Encerrando sua agenda no Rio Grande do Sul, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), participou de um encontro com empresários na sede da Câmara de Indústria, Serviços e Comércio de Caxias do Sul (CIC Caxias) no fim da tarde deste sábado (15). No evento, Zema abordou sua trajetória como empresário e sua entrada na vida política, a situação do Estado mineiro que encontrou quando assumiu a gestão em 2019 e pediu aos presentes uma maior participação e união da classe na política.
Dirigindo-se aos empresários, Zema disse que está disposto, ao lado de governadores das regiões Sul e Sudeste, a apoiar um candidato de direita, referindo-se às eleições presidenciais de 2026. Segundo o mineiro, os sete Estados que compõem as duas regiões representam 55% da população brasileira, 70% da economia e quase 80% da arrecadação federal, o que indicaria uma força maior do Sul e Sudeste em relação às regiões Norte e Nordeste do país.
— Acho que está faltando união para nós. Vamos começar a nos unir, porque o Norte e Nordeste fazem isso. Só que a representatividade é 100% menos esses percentuais que eu falei, e às vezes acabam prevalecendo e tendo mais força lá. Então eu acho que nós (do Sul e Sudeste) nos preocupamos muito em trabalhar e produzir, e estamos ficando sub-representados. Porque as vezes eles (do Norte e Nordeste), que não têm tanto trabalho e tanta produção, têm mais tempo para poder ficar pleiteando e se organizando para poder se apropriar de alguns institutos — declarou Zema, no encontro.
Na sua manifestação, o governador de Minas também tratou de pontos que acredita ser as prioridades para o Brasil. Na avaliação de Zema, o foco precisa ser nas reformas tributária e administrativa pelo governo federal, e destacou as privatizações que fez no Estado mineiro como exemplo para o restante do país.
— Empresa estatal é muito claro: só serve como cabide de emprego, fornecer privilégios para alguns e ainda fazer investimentos desastrosos. Não há no setor público a visão de ser comedido com os investimentos. O Brasil precisa fazer as reformas porque nós temos de simplificar. Sei que os prefeitos têm apreensão de ter uma queda, mas nós, governadores do Sul e do Sudeste, já conversamos e estamos até dispostos a ter alguma queda. Nós sabemos que essa simplificação vai fazer a economia ficar dinâmica e crescer mais a frente. É ter uma redução de 5% no salário esse ano, ano que vem, e depois ter ganhos futuros. Talvez é um sacrifício que nós, que somos dos Estados que temos um pouco mais de condição, vamos ter de encarar — afirmou.
No dia 4 de abril, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais aprovou, em primeiro turno, projeto do próprio Zema que aumenta o salário do governador no Estado em 298%, ampliando de R$ 10.500 para R$ 41.845,49. O texto também valoriza a remuneração do vice e de secretários do governo. No seu Twitter, em 24 de março, Zema justificou os aumentos pois os vencimentos seriam "incompatíveis" com os cargos.
Apoio a pré-candidato caxiense
Além dos cerca de 30 empresários que participaram do encontro, estiveram ao lado do governador o deputado federal Marcel Van Hattem (Novo) e os vereadores de Caxias, Maurício Scalco e Ricardo Zanchin, também do partido Novo. O prefeito caxiense, Adiló Didomenico (PSDB), marcou presença, mas chegou durante a fala de Zema.
Quando pediu aos participantes que se unissem por uma participação mais efetiva na política, Romeu Zema fez um apelo para um voto consciente nas próximas eleições municipais, que ocorrem em 2024, e fez um gesto simbólico ao partidário Maurício Scalco, que é pré-candidato à prefeitura de Caxias do Sul, na presença de Adiló.
— Eu conto com os senhores aqui. Cada um pode fazer, elegendo bons vereadores, teremos eleição para prefeito aí ano que vem, vamos eleger um bom prefeito (neste momento, Zema faz gesto apontando em direção ao vereador Maurício Scalco), e com isso nós teremos aí um futuro melhor para o Brasil. Tudo começa na cidade. Governo do Estado é consequência do que acontece na cidade, e governo federal é consequência dos Estados. E vamos estar alertas, vamos estar aí acompanhando — pediu Zema.
Avaliação de Zema da política nacional
- Judiciário: "Realmente nós estamos vivendo um momento tenso, cabe a nós termos cuidado e trabalharmos unidos. Eu posso dizer que as instituições democráticas estão bem constituídas, acho pouco provável um golpe ou algo do tipo aqui. Mas há um ativismo do Judiciário muito grande, como se eles fossem os protetores da sociedade, e o setor produtivo, um bicho-papão. O Ministério Público do Trabalho pegou um caso excepcional e saiu na imprensa como se toda essa região (da Serra Gaúcha), que é uma das mais prósperas de todo o Brasil, tivesse fazendo o uso daquilo que era em um lugar (referindo-se ao trabalho análogo à escravidão)."
Essa taxa (de juros) está alta pelas bobagens que o presidente (Lula) está falando.
- Lula e Bolsonaro: "Acho que erramos nos últimos anos, apoiei o Jair Bolsonaro, mas já falamos para ele mesmo, tentamos fazer ele ficar menos agressivo na comunicação, que acabou prejudicando ele próprio. Não foi o Lula que ganhou a eleições, foi o nosso presidente que perdeu. Não se minimiza uma doença que tem gente morrendo, você pode até discordar de vacina, de tudo, mas se tem alguém morrendo temos que, no mínimo, ficar de boca calada. Mas é água passada, temos de olhar para frente e tomar cuidado. Precisávamos estar em Brasília para indicar mais ministros para o Supremo (Tribunal Federal), e não alguém que tem essa linha de ação. Mas estou otimista. Muita gente fala que o Brasil vai afundar, mas o país construiu, nos últimos 10 anos, vários mecanismos "anti-lambança", que não vão deixar um governo federal incompetente, mal-intencionado fazer grandes barbeiragens."
- Ações do governo Lula: "Precisamos de um Banco Central independente. Não vamos chegar lá igual à Dilma (Rousseff) e abaixar o juros na canetada e depois vira aquela bagunça que foi 2015, 2016. Melhor uma taxa de juros alta do que uma inflação da Argentina, isso aí nós sabemos. Ruim, a taxa de juros é, mas aquela inflação é pior. E essa taxa está alta pelas bobagens que o presidente (Lula) está falando. Marco do saneamento: fizemos um avanço extraordinário dois anos e meio atrás e agora, numa canetada, com uma Medida Provisória, ele (Lula) está querendo recuo. O teto de gastos, idem. Na (gestão) Dilma, foi aquela farra, aquela gastança, aí veio o teto de gastos, que serve para os prefeitos, para mim, para a União, limitando essas lambanças. Não vamos ter avanços (no Governo Lula), mas, na minha opinião, pouco provável que tenhamos grandes retrocessos."
O Eduardo Leite falou: "nós estamos juntos para apoiar um candidato de direita".
ROMEU ZEMA
Governador de Minas Gerais
- Eleições de 2026: "Não há um caminho fácil. Sabemos que nos próximos três anos e nove meses nós teremos o que está aí. E vamos ter que aguardar e já nos prepararmos desde já. Eu, com os governadores do Sul e do Sudeste, inclusive o Eduardo Leite, com quem estive antes de ontem (quinta-feira, dia 13) em Porto Alegre, ele mesmo falou: 'nós estamos juntos para apoiar um candidato de direita.' Então nós vamos ver quem é esse candidato, já ir construindo. Vamos reunir em Belo Horizonte os sete governadores das regiões Sul e Sudeste, dias 2 e 3 de junho. As duas regiões têm 55% da população brasileira, 70% da economia e quase 80% da arrecadação federal. Será que nós não temos força? Acho que está faltando união para nós. Mas as bancadas federais já vão começar a fazer um trabalho conjunto dos sete Estados, então vamos começar a nos unir."