Com uma das maiores bancadas da Câmara de Caxias do Sul, com três vereadores – assim como PSDB, PT e PTB –, e na base do governo Adiló Didomenico (PSDB), o PSB mantém a cautela para tomar decisões sobre os rumos da sigla nas eleições de 2024. Segundo o presidente do partido na cidade, vereador Zé Dambrós, ainda é “muito cedo” para tomar decisões. Mesmo assim, os socialistas têm mantido conversas com lideranças de outros partidos, e mantêm o foco na nominata para o pleito do ano que vem.
Nacionalmente, o PSB integra a base do Governo Lula (PT), na figura do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). No Estado, o PSB está no governo de Eduardo Leite (PSDB) com cargos do segundo escalão. É um partido que, segundo Dambrós, “é um dos únicos que pode dialogar com todas as frentes”, e por isso, inclusive, compõe o governo de Adiló em Caxias, ao lado do PTB, desde fevereiro deste ano. Mas essa participação no Poder Executivo, entretanto, não significa uma parceria para as eleições.
– Não foi unânime (no PSB) a entrada no Governo Adiló. Não significa que nós estando hoje, fazendo parte do Governo Adiló, que nós vamos estar com o candidato Adiló. Tem possibilidades, mas, hoje, nós estamos no Governo Adiló. Não sabemos como as morangas vão se comportar no trote da carroça. Hoje nós estamos no governo, em março não sei se vamos estar. Tem grandes possibilidades de estarmos. Se a gente compor, ajudar a construir, vai ser outra dinâmica – declarou Dambrós.
Sobre a organização interna do partido, o presidente do PSB caxiense antecipou que haverá uma reunião da executiva em setembro e um ato de filiação em outubro. O momento, segundo Dambrós, é de diálogo: interno e externo.
– Estamos dialogando com outros partidos, mas é muito cedo para tomar uma decisão, não vamos tomar uma decisão agora. Queremos ouvir todas as forças. Até porque, na janela, em março do ano que vem, vamos saber quem realmente está com o Governo Adiló, quem está pensando diferente. É um momento de escutarmos todo mundo. Vamos tomar uma decisão no ano que vem, não é este ano, é muito cedo para dizer onde vamos estar. O PSB tem muitos quadros bons, estamos filiando muitas lideranças boas. Continuamos dialogando com várias lideranças de outros partidos, não tem por que esconder, mas não é hora ainda de tomar decisão. Estamos dialogando muito dentro da executiva e dialogando muito com forças políticas de outros partidos – reforçou.
De que lado está o PSB?
Por mais que, na sua origem e no seu nome, o partido se caracterize mais com a esquerda, o cenário político atual deixa claro que o PSB pode se inserir em contextos mais próximos do centro e até mesmo da direita. Dambrós reconhece que é um partido de centro-esquerda, mas com diálogo aberto a todos os partidos.
– Em março, vamos entender quem é fiel, quem vai estar de um lado, quem vai estar do outro, e vamos amadurecendo muitas coisas até lá, dentro do campo político. São vários passos que têm que ser dados, um de cada vez, não vamos nos precipitar em ajudar a construir plano de governo com partido A ou B, nós precisamos aguardar muitas definições. Não é hora ainda de definir onde vamos estar, se vamos sair com candidato, se vamos estar com Adiló ou não, se vamos estar com a centro-direita, se vamos estar com a centro-esquerda. Calma, é muito cedo ainda. Precisamos, primeiro, filiar lideranças e fortalecer o partido, pensar em fazer uma nominata boa de vereadores – enfatizou o presidente do partido.
Já o ex-vice-prefeito Elói Frizzo (PSB) tem uma visão mais próxima das origens do PSB, de alinhamento com a esquerda. Ele reforça que ainda há divergências internas sobre a participação da sigla no Governo Adiló.
– A prioridade, sem dúvida nenhuma, é compor uma aliança de centro para a esquerda. Uma grande parcela do partido continua achando que foi um grande equívoco entrar nos governos Leite e Adiló. O Adiló não é um reacionário, mas faz um governo mediano, não se diferencia de outros. É um governo cheio de problemas. Quando entramos no governo, alguns mais antigos entendiam que isso era um equívoco, mas que isso não representava, sob hipótese alguma, compromisso de aliança no futuro. A orientação do PSB, em nível nacional e estadual, é compor alianças no centro e de esquerda.
Não significa que nós estando, hoje, fazendo parte do Governo Adiló que nós vamos estar com o candidato Adiló
ZÉ DAMBRÓS
Vereador e presidente municipal do PSB em Caxias
"Não vai ser apêndice"
Elói Frizzo também tem ambições ousadas para o pleito de 2024, e almeja um protagonismo do partido nas eleições.
– A intenção do PSB, se depender de mim, é ser protagonista ano que vem, não vai ser apêndice. Hoje nós temos uma das maiores bancadas, temos a presidência da Câmara, então o partido hoje tem uma expressão forte, especialmente no movimento popular, e estamos nos preparando para sermos protagonistas ano que vem. Estamos buscando novas filiações, lideranças do campo de esquerda. A certeza é que nós temos nomes preparados, se for o caso, para ir à majoritária. Estou na torcida para que o PSB finalmente se apresente com uma candidatura própria, com um plano diferenciado – destacou.
Quanto ao protagonismo, Dambrós elogiou os quadros atuais do PSB e não descartou a possibilidade de o partido ser protagonista nas eleições, mas deixou a ideia em aberto.
– Não gosto de extremos, podemos sempre construir com o diálogo. O tempo mais apropriado para o futuro é o do diálogo, de construção. Temos que criar um campo de construção. O debate tem que ser o que vai ser construído, escolas, saúde, saneamento, desenvolvimento da cidade. Essa é a construção que deve ser feita. O Adiló pode ser o protagonista dessa construção, mas poderão ter outros, por que não? Temos bons quadros. E podemos estar (no centro deste protagonismo), por que não? Precisamos ouvir nossas lideranças e entender o passo que a gente pode dar para não errarmos – avaliou.