
Entre segunda (26) e quinta-feira (29), às 7h15min, o Gaúcha Hoje da Gaúcha Serra fará entrevista com os candidatos à prefeitura de Caxias do Sul. O bate-papo terá duração de 30 minutos cada, com mediação dos jornalistas Alessandro Valim e André Fiedler.
Adiló Didomenico é o primeiro entrevistado. Confira o bate-papo na íntegra:
Gaúcha Serra: O senhor é candidato a reeleição. O que é a principal marca que o senhor apresenta para o eleitor, do governo atual, do governo Adiló, para defender a sua candidatura?
Adiló Didomenico: Bem, em primeiro lugar nós conseguimos apaziguar a cidade que vinha num momento muito difícil em meio a pandemia e todas as dificuldades. Em segundo lugar, nós tratamos de colocar as finanças do município em dia, porque herdamos o município com mais ou menos R$ 230 milhões devedor no primeiro ano, ou seja, faltava R$ 230 milhões para fechar as contas naquele ano, e tudo isso fizemos enxugando a máquina, simplificando os procedimentos e reduzindo impostos. O primeiro prefeito na história de Caxias do Sul que ousou baixar imposto, e é a minha tese: alíquota menor, arrecadação maior. E nós fizemos isso para mais de 40 atividades.
Trabalhamos também a questão do fundo de aposentadoria do servidores, que estava inviabilizando as contas do munícipio. A reforma da previdência feita com muita determinação, e trabalhamos durante quase quatro anos fazendo obras que causavam muito desconforto, porque era abertura de buraco, galeria e caixa de amortecimento nos prédios. Mas a catástrofe de maio mostrou que eram obras necessárias, e hoje a gente encontra muitas pessoas que dizem "olha não vou mais brigar contigo pelo transtorno que causou no trânsito" porque a área urbana suportou razoavelmente bem esse volume absurdo, jamais imaginado de chuva que poderia se precipitar sobre a nossa cidade.
Gaúcha Serra: Qual o principal desafio hoje do município? E já aproveito para emendar: por que o senhor busca a reeleição?
Adiló Didomenico: Eu busco a reeleição por um dever com a cidade, porque hoje seria covardia da minha parte abandonar nesse momento de tanta dificuldade. Caxias passou pelo pior momento de sua história, em um desastre climático e ambiental onde nosso interior foi impactado violentamente e vai precisar de muita ajuda para se recompor, e eu me sinto na obrigação, até por tudo aquilo que a gente fez e preparou a cidade. Nós tínhamos colocado Caxias nos trilhos, rumo à recuperação do desenvolvimento em todas áreas, com simplificação, com redução de impostos, com facilidade para quem quer voltar a empreender e construir em Caxias do Sul, simplificando o código de obras, dando isenção de quatro anos para novos loteamentos. Ou seja, vinha reparando a cidade e ela já começava a botar o bico do avião para cima, e aí levamos essa bomba aí. Mas nós estamos trabalhando muito forte e o município vai se recuperar, pode ter certeza que ele vai se tornar mais forte do que antes da catástrofe.
Então nós sentimos a obrigação neste momento de colocar nosso nome à disposição, sem aventura, sem sobressalto, com serenidade, cuidando para não sobrecarregar as contas do município, e para não ter jamais aumento de carga tributária. Quando eu ouço falar em reforma tributária, ao longo de todos os meus anos de experiência, nenhum momento eu vi reduzir a carga. Todas as reformas que aconteceram aumentaram a carga, e nós estamos fazendo exatamente o contrário, visando o munícipio, reduzindo impostos.
Gaúcha Serra: Dentro do contexto político da cidade e das candidaturas apresentadas, como o senhor se apresenta politicamente? O senhor é um candidato de direita? Pode-se colocar assim?
Adiló Didomenico: Eu nunca fiz acordo com a esquerda. A minha história, a minha vida está aí para ser acompanhada. Muitos que se dizem de direita, quando eu já batalhava por uma política de centro-direita, eles estavam muito próximos ou aliados com a esquerda. Eu nunca, mas também sempre tive respeito com aqueles que pensam diferente. Eu nunca fiquei dando canelada em ninguém, porque os extremos para mim são muito parecidos, e a prova está aí, a gente tem acompanhado desde o primeiro debate um fenômeno interessante, onde os dois extremos se juntam para bater em mim.
Então eu vou continuar com a minha serenidade, com respeito ao contraditório e a aqueles que pensam diferente. Eu sempre me apresentei como candidato de centro-direita, e está aí minha história. Em 2008 lutei para que nós não fizéssemos aliança com a esquerda, continuássemos apoiando o prefeito Sartori, e assim foi a minha vida. Fui um dos coordenadores da campanha do Mansueto, em 1988, do Vanin em 1992, 2004 e 2008 do Sartori, 2012 concorri a vereador e 2016 novamente. Então essa é essa a minha história política, de ser um neoliberal e defender a livre iniciativa, de quando o poder público não consegue ajudar, no mínimo que ele não atrapalhe. Assim tem sido a minha vida, nesses anos todos.
Gaúcha Serra: Entrando agora em alguns temas que são importantes para cidade, a começar pela saúde. Caxias tem desafio por ser polo de atendimento de saúde aqui da região, e muito se falou nos últimos anos em buscar recursos com as cidades que utilizam a estrutura daqui, mas até hoje isso não avançou. Existe uma resistência. O que se pode buscar de alternativa a isso? Ou ainda vai se continuar tentando com que os municípios participem desse custo?
Adiló Didomenico: Nós já estamos em tratativas, inclusive conversando com o pessoal da universidade para que a gente desenvolva aqui um consórcio regional, onde os municípios seriam basicamente compelidos a participar desse consórcio. Caxias não vai poder suportar essa conta sozinha ao longo dos próximos anos sem que haja uma atualização do Teto MAC e sem que venha mais recurso do Estado e da União. Porque, veja bem, enquanto o município teria que contribuir com 15% do seu orçamento, tá hoje chegando próximo aos 27%. O estado não chega aos 12%, que é a obrigação, e a União não chega aos 10%, que é obrigação.
Quem tá bancando hoje a conta do SUS, na maior fatia, é o município de Caxias do Sul. E veja bem: foi o município que mais abriu leitos no Rio Grande do Sul de 2021 para cá. Foram abertos 144 novos leitos e mesmo assim temos hoje uma fila de em torno de 60 pessoas aguardando leito. Então não pode continuar assim, não tem condições de Caxias continuar pagando a conta sozinha, tanto que lançamos agora a telemedicina, que é exclusivo para os caxienses.
Ouça a íntegra da entrevista
Gaúcha Serra: Sobre o atendimento básico, da rede de UBSs, como elas poderem selecionar melhor aquilo que vai para as UPAs e urgências? Foi trabalhada essa questão? E o agendamento que o senhor falou, não poderia haver outras formas, dinamizando mais o atendimento?
Adiló Didomenico: Precisa-se olhar os números. Depois da pandemia a população precisou buscar muito auxílio da saúde, tanto que é só olhar o número de farmácias que abriu em Caxias. São mais de 100 farmácias, todas têm movimento, e as UPAs hoje estão atendendo mais que o dobro que atendiam antes da pandemia. Então houve uma procura muito grande, as pessoas tiveram e estão tendo muitas sequelas. Nós estendemos horários em cinco UBSs, colocamos farmácia regional nessas UBSs imaginando que ia diminuir a fila no CES. Todas têm movimento e o CES não diminuiu a fila, ou seja: a procura pela saúde tem sobrecarregado, tanto que hoje não tem leito para comprar nem na iniciativa privada.
Imagina se Caxias não tivesse aberto esses 144 novos leitos. Nós bancamos 16 UTIs e 18 leitos clínicos depois da pandemia. O município bancou e está bancando, e quem está nos ouvindo é o caxiense que está pagando essa conta, e não é justo que continue assim. Nós compramos agora, 2023 e 2024, mais ou menos 8 mil procedimentos entre exames e cirurgias na iniciativa privada, e assim mesmo a fila continua grande.
Porque houve uma sobrecarga e houve um represamento de uma fila que já era grande durante a pandemia, e hoje a população procura muito. Outra situação que nos sobrecarrega muito, na fila dos CES, é a medicação que não chega, que é responsabilidade do governo federal e estadual de mandar. Temos que ir a Porto Alegre todo dia buscar medicamento, e a pessoa tem que iria uma vez por mês na fila, às vezes tem que retornar três ou quatro vezes, por que não tem a lista completa da medicação. Mas isso não é culpa do município, pois é medicação que é responsabilidade do ente federal e estadual, principalmente federal.
Gaúcha Serra: Candidato, ainda falando nessa questão da saúde, o senhor mencionou filas. O CES é um local onde as pessoas ainda precisam aguardam em fila. Na rede de UBS apenas uma parte permite agendamento e apenas por telefone. O que está no seu plano de governo, em relação a isso? Pretende-se dar outras opções de agendamento?
Adiló Didomenico: Sim, hoje já tem 14 UBSs marcando Agenda Mais, que já foram 38 mil pessoas. Parece pouco, mas tu imagina a multidão que não precisou ir pra fila, e nós temos que fazer isso gradativamente. O telemedicina, que já está em processo de licitação, ele vai ser um avanço muito grande, que vai tirar as pessoas da fila e da UBS, pode ter certeza, vai ser um grande avanço.
E está no nosso plano de governo construir uma UPA na Zona Sul. Caxias já precisa de uma terceira UPA, e os números estão mostrando, e também estamos em processo de construir, de uma licitação através de permuta, a nova central do SAMU, ali próximo à perimetral, onde tem a delegacia de polícia, tem um terreno grande que é do munícipio, estamos trabalhando para construir a nova central do SAMU. Então tem um esforço grande que vem se fazendo e eu sei que o pessoal reclama. Agora, tem um volume muito grande de pessoas que têm plano de saúde e que vão na UPA, porque consulta de graça, faz os exames na hora, de graça, e sai com o remédio de graça. Aonde é que tu vai conseguir isso no plano de saúde?
Então tá sobrecarregando. O problema do SUS é a concepção dele, de tudo de graça para todos, sem critério. E aí tu acaba sobrecarregando, e apesar de tudo isso foi o sistema que melhor funcionou no mundo inteiro durante a Covid.
Gaúcha Serra: Vamos falar de transporte coletivo. Uma frase do senhor, "se a passagem não baixar para no mínimo R$ 3,50, está fadado ao fracasso". Isso aqui é de outubro de 2020, na eleição passada. A passagem não baixou para R$ 3,50 e o sistema, se não fracassou, enfrenta dificuldades. O que que o senhor prevê pro transporte coletivo?
Adiló Didomenico: Quando nós fizemos essa proposta o diesel estava R$ 2,892, quando nós fizemos a primeira negociação que coube a nós, porque herdamos um ano com negociação já feita, o diesel estava a R$ 4,90, e chegou a R$ 7. Apesar de tudo isso nós implantamos a tarifa verde a R$ 3,50 e a tarifa normal a R$ 4,50. Hoje continuamos subsidiando, está R$ 3,90 e R$ 4,90, e se não fosse isso o transporte já teria colapsado.
Assim mesmo, ele custou a recuperar o volume de passageiros, porque o pessoal pegou o jeito de usar o aplicativo, que surgiu com grande força. Hoje, com o plano de mobilidade que nós contratamos, e que já deveria estar em vigor desde 2012, nós estamos prevendo várias alterações que estão previstas nesse estudo, que foi inclusive aprovado pela Câmara de Vereadores, onde ele prevê a integração dos diversos modais, roteiros, horário e distância de passagem.
Então, aos poucos, nós vamos ter que ir melhorando o transporte coletivo, porque ele tem que se tornar atrativo. O interior hoje só paga R$ 8. Criúva seria R$ 24, e paga R$ 8, mesmo valor de todas as localidades. Então nós assumimos o compromisso dos R$ 3,50, baseado em custo de R$ 2,89 o diesel, e apesar de tudo isso implantamos sim a tarifa a R$ 3,50. Quem não reconhece isso é porque não usa ônibus.
Gaúcha Serra: O senhor mencionou o Planmob, o plano de mobilidade. Ele teve já a legislação aprovada, mas é por enquanto, nada do que está no plano foi efetivamente implantado. A gente sabe que isso tem muito custo. Como tirar do papel o que está dizendo o Planmob e o que vai ser prioritário? A gente sabe, por exemplo, que a cidade há muito tempo demanda ciclovias. Isso vai ser o primeiro ponto, ou vai ser focado mais no transporte coletivo ou outra área?
Adiló Didomenico: Nós temos agora um financiamento já previsto para capear 66 ruas. Outras tantas precisam de renovação do seu pavimento porque sofreram obras de drenagem, do cloacal e das adutoras de água. Então nós temos previsto o recapeamento de mais ou menos 100 ruas. Feito esse era recapeamento e a recuperação do pavimento, na nova sinalização, aonde for possível, já está previsto no Planmob o desenho da ciclovia. Isso é uma coisa que ao natural vai ter que ser encarada.
Agora, tu não vai fazer pintura e traçado de ciclovia numa rua que depois tu vai colocar a capa de asfalto. Então essas coisas vão andar em paralelo, e é uma demanda histórica e antiga que nós pretendemos enfrentar. Tá na hora.
Outra coisa que nós já determinamos para o nosso pessoal: nós estamos preparando um pacote em torno de R$ 100 milhões para pavimentação de asfalto do interior. E nenhum projeto nós vamos aceitar se não tiver pelo menos acostamento de 1,20m e 1,5m, que sirva para o pedestre e também para ciclovia.
Se isso está colocado no projeto básico, o custo é infinitamente menor do que tu querer fazer uma ciclovia num asfalto já consolidado, que não foi feito alargamento do grade, onde tu acaba destruindo o que já tem, para pouco benefício. Então, em todos os novos trechos tem que ser contemplado esse acostamento de 1,20m, que pode ser um asfalto até um pouco mais rústico, mas que dê as condições do pedestre também caminhar em segurança. Hoje não é só o ciclista que sofre, pois imagina na maioria dos trechos de asfalto do interior um pedestre caminhar. Ele vai ter que caminhar em cima da pista.
Gaúcha Serra: Vamos falar de educação, sobre vagas infantis, que é o principal desafio em termos de criação de espaços para atendimento de educação aqui de Caxias do Sul. Quantas vagas foram criadas e o que falta ser criado ainda? E como fazer?
Adiló Didomenico: Só agora, nos últimos anos, mais de 5 mil vagas foram compradas. Criou-se a indústria da vaga judicial, infelizmente, e isso aí causou uma um transtorno muito grande, porque alguns advogados, que inclusive não são de Caxias, descobriram a ferramenta de obrigar o município comprar a vaga de pessoas que estavam pagando. Isso sobrecarregou a rede ainda mais.
Por isso, nós estamos lançando a parceria público-privada, com 32 novas escolas. O município tinha os terrenos, o que nos deu a condição de fazer essa parceria que vai abrir próximo de 8 mil vagas. Isso vai zerar a fila e deixar inclusive alguma folga. Também nós estamos lançando em nosso plano de governo, e é uma necessidade, o projeto Mãe Canguru, onde nós estaremos pagando R$ 1,2 mil para para mãe que puder ou quiser ficar em casa no primeiro ano do seu bebê, cuidando em casa, porque não tem hoje vaga para creche para se comprar na iniciativa privada.
Esgotou por causa desta questão das vagas judiciais, e também o grande volume de imigrantes e imigrantes que chegaram em Caxias em todos os últimos anos. E agora vem uma leva muito grande daquelas cidades que foram alagadas e nós temos que acolher eles, Caxias não pode dar as costas para isso. Então a educação infantil, hoje, tem essa sobrecarga.
Já no ensino fundamental nós estamos negociando com o governo para que ele assuma sétimo, oitavo e nono ano, que é obrigação do Estado. Com isso vai nos abrir novas turmas de fundamental, e essa é uma estratégia que é possível. O Governo do Estado já assumiu esse compromisso de absorver no mínimo todas as turmas do nono ano, mas nós estamos trabalhando porque seja o sétimo, oitavo e nono ano. Isso nos daria uma folga bem interessante para poder ampliar o número de vagas
Agora, não dá para esquecer que Caxias é a segunda maior rede de ensino municipal do Estado, disparado. Nenhum outro município chega perto de Caxias a capital que tem mais deve ter hoje, mais de 50 mil vagas, enquanto nós temos 45,9 mil alunos.
Gaúcha Serra: Para além da disponibilidade de vagas, tem uma dificuldade histórica com a infraestrutura das escolas. O que que se pode fazer no sentido de melhorar essa infraestrutura das escolas já existentes e o que o senhor entende por qualidade da educação, que é algo que tanto se fala nas campanhas? Qual o seu entendimento sobre o que traz qualidade para educação?
Adiló Didomenico: Vamos falar em qualidade, pois fomos o governo que mais investiu na educação. Nós distribuímos o kit completo no primeiro ano pós-pandemia para ajudar as famílias, com uniforme. Compramos 7 mil chromebooks, mesa interativa, robótica, biblioteca virtual com mais de 32 mil títulos. E aí vamos falar em infraestrutura. Nenhuma escola tinha PPCI, e nós liberamos mais de R$ 8 milhões, e com toda a dificuldade financeira tem 10 escolas em fase de finalização do PPCI.
Há reforma e construção de novas escolas. A Laurindo Formolo, que estava demolida, à base de permuta, nós colocamos ela no antigo Seminário dos Paulinos no local maravilhoso, e deve ser uma das melhores escolas hoje. E estamos repassando a quarta parcela autônoma para que os diretores tenham a autonomia de fazer esses pequenos reparos, pois entendemos que eles são mais ágeis e conseguem fazer com custo bem menor do que nós estarmos licitando.
As escolas vão continuar tendo essa parcela autônoma a mais. Ou seja, nós queremos largar na mão da direção da escola um valor melhor. Já fizemos isso e vamos continuar fazendo, para que eles possam fazer os pequenos reparos, porque as contas ficam grandes, e isso vale para a casa da gente também, se tu não cuida e não faz aqueles pequenos reparos, quando tu vai ver a conta fica muito grande para fazer uma reforma completa. Então, na parte pedagógica, Caxias vai muito bem, porque nós temos feitos maiores investimentos do Rio Grande do Sul em qualificação, treinamento e preparação dos nossos servidores, e isso inclui também aos professores.
Agora, nós precisamos também criar uma estrutura que dê atendimento neurológico, psicológico e de saúde para os nossos professores, porque a pandemia trouxe uma situação de sobrecarga e de muita dificuldade, inclusive para os professores porque eles também são humanos e enfrentam tudo isso. Hoje o município também se preparou muito nessa questão do atendimento a essas crianças que têm deficiência ou os superdotados. Tudo isso o município veio trabalhando, tanto que abrimos o centro de atendimento para essas crianças na Rua 20 de Setembro, ao lado da Guarda Municipal.
Gaúcha Serra: Falando de questões de gestão, mais cedo foi noticiada uma decisão desfavorável ao município na questão do Magnabosco. É um tema sempre presente nos últimas eleições, e há alguma solução que não seja um acordo neste caso?
Adiló Didomenico: Já vou lhe responder. Só quero também complementar que nós iniciamos a construção de escolas modulares ampliando salas de aula, que são um ganho muito grande porque essas obras se arrastam e custam muito caro.
A questão Magnabosco, desde que assumimos nós entendíamos que essa questão ela tinha que ser enfrentada diferente. Porque em relação ao valor que o município estava sendo condenado, eu perdi alguma noite de sono. Eu podia amanhecer a qualquer dia com as contas bloqueadas, e a gente sabia disso. E apesar de todas as ameaças da outra parte, dizendo que cabia até uma ação de litigância de má-fé, pois entendia que eu estava querendo empurrar com a barriga o processo.
Mas não, eu queria encontrar uma forma aonde o município pudesse fazer um acordo suportável e justo. A conta, da forma que estava sendo apresentada, inviabilizaria o município de Caxias do Sul. Traria uma sobrecarga impossível de pagar, e nós temos que entender que tem outras demandas de saúde, educação e infraestrutura. Tu não pode destinar os poucos recursos que tem o município apenas para pagar uma dívida que podia ter sido enfrentada lá atrás. O município teve muitos anos bons de arrecadação e de facilidade financeira, e não foi enfrentada, de forma adequada, fazendo uma composição.
E aí nós determinamos que a Procuradoria Geral do Município, junto com o escritório contratado, o Wambier, apresentem uma proposta, e o nossos técnicos de carreira estão trabalhando em cima de algo que seja suportável e que dê condições de fazer um acordo mediado pelo STF. A ministra Carmen Lúcia já deu essa orientação e eu espero sim que a gente possa encerrar esse pesadelo, por que isso tem trazido muita dificuldade pra Caxias.
Imagina agora, o prefeito que pegou o pior problema financeiro, com todas essas catástrofes, com a boca do jacaré abrindo, onde a receita caiu e a despesa explodiu, e assim mesmo eu estou tendo coragem e queremos fazer um acordo dessa dívida. Mas que seja um acordo para resolver o problema para Caxias, e quando eu falo para Caxias é pelo contribuinte, porque quem paga essas contas é o contribuinte. Esses erros que aconteceram no passado, e que eu entendo que podia ter sido conduzido diferente, nós queremos resolver.
Gaúcha Serra: Zeladoria da cidade. Esse foi o assunto que nos últimos anos talvez mais tenha gerado reclamação do caxiense, seja por questão de roçada e cuidados das ruas, seja pela questão do recolhimento de lixo. Porque a cidade tem tanta dificuldade de prestar esse serviço básico para a população e o que o senhor pretende fazer para encaminhar a resolução dessas questões?
Adiló Didomenico: Primeiro nós vamos enxugar diversas secretarias, porque o momento requer. Nós vamos fazer a fusão de diversas secretarias e vamos criar duas, sendo um escritório do município em Brasília, para cuidar dos interesses de Caxias, que se faz necessário. E nós vamos criar a secretaria responsável pela zeladoria da cidade, como já ocorria no passado, quando nós tínhamos a SSPU. Ela foi desativada, e hoje nós precisamos reunir todas essas forças numa única secretaria, para que tenha mais efetividade.
Agora é importante que se olhe que, desde 2007, quando eu adquiri esses caminhões que fazem a coleta mecanizada e o sistema de contêiner, não foi feito mais investimento. A frota ficou sucateada e coube para mim as duas vezes recuperar a Codeca em fase de falência. Em 2005 e agora, quando recebemos ela com R$ 32 milhões de prejuízo acumulado. Tudo isso aliado às dificuldades financeiras do município, e a responsável pela limpeza da cidade recolhimento de lixo quebrada, com a frota sucateada.
Estão chegando agora, no mês de setembro, oito novos caminhões para reforçar a coleta, porque hoje quase todo dia falta caminhão para cumprir o roteiro. Estamos renovando outros equipamentos também sucateados na Codeca, e tivemos o azar de perder a usina de britador no dia 1º de maio, naquela catástrofe onde perdemos também um funcionário.
Então são quatro meses que estamos sem usina de asfalto, comprando de uma empresa privada que não tem obrigação de nos fornecer. Ela fornece quando tem disponibilidade e não quando nós queremos. É a única empresa que tem condições e fica na divisa de Farroupilha com Bento Gonçalves.
Sábado, por exemplo, ela não rodou asfalto porque nenhum dos clientes dela precisava, e ela não ia ligar a usina para nos ceder 20 toneladas para fazer tapa buraco, em uma usina produz 80 toneladas da hora. Então a nossa usina está sendo remontada uma nova deve entrar em teste essa semana, isso vai nos dar condição de melhorar a zeladoria. Apesar de tudo isso, nos últimos dois meses a capina melhorou muito porque nós aumentamos a força de trabalho e a coleta do lixo tá melhorando bastante.
O que que nós vamos fazer nos próximos dias, ao entrarem os caminhões novos, é fazer coleta mais frequente na área dos contêineres, para não não deixar eles abarrotados, pois também aumentou muito a população de moradores em situação de rua, e que acabam revirando esse material na madrugada.
Aliás, eu tenho feito um apelo permanente para as pessoas não darem auxílio monetário na sinaleira e não saírem distribuindo coberta e comida embaixo de marquise. Porque nós temos lugar para acolher esses moradores e lá é feita a triagem. Isso evitaria aquilo que aconteceu agora, que a Guarda Municipal recolheu 42 ou 44 foragidos da Justiça. Não é ficha suja, é foragido, em dois meses e pouco. Então é isso que as pessoas têm que entender, e o albergue nos dá a condição de fazer essa triagem.
Gaúcha Serra: Resiliência climática. Em cima do que aconteceu, com as tragédias, algum plano para atacar essa situação?
Adiló Didomenico: Sim, nós já contratamos uma empresa para fazer o levantamento, especialmente da área de Galópolis e Vila Cristina. Estamos fazendo acordo com a Universidade de Caxias do Sul, e temos um financiamento já aprovado pela CAF justamente para cidades resilientes e cidades inteligentes.
Isso é um assunto que tem que ser enfrentado e nós vamos enfrentar com muito vigor, pode ter certeza, aliás, já viemos trabalhando ao longo da história com obras de prevenção, tanto que a cidade suportou razoavelmente bem essa catástrofe.