Pepe Vargas (PT), que chegou ao segundo turno depois de ter sido o candidato no topo da lista de votos em Caxias, disse em entrevista à Gaúcha Serra nesta sexta-feira (27), que, se eleito no próximo domingo (29), pretende chegar a 2024 com uma cidade mais atrativa para empreendedores, com melhor qualidade da saúde pública e vagas na educação básica obrigatória para todos. Afirmou ainda que trabalhará para erradicar a fome no município, além de gerar emprego e renda. Um dos focos para esta segunda promessa é instalar o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) na cidade, que, na visão dele, ajudará a melhorar a mobilidade e poderá servir de exemplo para outros municípios. Como Caxias tem uma empresa que faz o VLT, o petista aponta que isso poderá movimentar a economia local.
Pepe também prometeu garantir o apoio à área da cultura e do esporte na cidade, reforçou o trabalho que fez quando prefeito e afirmou que governará com o apoio da sociedade civil organizada, além de garantir mecanismos para que a população seja ouvida sobre investimentos a serem feitos. O petista comentou ainda a reta final da campanha. Confira a entrevista na íntegra:
Essa reta final, candidato: o que foi feito e o que ainda será feito até amanhã? O seu olhar diante dessa realidade de segundo turno.
Desde o primeiro turno, estamos apresentando proposta para retornar o papel que Caxias sempre teve de ser uma cidade que cumpre um papel importante no contexto estadual, nacional, na região também. Infelizmente, nossa cidade, nos últimos tempos, andou para trás. Nós tivermos empresas que deixaram de se estabelecer aqui, que foram embora. Tem sido uma burocracia muito grande na prefeitura para qualquer empreendedor que queira fazer um empreendimento. Isso afasta os empreendimentos. E também uma significativa queda na prestação de serviços públicos, principalmente na saúde, mas também na educação, onde não se garantem as vagas da Educação Infantil. Nós estamos apresentando propostas para superar isso. Eu e o Cláudio Libardi, nosso candidato a vice, temos dito que queremos levar Caxias para frente, priorizando a saúde e a geração de trabalho e renda. Estamos apresentando essas propostas. Eu já fui prefeito da cidade durante oito anos, um prefeito que, nas avaliações da época, foi bem avaliado. Na campanha, eu escuto isso das pessoas dizendo “olha tu foi o prefeito que mais fez pela saúde”. Eu lamento que hoje a saúde esteja na situação que está, onde sequer medicamentos básicos são garantidos às pessoas nas unidades básicas de saúde, filas para consultas e longas filas de espera de mais de anos para conseguir uma consulta especializada. Os nossos adversários, na última semana, intensificaram muitos os ataques.
O que mudou na campanha do primeiro para o segundo turno?
O que eu vejo de diferente é que os nossos adversários, o nosso oponente, começou a nos atacar nas redes sociais, na televisão. Tem um conjunto muito grande de fake news rolando por aí, dizendo inverdades, de pessoas ligadas a ele, obviamente, porque quem mandaria essas coisas? Mas também na televisão, assinatura dele. Qual é o debate real que está colocado hoje na cidade? O Pepe é uma boa pessoa, o Pepe foi um bom prefeito, ele é um cara que não tem nada contra ele, mas não dá porque ele é do PT, porque o PT tem pessoas que estão respondendo a processos, acusações de terem cometido irregularidades. Bom, mas o partido do meu oponente também. O PSDB, que é o partido dele, tem várias lideranças nacionais deles que respondem aos mesmos tipos de processos. Eu espero que a população caxiense analise as questões desprovida de qualquer tipo de preconceito, porque se tem um partido que tem gente que responde a processos, o outro partido também tem gente que responde a processos. Eu e o Adiló não respondemos a processo nenhum. Não tenho problema nenhum em dizer isso. Acho que o fato de ele não responder a nenhum processo e eu não responder a nenhum processo, e nunca tivemos nenhuma condenação e temos uma vida pública limpa, é bom para Caxias. Nós temos que discutir as questões políticas que levam ao debate no momento atual. O que a gente tem dito? Nos últimos 16 anos, o grupo político que apoia o Adiló ficou 13 anos na prefeitura e, na última eleição, eles perderam para o Daniel Guerra, porque a população estava cansada daquele jeito de governar. O jeito de governar que botou um monte de partido para dentro da administração, dobraram o número de cargo de confiança e os problemas foram se avolumando, se avolumando. Aí perderam a eleição, aí, como ficaram afastados do poder, derrubaram o (ex-prefeito Daniel) Guerra e voltaram para a prefeitura e os problemas continuam se avolumando. Na saúde, se avolumaram muito neste ano não só por causa da pandemia, porque a pandemia permitiu que houvesse um acréscimo recursos de mais de R$ 70 milhões para a prefeitura do auxílio emergencial. Mas o que está acontecendo na saúde que não acontecia, por exemplo, algum tempo atrás? Essa falta de planejamento, de as pessoas irem na unidade básica de saúde, pacientes que usam medicamento de uso contínuo, que obviamente as equipes informam que precisam desses medicamentos e a prefeitura sequer é capaz de fazer a compra de medicamentos para manter os estoques. Então, é isso que está acontecendo hoje. Então, nós estamos dizendo o seguinte: a população tem a possibilidade de fazer uma escolha nesse domingo. Ou mantém o grupo político que nos últimos 16 anos ficou 13 anos na prefeitura e tem as suas responsabilidades da nossa cidade ter chegado ao ponto que chegou ou opta por uma renovação, por colocar como prefeito da cidade alguém que já mostrou que sabe governar e já fez um bom governo. Esse é o debate real que está acontecendo hoje, independente das propostas que estão sendo apresentadas.
O senhor terá dificuldade de buscar recursos diante de uma pré-análise de que o candidato que o senhor concorre hoje teria acesso mais fácil ao presidente Jair Bolsonaro que o PT de Luiz Inácio Lula da Silva?
Com todo respeito, essa é argumentação profundamente frágil. É uma argumentação maniqueísta. Primeiro, que a ampla maioria da população não é de direita, não é de esquerda, não é de centro. As pessoas não têm partido político. O número de pessoas que têm partido político de preferência é pequeníssimo. Eu não quero acreditar que nossos adversários digam que nós temos um presidente que discrimina a população por conta de quem é prefeito ou não. Quando nós estávamos no governo federal, os prefeitos aqui não eram apoiadores do nosso governo. E olha que nós fizemos muito por Caxias. A barragem Marrecas tem dinheiro federal, os corredores de ônibus têm dinheiro federal, todos os empreendimentos Minha Casa Minha Vida têm dinheiro do governo federal. Nós fizemos programas, inclusive quando eu era ministro do Desenvolvimento Agrário, que permitiram que o governo federal fizesse compras públicas que geraram milhares de emprego em Caxias do Sul. Os programas que eu coordenei geraram empregos na Randon, porque nós compramos máquinas retroescavadeiras para entregar em municípios que têm produção agrícola para melhoria de estradas vicinais. O Caminho na Escola comprou milhares de ônibus na Marcopolo, na San Marino, para doar às prefeituras. Os programas de financiamento para o setor rural permitiram que várias empresas de Caxias vendessem máquinas e equipamentos agrícolas. Nós vamos governar com a comunidade junto conosco. Quando tiver uma reivindicação para o governo federal, vamos pegar as forças vivas da nossa comunidade, a Câmara de Indústria, Comércio e Serviços, as entidades de trabalhadores, a Câmara de Vereadores, e vamos reivindicar enquanto comunidade. Então, é essa que é a questão. Esse tipo de discurso manipulatório, que nossos adversários pretendem fazer não bate com a realidade. Eu fui governo de oposição ao governo Fernando Henrique Cardoso e nem por isso deixamos de governar, e governamos muito bem por sinal.
Nesse contexto partidário de apoio e oposição, falamos de governo federal e agora Câmara de Vereadores. No primeiro turno, não sabíamos a composição. Agora, sabemos que, se o senhor for eleito, o senhor terá quatro vereadores da coligação - três do PT e um do PCdoB. Como o senhor pretende governar com esse apoio, mas também no sentido de outros partidos que estão manifestando apoio agora ao segundo turno? O senhor espera, por exemplo, um apoio do PDT? Que outras siglas o senhor espera apoio?
Fui prefeito por oito anos e nunca tive maioria de vereadores do meu partido na Câmara Municipal, mas sempre fui um prefeito que recebeu todos os setores da sociedade: os empresários, os trabalhadores, as entidades assistenciais. Tínhamos um diálogo com a Câmara de Vereadores extremamente respeitoso e governei oito anos sem nenhum conflito com a Câmara de Vereadores. Óbvio que divergências são normais, eventualmente algum projeto de lei, algum vereador é contra, outro é a favor. Nós vamos ter um diálogo respeitoso com a Câmara de Vereadores. Eu tenho certeza que os vereadores eleitos vão olhar o que é bom para Caxias. Se nós apresentarmos boas propostas para Caxias, a Câmara de Vereadores vai votar favorável. Vamos pegar exemplo concretos: fui eu que criei, na minha gestão, no nosso governo, que foi criada a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, que foi dada a autorização para a prefeitura participar e criar a instituição comunitária de crédito, para aportar os recursos para a criação da agência de garantia de crédito, para garantir que a prefeitura participasse da parceria com o Simecs (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico) para colocar a autotrônica na universidade, e tantas outras coisas que precisavam da autorização legislativa nós encaminhamos, a Câmara Municipal de Vereadores aprovou. Nós temos dito na campanha que vamos criar um programa para a atração de empresas. Para micro e pequenas empresas, nós vamos isentar do pagamento de tributos e taxas municipais no primeiro ano de funcionamento. Para empresas que não são tributadas pelo Simples, nós estamos dizendo que vamos devolver parte do ICMS quando elas se instalarem em Caxias. Para isso, eu terei que mandar um projeto para a Câmara de Vereadores para pedir autorização. Eu tenho certeza que nenhum vereador votará contra, poderá apresentar alguma proposta e isso a gente sempre teve capacidade de fazer. Não acredito que será diferente agora.
O senhor diz que Caxias tem andado para trás. Mas especificamente do Republicanos, do ex-prefeito Daniel Guerra. Esse apoio seria bem-vindo na Câmara, na administração ou nesse segundo turno?
Quando nós estivermos na prefeitura, nós não vamos ter preconceito nenhum para conversar com partidos com representação na Câmara de Vereadores, e até com os que não têm representação na Câmara de Vereadores, porque os partidos são instituições da sociedade. Qualquer dirigente partidário que quiser falar comigo como prefeito, eu receberei lá prefeitura. Se quiserem apresentar alguma sugestão, nós estaremos permanentemente abertos. O mesmo acontecerá com os partidos com representação na Câmara. Eu, inclusive, tenho dito nesse segundo turno que as melhores propostas dos demais candidatos que não foram ao segundo turno e do próprio oponente que está no segundo turno, eu não terei problema nenhum em incorporar ao nosso plano de ação de governo, coisas que eventualmente sejam positivas para a nossa cidade. Nós precisamos, depois da eleição, unificar a nossa cidade
Nomeação de um candidato de outro partido que não seja da coligação, por exemplo?
Nós não discutimos nem entre nós, os três partidos, a formação de governo. Fizemos uma aliança programática. Temos um plano de governo, inclusive está publicado. Se alguém quiser acessar na íntegra nosso plano de governo, é só acessar no nosso site www.pepevargas.com.br. Foi isso que PT, PCdoB e Psol fizeram. Nós não discutimos absolutamente nada. Quando eu fui candidato em 96, nosso adversários diziam que nós não teríamos gente com capacidade, com experiência para governar, para montar um secretariado. A gente provou o contrário em oito anos de governo. Nós montaremos um governo com secretários que tenham conhecimento na área em que atuam para fazer um excelente governo. É esse nosso objetivo. Então, não estamos discutindo nem entre nós, nem com outros partidos essas questões.
O senhor já foi prefeito, a ideia é resgatar outros secretários de outras gestões. O que o senhor pensa para essa futura gestão?
Não temos nenhuma discussão nesse momento para formação de governo, ninguém está convidado. Essa vai ser uma discussão posterior. Não existe discussão de formação de governo antes de acabar a eleição. O que eu estou dizendo é que, quando nós fomos governo, tivemos secretários competentes. Fizemos um governo que acabou sua gestão com 92% de avaliação (positiva). Nós vamos montar o nosso governo com gente capacitada, técnica. É só o pessoal ler o nosso plano de governo que as pessoas vão ver que ali tem substância. Por quê? Porque tiveram várias pessoas com conhecimentos nas áreas que participaram da elaboração do programa de governo. Nós vamos resgatar coisas que nos últimos anos ficaram colocadas em um plano bastante secundário. Quem criou o Fundo de Financiamento à Arte e à Cultura fomos nós, e hoje ele está esgualepado, como se fala no jargão popular. E ainda tenho que ficar ouvindo fake news que, se eu for prefeito, vou fechar o fundo de apoio ao esporte, o Fiesporte, que também foi criado quando eu era governo. Fomos nós que criamos esse fundo, fomos nós que criamos a Secretaria do Esporte e Lazer, fomos nós que criamos a Secretaria da Cultura, foi o nosso governo que criou esses instrumentos de fomento, de apoio à arte, ao esporte, à cultura, ao lazer. Infelizmente, nos últimos anos os governos foram esvaziando, esvaziando, esvaziando, até chegarmos ao ponto agora de a Secretaria da Cultura fazer um edital para distribuição dos recursos da Lei Aldir Blanc para os artistas que se encontram em uma dificuldade extrema porque não conseguiram se apresentar ao longo do ano em função de pandemia, e fazem um edital extremamente burocrático que leva que em torno de R$ 1,7 milhões não sejam captados, correndo o risco de ter que devolver esse dinheiro ao ponto de o Conselho Municipal de Cultura ter que ir ao Ministério Público e o Ministério Público determinar que tomem as providências para que esse dinheiro não seja devolvido, seja utilizado aqui.
Na questão da mobilidade, o senhor fala muito do projeto do VLT, do transporte coletivo, mas eu queria também saber o que mais está previsto. Por exemplo, há algum projeto de ciclovia. O que está previsto em linhas gerais?
Só para concluir o assunto anterior. Quando eu digo que a atual administração é a administração do meu adversário. Aí ele diz: nós vamos resolver o problema da saúde. Por que não resolve agora? Aí ele diz: nós vamos resolver o problema. Por que não distribuíram os recursos da Lei Aldir Blanc? Aí ele diz: vou baixar para R$ 3,50 a passagem. Por que o governo dele não diminuiu agora? Quanto à questão do transporte, estamos dizendo que o VLT é um projeto para edital de licitação para que a iniciativa privada faça esse novo modal de transporte, a primeira etapa. É uma proposta ousada. Aqui em Caxias tem a empresa que produz os VLTs. Isso inclusive vai gerar emprego e renda aqui. Pode se transformar num grande exemplo para que outras cidades também venham a fazer. Então, além de ter um novo modal de transporte, nós podemos aqui estar estimulando outros municípios a fazerem, e isso vai gerar emprego e renda em empresas de Caxias que produzem esse tipo de equipamento. Quanto à questão das ciclovias, o que precisa é não fazer as improvisações que têm acontecido nos últimos anos. Tem que fazer uma pesquisa e ouvir as pessoas que usam a bicicleta para trabalhar, para ir ao trabalho ou para o lazer e para o esporte, e definir dentro do Plano de Mobilidade Urbana a ideia de uma idade ciclo amigável. Há soluções muito interessantes no mundo inteiro, que não precisa mais ser aquela ciclovia totalmente construída. São separações físicas dentro daquilo que se fala de rua completa, onde tem espaço pro pedestre, tem espaço para o transporte público, tem espaço para o veículo e tem espaço para a bicicleta. Soluções baratas inclusive, que não implicam grandes construções, implicam separadores físicos e organização do trânsito. Dentro do Plano de Mobilidade Urbana, nós vamos, sim, discutir propostas para uma cidade ciclo amigável.
O senhor baseou também a sua candidatura em pontos específicos, que é o da saúde para girar a economia ou vice-e-versa, a economia com a presença da saúde. Neste momento, a gente entra em uma nova etapa, que hoje não são tão evidentes números positivos, e sim números negativos, que é o aumento do número de mortes e casos na região com o coronavírus. Há o debate sobre a situação de comércio e de saúde do povo em relação ao trabalho em UBS e o que fazer pela frente. Como é que será essa relação de convívio entre o debate de saúde que cuida do povo e a economia que precisa ser tocada, se o senhor for eleito, em um momento decisivo como o início do ano que vem?
Eu sou médico, eu sei do que estou falando neste momento. Precisa a saúde ajudar a economia e a economia ajudar a saúde. A economia tem que funcionar a pleno, não só para que as pessoas e a empresas tenham a renda, mas também para que a prefeitura tenha a sua arrecadação de impostos. Se a economia funciona bem, a arrecadação melhora e essa arrecadação que melhora pode ser aportada para a saúde ajudar ainda mais o funcionamento pleno da economia. Se eu fosse prefeito nesse momento, o que eu faria? Primeiro, eu chamaria todas as entidades empresariais e diria: vamos retomar as campanhas educativas como se fosse o início da pandemia. Vamos fazer um plano de mídia, vamos fazer uma grande divulgação dos cuidados que as pessoas têm de ter, porque as pessoas meio que cansaram, meio que nesse cansaço estão relaxando um pouco das medidas, não todas obviamente. Mas precisa novamente fazer uma grande campanha. Eu procuraria inclusive os veículos de mídia e diria: a prefeitura vai investir tanto nessa campanha, a iniciativa privada vai investir tanto, nós estamos pedindo que a mídia nos dê um bônus extra para dar sua cota de contribuição também. Vamos fazer uma grande mobilização para as pessoas terem todos aqueles cuidados, não haver as aglomerações e tudo mais. Segundo lugar: nós iríamos garantir testes de covid-19 para todas as pessoas sintomáticas e fazer a busca ativa de todos os contatos das pessoas que testaram positivo para fazer o bloqueio da transmissão do vírus. Isso não está sendo feito em Caxias do Sul. Não foi feito por meses e ainda não está sendo feito. Essa é a questão decisiva e central. É assim que se bloqueia a circulação do vírus porque diminui a circulação de pessoas contaminadas e também é melhor para a economia, porque hoje a pessoa pensa que pode estar com covid-19, não faz o teste, fica 14 dias em casa. Se não fosse covid, poderia ter voltado para o trabalho muito antes, uma semana depois de desaparecerem os sintomas. Então, precisa garantir testes. Nós vamos fazer investimentos para garantir testes e fazer essa estratégia. Municípios que fizeram essa estratégia nunca tiveram 50% de ocupação de UTIs e, consequentemente, pelo critério de bandeiras aqui do Estado do Rio Grande do Sul, jamais teria entrado na bandeira vermelha e jamais seria um constrangimento para o funcionamento da economia. E quando tiver a vacina, nós vamos tratar de comprar a vacina para oportunizar que nossa população possa ser imunizada.
Se o senhor for prefeito, que cidade nós teremos em 2024?
Uma cidade com mais atratividade para empreendedores, uma cidade mais inteligente, porque nós vamos investir em tecnologia da informação, nós vamos levar a prefeitura para a tecnologia digital - é uma vergonha que mais de 10 anos depois do advento da banda larga, do smartphone e dos aplicativos, a prefeitura de Caxias não rode nada em aplicativo, trazendo custos para as pessoas, tempo a mais que as pessoas precisam e maiores gastos para a própria prefeitura. Uma cidade que garanta a educação pública para todas as crianças, conforme a legislação determina: da educação infantil até o Ensino Fundamental. Uma cidade que garante o acesso a saúde de qualidade à população. Uma cidade onde não tenha pessoas passando fome, porque hoje tem pessoas passando fome em Caxias. Nós vamos ativar toda a rede de proteção social, não só da prefeitura, mas também das entidades que atuam nesta área para a gente ter uma cidade onde as pessoas não passem fome, porque esse é um imperativo ético e moral, é um imperativo humanista que nós precisamos ter. Uma cidade que dê oportunidades para os jovens. Nossa juventude hoje tem o dobro do desemprego que na população normal. Uma cidade onde as pessoas possa ter acesso à cultura, ao lazer, ao esporte. Uma cidade onde mesmo nem todos os problemas estejam resolvidos, as pessoas possam participar das decisões que a prefeitura toma dos investimentos públicos através de processos de participação popular. Consequentemente, uma cidade que, mesmo sabendo que ainda tem coisas para serem feitas, vê perspectiva de que essas coisas podem ser resolvidas por um governo que dialoga, que conversa e que respeita as pessoas nas suas necessidades.
Nas últimas gestões em que o senhor esteve à frente de Caxias, passando esse tempo e analisando, faltou alguma coisa que não deu para fazer e ainda é válido para uma mudança extrema neste momento?
Se eu pudesse voltar atrás, eu teria aportado mais recursos e montado uma equipe mais robusta no que diz respeito aos processos de regularização fundiária. É lógico que os problemas de regularização fundiária, quando eu era prefeito, eram infinitamente menores do que são hoje. Esse problema se agravou muito nos últimos 10, 15 anos, e consequentemente ele exige um olhar mais atento da prefeitura para trabalhar pela regularização fundiária, que é muito importante para as pessoas que vivem nesse lugares onde a regularização não está feita, mas também é importante para a própria prefeitura, que permitirá um aumento da arrecadação de tributos que essas pessoas ainda não pagam e passariam a pagar. Essa seria uma questão, sem sombra de dúvidas, uma questão que procuraria focar mais. Como eu disse, não era um problema tão grave lá atrás, mas já tinham problemas dessa natureza. Nós encaminhamos soluções para isso, mas infelizmente esse problema aumentou muito nos últimos anos.
O senhor já foi prefeito e, muitas vezes, o prefeito fica lembrado pelas obras de infraestrutura que fez nas gestões. O senhor fala muito da grande marca, se o senhor for eleito, da questão da saúde, da questão de empregos, mas tem uma grande obra que o senhor pensa que pode ser uma marca da sua futura administração?
Sem dúvida. Nós fizemos obras importantes, como a Perimetral, o Centro de Cultura Dr. Ordovás, a revitalização do Parque dos Macaquinhos, a revitalização da praça (Dante Alighieri). Fico até triste de ver a situação de abandono que a praça se encontra atualmente. Dessas grandes obras que a gente pretende realizar, um enorme desafio será o veículo leve sobre trilhos. A gente espera que, na licitação, a gente consiga atrair na licitação um empreendedor privado que poderá atuar mediante uma concessão pública, mas talvez também seja necessária uma modelagem por parceria público-privada. Essa é uma questão importantíssima. Isso jogaria Caxias, obviamente, num novo estágio no que diz respeito ao transporte coletivo. Outra questão que eu considero fundamental é a revisão do sistema de transporte coletivo urbano, porque esse plano de integração foi feito 20 anos atrás. Foi um planejamento feito 20 anos atrás na minha gestão, mas em 20 anos a cidade mudou. Então, precisa rever esse plano para ver os locais, as estações de integração. Embora não seja uma obra física, também será um extraordinário desafio participar de um grande movimento nacional pela redução, barateamento da tarifa do transporte, o que exige políticas nacionais, estadual e municipal.