Para acirrar a polêmica revelada na última semana de que o vereador Alexandre Bortoluz, o Bortola (PP), andava armado pelo Legislativo caxiense, na sexta-feira (19) ele e outros vereadores protocolaram projeto de resolução que pede mudanças no Código de Ética, com objetivo de permitir a entrada de vereadores portando arma na Câmara . O Pioneiro ouviu o vereador sobre os motivos que levaram o grupo a avançar com a proposta. Confira trechos da entrevista:
Pioneiro: O que motivou vocês a entrarem com esse projeto? Por que faz questão de ter direito de entrar na Câmara armado?
Bortoluz: Quando tu ganha uma autorização de porte de arma de fogo, no meu caso foi pra defesa pessoal, a gente entende que na Câmara não precisa. Só que eu, como responsável pela minha arma e pelo meu porte, olha o despreparo que seria se eu deixasse ela no carro. E se arrombam meu carro? E se levam a minha arma? É responsabilidade do portador. Tem outros vereadores que também entendem. Eu passei por avaliações e diversos processos até obter o porte de arma de fogo. Por que me foi conferido? Porque justifiquei a efetiva necessidade. Passei quatro anos coordenando operações no município, sofri diversas ameaças, passei um ano como diretor-geral de segurança pública, ano passado, também sofri ameaças. Então, assim, é um direito meu solicitar o porte de arma de fogo.
E essa mudança não abriria precedente perigoso de as pessoas circularem armadas dentro do Legislativo?
E quem te garante que não circulam? O Código de Ética ele só serve para o vereador, quem garante que não tem assessor e funcionário armado?
O senhor vai armado na Câmara todos os dias?
Na Câmara alguns dias eu fui, por isso não menti.
O senhor fala da responsabilidade em deixar a arma no carro, mas se o projeto for aprovado, ainda assim, ficaria proibido de portar arma no plenário. Onde o senhor a deixaria nesse caso?
Aí eu estou propondo, pelo menos à presidência da Casa, que eu possa colocar um cofre dentro do meu gabinete que só eu tenha acesso.
E o senhor pretende continuar indo armado depois de toda essa polêmica?
Tive uma conversa com presidente da Câmara hoje (segunda-feira) e eu disse pra ele que não estou indo mais armado desde sexta-feira, quando gerou toda aquela polêmica.
O senhor leu o Código de Ética?
Como eu já falei, eu desconhecia o Código de Ética, como a maioria dos vereadores. O único documento que pelo menos eu achava que tinha era o Regimento Interno, tanto é que no regimento não falava nada sobre isso. E o Código de Ética está bem defasado, a gente está falando de 21 anos atrás. De antes do Estatuto do Desarmamento.