Rumo ao terceiro mandato na Assembleia Legislativa (AL), Elton Weber (PSB) quer continuar dedicando-se às demandas da agricultura familiar — essa é uma bandeira reconhecida do parlamentar de Nova Petrópolis. Em entrevista ao Gaúcha Hoje desta segunda-feira (10), o deputado estadual reeleito fez um balanço do trabalho até agora e falou da necessidade de se destinar um percentual maior ao setor agrícola no orçamento do Estado.
— Não temos hoje, a nosso ver, um orçamento a contento com a necessidade do que precisa o nosso meio rural. Em torno de 1% do orçamento do Estado está destinado para a agricultura que, na minha opinião, pelo setor que representa, mais de 30% do PIB, é pouco. Esse vai ser um desafio que ainda não conseguimos vencer da forma como entendemos que deve ser — destacou.
Ouça a entrevista:
Colega de sigla de Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice-presidente na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva, Weber não quis dizer em quem votará no segundo turno para a Presidência da República. Preferiu não abrir o voto assim como fez no primeiro turno. O deputado, inclusive, atribuiu a redução na votação a sua posição neutra. Na primeira eleição, em 2014, o parlamentar conquistou 44.444 votos. Já em 2018, foram 55.645 votos. Neste pleito, de 2022, foram 35.465 votos.
Leia a entrevista:
O senhor sempre teve essa luta pela valorização da agricultura familiar gaúcha. Quais foram os principais avanços nesse tempo que o senhor atua como deputado e o que vem pela frente?
Acredito que avanços importantes foram, juntamente também com os deputados federais e os sindicatos, a Fetag (Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul), as entidades, a questão da manutenção da previdência para o meio rural. Quando teve a reforma da previdência, o meio rural ficou da forma como estava sem ter alterações na idade, mas, enfim, não houve mudança. Creio que algumas questões de políticas públicas que neste período se conseguiu manter algumas melhorias, mas continua o desafio para que a gente possa ampliar a questão de apoio e políticas públicas ao meio rural, especialmente no que diz a respeito a programas específicos como, por exemplo, a questão da irrigação e a reservação de água e um melhor preparo para a gente se prevenir contra a questão das estiagens que na Serra e no Estado, nos últimos dois anos, tivemos problemas muito fortes. Além disso, acredito que nós devemos avanços importantes também em relação a questão da valorização que nós trabalhamos sempre da agricultura familiar em espaços das agroindústrias familiares que acabaram também sendo mais prestigiadas, portanto, em todas as feiras que acontecem no estado este espaço está cada vez mais evidente. Não podia deixar de mencionar que nós conseguimos aprovar juntamente com os colegas deputados uma lei que regulamenta a função de bombeiros voluntários no Estado bem como também nós atuamos muito fortemente na questão da comissão de defesa do consumidor e do contribuinte, inclusive, aprovando uma lei que restringe a questão da importunação do telemarketing. Eu diria que são esses alguns temas e sempre estivemos à disposição e colaborando com os temas regionais, especialmente durante a covid, junto com deputados federais, e também a nossa atuação para buscar recursos para Caxias do Sul, para Nova Petrópolis e para tantos outros municípios na nossa região. Eu diria que foram algumas questões que se trabalhou e agora é trabalhar para frente com estes temas, olhando também muito fortemente a questão da infraestrutura e rodovias na nossa região, a questão da produção rural no que diz respeito à uva, ao vinho, à produção de hortifrutigranjeiros. Estive na Ceasa há poucos meses para ajudar a melhorar aquela estrutura. Nos foi apresentado um pré-projeto. Então, temas não vão faltar. Nós atuamos muito no nosso mandato até agora nesses dois períodos e vamos continuar fazendo isso a partir das demandas pontuais que surgem, que têm sido, talvez, o maior tempo por nós dedicado. Numa hora pode ser a seca, em um outro momento podem ser audiências que temos que marcar com secretarias de Estado para questões específicas, seja da agricultura, que é o nosso principal setor, mas também em outras áreas como educação, saúde, turismo, enfim, toda essa questão também que engloba o nosso trabalho.
O que ficou pendente e o senhor pretende se dedicar no novo mandato?
Nós batemos muito forte neste tema e vamos continuar fazendo isso, até porque em novembro vem o orçamento para o Estado que nós vamos ter que aprovar para 2023, e eu não me sinto contemplado porque no nosso Estado em torno de 1% do orçamento para a Secretaria da Agricultura do Estado, incluindo a Emater. Eu acredito que essa é uma questão que nós não conseguimos alcançar e precisamos avançar na questão orçamentária para ter mais apoio para o setor produtivo do meio rural. Não que os demais setores também não tenham necessidades. Mas eu acredito que menos de 1% menos do orçamento do Estado ser direcionado para o setor agropecuário no que diz respeito, principalmente aos programas do Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Pequenos Estabelecimentos Rurais (Feaper), programas de apoio para a própria irrigação, reservação de água, compra de equipamentos para uma agroindústria, apoio de uma cooperativa de agricultores, também aos próprios municípios, programa amplo de correção de solos, por exemplo. É isso que ouvimos durante a campanha e durante esse último mandato. Não conseguimos, não temos hoje, a nosso ver, um orçamento a contento com a necessidade que precisa o nosso meio rural. Em torno de 1% do orçamento do Estado está destinado para a agricultura que, na minha opinião, pelo setor que representa, mais de 30% do PIB, é pouco. Esse vai ser um desafio que ainda não conseguimos vencer da forma como entendemos que deve ser.
Qual a sua posição em relação ao segundo turno para a eleição a presidente?
O PSB em nível nacional definiu por uma coligação com o candidato Lula e eu respeito, embora eu seja da opinião, sempre fiz isso e vou continuar fazendo, eu vou votar olhando o perfil, o que a pessoa propõe, o que ela fez, como ela agiu e assim por diante. Então, eu espero que todas as pessoas exerçam o seu direito de voto e olhem para os candidatos. Afinal o voto é único, individual e secreto. E eu respeito a posição partidária, mas eu também tenho opinião específica para analisar os candidatos que se apresentam. Fiz isso no primeiro turno, farei no segundo turno e espero que todos usem o direito do voto e escolham a partir da sua consciência o melhor candidato para ser o presidente. A mesma coisa vale para o Estado. No segundo turno da mesma como fiz no primeiro turno. Sempre analisando o perfil do candidato independente das questões partidárias, como está sendo proposto aquilo que ele pretende fazer e os compromissos que assume e o seu perfil de sua vida inclusive daquilo que já exerceu e de quanto ajudou no período que esteve governando ou exercendo um mandato.
Nesse sentido, de quem é o seu voto nesse segundo turno deputado?
O meu voto eu vou definir de acordo com isto e vai ser definido no dia da eleição.
Ou seja, o senhor não vai abrir o voto?
Eu não vou abrir o voto. Não abri no primeiro turno, paguei caro por isto, inclusive com diminuição de votos, e também vou continuar com essa posição porque tem algumas questões específicas com as quais eu compactuo e outras não.
O que o senhor achou da composição da Assembleia?
Da mesma forma como em 2018, também houve uma renovação expressiva das pessoas que compõem a Assembleia Legislativa. Acredito que isso também é positivo. Eu sou favorável que de tempo em tempo haja renovação e, ao mesmo tempo, de que a nossa atuação, independente de quem vai ser o governador, eu creio que uma das grandes funções quando a gente defende um setor, uma pauta ou um segmento, é também conversar, dialogar com os colegas deputados para conseguir apoio a temas importantes que precisam ser encaminhados e votados. Acredito que uma das principais funções, sendo o único representante do PSB na AL, será tentar articular, convencer e dialogar com os colegas parlamentares. Isso que tentamos fazer também no primeiro e segundo mandatos para que temas que nós entendemos importantes possam avançar dentro da Assembleia. É desta forma que pretendemos dar continuidade, apresentando ideias, proposições. Certamente, com um grupo expressivo de novos colegas, vamos fazer esse trabalho. Da mesma forma, quando alguém me procurar para pedir apoio a algum projeto, estaremos dispostos a ouvir e colaborar.