o Scalco vai lá, assina um documento com 38 termos de compromisso para fazer com os servidores. O Adiló disse "não, eu não vou assinar, não tem como assinar". Mesmo que o Scalco tenha feito com algumas ressalvas, mas isso ou tu quer jogar para os servidores ou tu vai quebrar a prefeitura, não tem mágica no serviço público.
O Adiló teve a seriedade de dizer: o servidor é importante, eu quero trabalhar ao lado, mas eu não vou assinar esse termo com 38 itens, porque ou eu vou mentir para vocês ou eu não vou conseguir levar adiante os compromissos que a prefeitura tem. Então essa seriedade do Adiló eu respeito demais.
Gaúcha Serra: Nessa eleição, o senhor está cumprindo um papel diferente. Nas duas anteriores, o senhor era candidato a prefeito, hoje está indo a vice. Claro que essa definição passa pelas coligações, pelas alianças partidárias, mas por que o senhor optou dessa vez por concorrer a vice? Néspolo: Como eu falei, e as pessoas não vão me contestar, porque tive reuniões com o Scalco, tive reuniões com a Denise e com o Alceu, e foi uma questão de opção.
Gaúcha Serra: Mas o senhor poderia ter concorrido a prefeito também...
Néspolo: Podia ter concorrido, mas para não deixar Caxias cair numa aventura, eu achei melhor somar forças com o prefeito Adiló. E também olhar todo esse histórico que aconteceu nos últimos anos, dos desafios que o prefeito Adiló teve que superar, e superou com muita grandeza.
Eu não posso ficar e deixar de reconhecer que cada prefeito, ao longo do seu tempo, fez muita coisa. E não vou me pegar para louco aqui para desqualificar prefeitos anteriores. Agora, o Adiló encarou o maior projeto de regulação fundiária que muitos estavam aguardando.
O prefeito Adiló foi o primeiro na história de Caxias a diminuir impostos, sabe? Então, agora eu vejo também, o Adiló está aí, tudo que enfrentou com essas enchentes, todo mundo entrega e faz obras para entregar, para se consagrar na época da eleição.
Ele está entregando a maior obra de bairro, que é o Desvio Rizzo, com R$ 40 milhões, vai entregar daqui a um ano. A entrada do Planalto vai entregar daqui a um ano, muita coisa aconteceu, mas as pessoas têm que olhar que essas obras, 66 ruas de Caxias para serem repavimentadas, vai entregar 10 até a eleição.
Não, mas teve problemas, teve enchente, tudo o que aconteceu atrasou, mas por isso tudo o que eu vejo com o Adiló merece muito. E eu acho que, pegando essa forma simples do Adiló, uma forma de trabalhador, porque está aí na enchente que ele fez, e com a minha experiência, agregar isso, e falo a nível de gestão da época do (ex-prefeito José Ivo) Sartori, e falo nos exemplos de Festa da Uva, depois também, muitas vezes, mas o Néspolo foi para Gramado.
Poxa vida, olha a escola que eu tive, de ter a honra de ser secretário de Turismo de Gramado e presidente da GramadoTur. O que eu posso contribuir agora com o Adiló a nível de Caxias. E eu vejo que isso precisa avançar. Não estou aqui para dizer que está tudo mil maravilhas, e a gente tem que também olhar para isso.
Mas eu tenho uma contribuição para dar para o Adiló como vice, e com lealdade, porque isso é uma questão que eu me honro muito, das pessoas que eu contribuí sempre ter isso como legado.
Gaúcha Serra: E nesse possível futuro governo, o que deveria ser a prioridade? Que é o maior problema de Caxias hoje?
Néspolo: Eu acho que essas obras estruturantes, eu acho que a questão do aeroporto, tanto o nosso quanto o aeroporto futuro, isso é estratégico para um impulso de Caxias como nunca. Ontem (segunda-feira) à noite, fui na comunidade de Vila Oliva e Santa Lúcia (do Piaí). Eu vejo, quando eu começo a andar ali, eu já vejo tudo envolvendo turismo. Isso vai impactar enormemente. Ontem, as pessoas preocupadas por onde vai passar o trecho que vai levar o aeroporto a Gramado. As pessoas vendo a questão do porto de Arroio do Sal.
Enfim, é uma integração fundamental. Então, obras estruturantes. O Adiló tem pronto para fazer 100 quilômetros de asfalto do interior. O viaduto ali na frente da Polícia Rodoviária, com a chegada da Perimetral Norte, é obra estruturante fundamental. Nós temos a questão na frente da UCS também para ser encarada.
O nosso aeroporto novo e o regional são fundamentais. Essas obras estruturantes, que agora o Adiló deixou a casa em dia, têm recursos. Nós, com alguns cortes de secretarias que são fundamentais, que elas podem ser agregadas até para agilizar o processo, mas criar o nosso escritório de Brasília, isso vai agilizar, isso vai dar poder para Caxias captar muito recurso com emendas, com novos projetos, com fundo perdido, buscando financiamentos.
Enfim, a gente quer trabalhar muito nessa questão agora. Dar continuidade a esses projetos que o Adiló está fazendo, mas buscar essas obras estruturantes, pensar numa Caxias que caminha de acordo com o seu povo. E o povo de Caxias é um povo trabalhador, mas muito exigente.
Gaúcha Serra: O senhor falou da sua experiência em Gramado. Qual o papel para o senhor na vice-prefeitura? E o senhor poderia, por exemplo, acumular o cargo de secretário de Turismo
Néspolo: Eu quero estar à disposição do prefeito Adiló naquilo que ele achar que eu seja importante. Eu não gostaria, se ele me pedir para ir para uma secretaria, eu farei isso com o maior prazer. Mas eu gostaria de estar ao lado dele, coordenando várias questões do governo.
A princípio, eu não gostaria de ser secretário, mas gostaria de trabalhar ao lado do secretário de Turismo para, com a minha experiência, a gente fazer aquilo que Caxias precisa, dar um salto muito grande, muito grande. E ninguém venha fazer aproveitamento desse espaço, porque, ao longo dos últimos 30 anos, o turismo não foi tratado como devia ter sido tratado em Caxias.
Então, não venha ninguém fazer proselitismo. A maioria dos governos acomodou situações na Secretaria de Turismo. Então, agora chegou uma hora de dar uma guinada, e ninguém venha dizer que se perdeu o tempo. Se perdeu, mas está na hora, tem tempo. A Serra Gaúcha vai ser um dos roteiros que mais vai continuar crescendo no Brasil.
A Serra Gaúcha, pelo enoturismo, pela questão do vinho, da uva, da nossa culinária, é um destino que vai explodir. Nós temos que ainda aproveitar esse momento e fazer muito por Caxias.
Gaúcha Serra: Como é que tem sido enfrentar figuras no debate, como o Alceu Barbosa Velho, Felipe Gremelmaier, o ex-prefeito e o governador José Ivo Sartori, que tiveram tanto tempo junto do senhor? Néspolo: É bem tranquilo porque eles me conhecem. Assim como eu conheço eles e não vão me pegar aqui para ficar desqualificando gente que até ontem eu tinha maior respeito. Então, não tem isso comigo, mas eles também me conhecem, eles sabem da minha seriedade, eles sabem que, na frente do prefeito Sartori e ao lado dele, eu não ocupei 10, 12 secretarias de graça.
E acumulava secretaria e tinha problema. E o Sartori me chamava e tocava coordenação de projetos e assim por diante, então, é muito tranquilo, quando a gente anda de cabeça erguida, quando a gente sabe o que fez e o que pode fazer, a gente não tem que se preocupar com o amanhã.
Eu também tenho limitações, mas com essa forma simples do Adiló, nós vamos ajudar muito. E, com relação aos outros, muito respeito por todos, e não é nada pessoal, é a gente falar a nível de uma história.