Após a diplomação, Adiló Didomenico falou com a imprensa sobre perspectivas de anúncio do secretariado e os desafios que deve encontrar em sua gestão. Confira a entrevista:
O senhor reconheceu que será um ano de dificuldade. Acredita então que a solução será realizar trabalho em conjunto com os vereadores?
Sabíamos que o desafio era muito grande e a população entendeu essa nossa mensagem e o que queremos. Além de agradecer a confiança da população, reiteramos a necessidade de diálogo, entrosamento e harmonia entre os diversos poderes, tanto Legislativo, quanto Judiciário, Ministério Público e Executivo. Caxias vive talvez o seu pior momento nos 50 anos que eu resido aqui e vai exigir de nós muita renúncia, muita dedicação, muita tolerância, para que a gente possa, junto com a Câmara de Vereadores e com a sociedade, construir as soluções que a sociedade espera de nós. Momento difícil, de grande crise, mas também é o momento onde se encontra disposição e ambiente para se fazer grandes transformações. Vai depender muito de nós, Executivo, Legislativo e sociedade. Cada um vai ter de ceder um pouquinho e construir uma solução que seja do interesse coletivo, público e olhando para frente. Caxias perdeu muito espaço, muitos empregos, perdeu protagonismo regional em várias áreas. Precisamos desenvolver a economia, recuperar a oportunidade. Eu sou fruto de um tempo que a cidade estendeu os braços para nós, vim atraído por oportunidade de emprego e hoje me preocupa muito Caxias não dando essa oportunidade.
O senhor falou que a Caxias vive um dos piores momentos, isso foi também com base com o que foi passado na transição?
Caxias vive um momento difícil econômico, de orçamento em baixa, despesa crescente e orçamento insuficiente para vencer as despesas rotineiras. E ainda tem uma pandemia que ao invés de mostrar sinais de recuo tem se mostrado muito agressiva. Pior de tudo, a nossa capacidade de atendimento para covid está no limite. Por outro lado, não podemos descuidar da vida econômica da cidade. Estamos diante de um cenário adverso, mas que vamos procurar solucionar através do diálogo, do entendimento, da paciência.
Na próxima terça o senhor anuncia parte da equipe que vai trabalhar com o senhor. Quais são as principais dificuldades que enfrenta para chegar aos nomes?
Vamos ter a felicidade de encontrar pessoas que entendem o momento e vão se abraçar conosco numa causa, porque, se olhar o momento, é desafiador aceitar convite de ser secretário. Por outro lado, é um momento de entrega e a sociedade espera isso de nós. Portanto, vamos procurar construir uma equipe coesa, que tenha essa unidade de pensamento e esperamos até terça-feira anunciar toda a equipe. Senão, vamos anunciar aquilo que já tivermos, até para que essas pessoas possam em suas respectivas pastas fazer a transição. Estamos diante de um momento ímpar, com pouco tempo, é quase como trocar o pneu de um carro andando.
De que forma esse processo está sendo feito? São feitas entrevistas? Quantas pessoas foram pré-selecionadas?
Nós iniciamos ontem (quinta-feira) junto com a vereadora Paula (Ioris, vice-prefeita eleita), já tivemos uma boa conversa com os cinco presidentes dos partidos (PSDB, PTB, Solidariedade, PROS, PSC) que nos apoiaram desde o primeiro momento, com os vereadores eleitos dentro da nossa base, que são seis vereadores dentro da coligação. A partir de quinta já iniciamos essas entrevistas, amanhã (sábado) e na próxima segunda-feira pretendemos concluir e aí sim na terça-feira anunciar os nomes.
Perfil mais técnico ou político dos secretários?
Os dois, tem pastas que exigem questões técnicas e outras um perfil mais político. Não adianta a gente imaginar que a política pode estar dissociada, tem pastas que têm de ter viés político para estar disponível para se relacionar com a comunidade e tem áreas que requer conhecimento e técnica.
O senhor já tem alguns nomes definidos? Do total, quantos já estão definidos?
De cabeça nem saberia dizer, mas já fizemos algumas entrevistas, evidente que depois vem a parte de nós nos recolhermos junto com a vice-prefeita e decidir e comunicar as pessoas. Por enquanto não vamos fazer especulação para não ser deselegante com um ou outro meio de comunicação. Mas terça-feira anunciamos, só estamos esperando definir a bandeira para definir o local.
Quais as pastas prioritárias para se definir com antecedência?
Todas são importantes, mas têm algumas com calendário apertando. A educação, por exemplo, o calendário aperta, já tem inscrição em andamento, então se corre contra o relógio. A saúde está aí o drama que a cidade está vivendo. Mas nós, felizmente, estamos contando com a disposição e boa vontade do secretário (da Saúde) Jorge (Olavo Hahn de Castro) e toda a sua equipe, que tem de ser enaltecido, enfrentando com se fosse o primeiro dia de governo deles. E se colocando à disposição, inclusive para nos ajudar mês de janeiro adentro.
Ele pode continuar, portanto?
Não temos essa definição ainda.
Parte do secretariado pode ser formado por quem já teve experiência prévia na administração?
É possível que se aproveite algum nome.
A situação da prefeitura é pior do que o senhor imaginava?
Em algumas áreas é melhor. Mas a questão da saúde está no pior momento, não a gestão, mas o cenário. E as finanças do município, evidentemente. O município já vinha com dificuldade no final de 2019, agora está claro para todo mundo que o município teve queda de arrecadação e um aumento gradual de despesa fora de qualquer previsão.
A vice-prefeita pode assumir alguma secretaria?
A vice-prefeita em princípio fará o papel de interlocutora entre as diversas secretarias até pela sua especialidade e capacidade de escuta. Será uma peça importante no futuro governo, me dando esse apoio de retaguarda e fazendo complemento à nossa atividade. Eu sou mais uma pessoa de rua e ela tem mais esse perfil de gabinete, de conversa.
Nem a segurança, que foi sempre uma das bandeiras dela?
Evidentemente que ela vai continuar participando da segurança porque ela conhece e é uma das causas que trouxe ela para a política, mas não como titular de alguma pasta.
Há autorização de os municípios adquirirem as vacinas por conta própria. É uma possibilidade de Caxias assumir esse papel?
É uma possibilidade. Se a vacina tiver disponibilidade e não tiver no programa oficial do governo e tivermos condições de adquirir, nós vamos adquirir. Para isso, inclusive, nós já estamos conversando com o senador (Luis Carlos) Heinze (PP) e tem uma rubrica disponível para Caxias do Sul na ordem de R$ 47 milhões e nós não vamos hesitar de lançar mão disso. Agora, evidentemente que se o governo federal anunciar um programa oficial, que seria o correto, nós vamos evitar lançar mão desses recursos. Mas em primeiro lugar a saúde e a vida das pessoas.