Alexandre Bortoluz (PP), o Bortola, é um dos 10 estreantes na Câmara de Vereadores de Caxias nesta legislatura. Não é, entretanto, a primeira vez que ele desempenhará a função. Isso porque, quando ainda prestava o Ensino Médio, Bortola foi um dos participantes do projeto Vereador Por um Dia, que seleciona estudantes para simular a experiência de um dia de sessão legislativa. O momento acabou sendo divisor de águas no futuro de Bortola.
— Estudei a vida inteira no Carmo e comecei a minha movimentação política por aí, concorrendo ao grêmio estudantil, fui vice-presidente e na época o presidente não quis participar do evento na Câmara, que era o Vereador por um dia, e então eu fui convidado. A partir daí, se tornou mais acentuado o meu interesse pela política — relata.
A política, no entanto, já era "de sangue": o avô de Bortola, Ruy Borges Prestes, foi vereador suplente em Caxias na década de 60. O que a experiência de ser vereador por um dia, portanto, fez ressaltar foi a certeza que o jovem Bortola, na época, já se direcionava.
Tampouco o progressista ingressará na rotina parlamentar desconhecendo os meandros da função, uma vez que, ao assumir o desejo de se tornar vereador, Bortoluz começou ainda naquela época a frequentar a Câmara de Vereadores:
— Comecei a visitar alguns vereadores, Getúlio Demori, Francisco Spiandorello. Na realidade, quando participei do Vereador por um dia, eu me propus a vir pelo menos uma vez por semana (na Câmara), geralmente nas quartas de noite, até para aprender a conviver neste ambiente — revela.
Antes de ser eleito vereador, Bortola foi estagiário na fiscalização da Secretaria Municipal de Urbanismo, depois foi assessor de gabinete e coordenador de operações no governo de Alceu Barbosa Velho (PDT), em 2018 foi nomeado para o Estado, onde trabalhou no assessoramento dentro da Secretaria de Segurança Pública do RS. Em 2020, foi diretor-geral da Secretaria Municipal de Segurança Pública e Proteção Social e coordenador municipal da Defesa Civil. Em razão da experiência na área, define a segurança pública como sua principal bandeira.
— Na escolha das comissões, nós queríamos que as comissões fossem escolhidas pela afinidade, pela experiência e competência de cada vereador em cada área, e justamente, eu me considero o vereador mais próximo da segurança pública, que trabalhou diretamente com isso e lado a lado com o efetivo.
Bortola foi eleito com 1.316 votos na terceira vez que concorreu ao cargo. Ele é o único parlamentar do Progressistas, o PP, a ocupar uma vaga no Legislativo.
Interlocutor da população
Bortola afirma que o interesse em ajudar a população e auxiliar órgãos públicos foi o que o motivou a ingressar na atividade política.
— Eu sempre gostei de auxiliar as pessoas, órgãos, entidades, independente de qualquer coisa, e agente começa a perceber que, participando da política, podemos contribuir muito mais — defende.
O diferencial, segundo ele, na atribuição de vereador é ter a prerrogativa de ser interlocutor das demandas sociais junto à prefeitura:
— Sendo vereador, a gente pode ser um elo da população com o Executivo, a gente leva as demandas ao Executivo, e conseguimos contemplar a maior parte da população que, às vezes, vai direto ao Executivo e não é essa, muitas vezes, a forma mais acessível. Nós, como vereadores, podemos ter maior proximidade com a população.
Contra o PT... no campo das ideias
Alexandre Bortoluz se assume como um político de direita — "desde pequeno", segundo ele. Admite também alinhamento com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e, naturalmente, oposição às ideias do PT. Quando questionado da possibilidade de integrar a sugerida frente anti-PT pelo vereador Mauricio Marcon (Novo), entretanto, Bortola afirma não ter qualquer antipatia pelos colegas petistas na Câmara.
— Ideologicamente, sou contra o PT, contra as ideias e tudo que fizeram ao nosso país, mas não tenho nada contra as pessoas que estão dentro da Câmara de Vereadores, pois eles foram eleitos democraticamente. Tenho relacionamento de respeito dentro da Casa e acho que o debate fica no âmbito das ideias, essa "rivalidade" política fica no âmbito das ideias — declara.
Apesar de integrar sozinho a bancada do Progressistas, Bortola cita proximidade com os vereadores Adriano Bressan (PTB), Sandro Fantinel (Patriota), Juliano Valim (PSD), Mauricio Marcon (Novo), Maurício Scalco (Novo) e Ricardo Daneluz (PDT).
Quem é
Perfil: 29 anos, natural de Caxias. Morador do Centro. Formado em Relações Internacionais e Direito pela FSG.
- Trajetória: foi estagiário na Fiscalização da Secretaria de Urbanismo, depois disso foi chamado no Governo Alceu para atuar na Secretaria de Urbanismo diretamente nas operações noturnas e de fiscalização do comércio ambulante. Na pasta, foi assessor de gabinete e depois coordenador de operações. Em 2018, foi nomeado para o Estado, era lotado na Casa Civil e designado para um grupo setorial de assessoramento dentro da Secretaria de Segurança Pública do Estado. No governo de Flávio Cassina (PTB), foi diretor-geral da Secretaria Municipal de Segurança Pública e Proteção Social e coordenador municipal da Defesa Civil.
- Referências: Winston Churchill, Luis Carlos Heinze e Jair Bolsonaro
- Pessoal: define-se como workaholic (viciado em trabalho), mas cita que gosta de visitar amigos e fazer exercícios físicos e leitura.
PROPOSTAS
Alexandre Bortoluz cita os projetos que pretende priorizar durante o seu mandato:
SEGURANÇA
"Somos um município que está muito atrasado na questão do cercamento eletrônico, há diversos municípios menores que já têm e Caxias está estagnada, não correu atrás do governo do Estado para conseguir tirar do papel. Também queremos trazer mais efetivo, tanto da Brigada Militar, Polícia Civil e principalmente da Guarda Municipal,. É de urgência que precisamos prestar atenção nessa questão em Caxias."
EDUCAÇÃO
"Estamos focando na questão das escolas cívico-militares e do Colégio Tiradentes, que é da própria Brigada Militar, e existe um decreto desde 2010 do governo do Estado autorizando a criação dele em Caxias do Sul, mas ninguém se movimentou politicamente para que isso ocorresse desde 2010. E as escolas cívico-militares, fomos até Porto Alegre buscar mais informações, pois sabemos que o governo federal disponibilizou verba em Caxias para que isso ocorresse, e a possibilidade seria implantar no colégio do Desvio Rizzo, o (Escola Estadual) Alexandre Zattera. Precisamos saber onde parou, por que parou, o que está acontecendo, para que consigamos tirar do papel."
ECONOMIA
"Desburocratizar nosso município, há legislações que atrasam e podemos simplificar, tomando como exemplo não só leis do Rio Grande do Sul, mas de outros Estados do nosso país. O que eu mais escutei durante a campanha foi reclamação da morosidade do poder público, é muita documentação, muita burocracia, o tempo de espera para conseguir as coisas é muito grande, e temos de facilitar".