Em 2020, Wagner Petrini (PSB), o Muleke, elegeu-se pela primeira vez como vereador titular na Câmara de Vereadores de Caxias. O envolvimento dele com a política, no entanto, já conta mais de 10 anos. Começou de forma indireta em 2008, ajudando na campanha do pai de uma amiga, então candidato ao Legislativo. Em seguida, foi convidado por Gladis Frizzo (MDB) para compor chapa para concorrer à Associação dos Moradores do Desvio Rizzo. Acabaram sendo eleitos, Gladis como presidente e Petrini vice. Foi também Gladis a responsável por apresentar Muleke à política partidária. Na época, ela era filiada ao PSB e o introduziu à convivência do partido. Muleke filiou-se em 2009, ajudou na campanha de 2010 e candidatou-se em 2012 pela primeira vez. Acabou não se elegendo, mas fez 1.005 votos, tendo como base um eleitorado jovem e, especialmente, entusiastas do automobilismo, principal bandeira que defende desde sempre.
Em 2016, Muleke concorreu novamente, não se elegeu, mas ficou na primeira suplência do partido. Acabou assumindo a vaga na Câmara em duas ocasiões: por seis meses em 2018, quando o titular Elói Frizzo (PSB) foi trabalhar no governo de José Ivo Sartori (MDB) no Estado, e em 2020, por quase um ano, quando Frizzo foi para a vice-prefeitura de Caxias.
Já em 2020, Muleke concorreu novamente e fez 14 votos a mais do que em 2016 — 1.714 contra 1,7 mil. Mas o suficiente para assumir uma das vagas no Legislativo.
Paralelamente à política, Petrini é promotor de eventos, especialmente de encontros automotivos. Também administra um balneário e é sócio de uma casa noturna. A experiência como empresário e especialmente o envolvimento com o setor do automobilismo não só se constituiu como seu nicho eleitoral, como também estabeleceu compromisso com os segmentos. Sua principal proposta no mandato é contribuir para a criação de uma pista de automobilismo na cidade:
— Setor automotivo é discriminado, mas Caxias do Sul é uma cidade onde tem como base o setor metalmecânico, então se consegue desenvolver um carro do começo ao fim. É muito forte na questão da mecânica, autopeças, mas não tem lugar onde essas pessoas pratiquem uma arrancada, um encontro automotivo, uma competição.
O estímulo à atividade, segundo ele, impulsionaria efeito em cadeia para a economia local:
— Pessoal de Caxias sai tudo pra fora, e o que o pessoal não entende é que um centro automotivo traz economia, traz gente de fora e isso gera arrecadação para o município. Mas fala do setor automotivo, eventos, pessoal é contra — afirma.
Wagner Petrini forma bancada na Câmara com os colegas Gilfredo De Camillis (PSB) e Zé Dambrós (PSB).
"Moleque" só no apelido
Wagner Petrini relata que o apelido de Muleke foi dado pelo seu pai, logo que nasceu. A alcunha pegou rápido entre a família e amigos, no bairro e na escola. No entanto, ao se tornar figura pública, ele conta que tentará evitar o apelido, justamente para não permitir qualquer associação pejorativa do termo com sua eventual atuação parlamentar.
— Quando está só no teu ciclo, pessoas que você conhece, é bem tranquilo, gosto do apelido tenho orgulho dele, mas quando se começa a trabalhar na vida pública, dá esse problema. Até para pedir voto era estranho. Agora que me tornei pessoa pública e, para atingir pessoas que não me conhecem, eu vou começar a usar mais o Wagner — explica.
E para o futuro, Petrini não economiza nas ambições, embora diga que tudo tem seu ritmo:
— Respeitando as pessoas que estão na frente, devargazinho, um dia quero dar passos maiores, quero ser deputado e lá na frente quero ser prefeito.
Nem Lula, nem Bolsonaro
Assumindo em um cenário de inevitável disputa e polarização ideológica, Petrini diz que busca mais o "meio termo". Embora seu partido seja uma das frentes opositoras de Jair Bolsonaro (sem partido) em nível nacional, o parlamentar prefere o centro.
— Sou de um partido de esquerda, mas me considero mais de centro, sou centro-esquerda, mas me considero mais centro. O pessoal "grenalizou" a política, tem de saber dosar.
Para ilustrar, ele nega simpatia pelos dois principais símbolos da polarização política nacional:
— As pessoas pensam que se você não é Bolsonaro é Lula, ou vice-versa. Eu não, por isso gosto do meio-termo, não sou nem Lula e nem Bolsonaro, preciso de uma alternativa no meio desses caras. Pra mim o Lula não é legal e o Bolsonaro não é legal, mas eu tenho de apoiar as ações boas dos caras. Como ideologia, nós precisamos de um cara centro, não podemos ter um Bolsonaro e nem um Lula.
A sua experiência como pai — a filha chama-se Isis, de um mês —, ele avalia que pode contribuir para sua própria imagem como vereador e destaca que pode surgir também a bandeira "família" em sua atuação, o que é geralmente associado a parlamentares de postura mais conservadora.
— Não podemos negar que um parlamentar casado, com filha, com uma família, ganha um pouco mais de respeito. Também consegue trazer assuntos que visem à família, que é o que precisamos fazer, acreditar na família — comenta Petrini.
Quem é
- Perfil: 35 anos anos, natural de Caxias. Sempre morou no bairro Desvio Rizzo. É formado em Gestão Pública e cursa pós-graduação em Liderança e Coaching. É promotor de eventos, especialmente de encontros automotivos. Também administra um balneário e é sócio de uma casa noturna.
- Trajetória: foi assessor político do deputado estadual Catarina Paladini (PSB) em 2017. Candidatou-se a vereador em 2012 e 2016, e nessa última ficou na 1ª suplência do PSB, com 1.700 votos. Já foi vice-presidente da Associação de Moradores do Bairro Desvio Rizzo (2010-2011); assessor da Coordenadoria da Juventude na Secretaria de Segurança Pública e Proteção Social (2013-2016); presidiu as juventudes partidárias estadual (2015-2016) e municipal (2013-2014) do PSB. De junho a dezembro de 2018, tomou posse como vereador, permanecendo na função durante licença do então parlamentar Elói Frizzo (PSB). Também assumiu vaga no partido após Frizzo ser empossado vice-prefeito de Caxias, em 2020.
- Referências: Adriano Boff, presidente do PSB de Caxias do Sul: "Respeito muito ele, falo com ele das minhas decisões, confio nele e, sempre que vou tomar uma decisão polêmica, procuro falar com ele." Também cita Beto Albuquerque.
- Pessoal: Gosta de estar com amigos, jogar futebol, baralho e pescaria. É gremista. Casado com Josiele Varela Petrini, com quem tem uma filha, Isis, de um mês.
PROPOSTAS
Wagner Petrini cita as propostas que deve dar prioridade em seu mandato:
Automobilismo
"Estou focado bastante na questão do automobilismo. Eu tenho como meta, e devo às pessoas que acreditaram em um, a criação de uma pista de arrancada em Caxias do Sul. Para podermos desenvolver eventos e eles tragam turismo e gerem lucro para a cidade."
Esporte amador
"O que mais precisamos incentivar no esporte em Caxias é o futebol amador, precisamos tocar alguma coisa nessa área."
Eventos
"Temos de valorizar a cultura e os eventos, os artistas. Em nível de projeto, já tem muito projeto, isso engessa a cidade, precisamos usar os espaços públicos que temos, Festa da Uva, Ecoparque, Lago do Rizzo... Precisamos usar esses espaços."
Social
"Quero criar o Instituto Beneficente da Molecada junto com meus amigos. Criar ações no turno inverso nas escolas, escolinha de futebol, artes marciais... Esporte é educação e saúde. Não sei se a gente consegue fazer isso a nível público, temos que estudar isso ainda..."