Durante uma hora, Adiló Didomenico (PSDB) e Pepe Vargas (PT) se enfrentaram no debate realizado pela RBS TV Caxias na noite desta sexta-feira (27). Foi o último confronto deste segundo turno. A votação ocorre no domingo (29).
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"Por que votar em Pepe?" O candidato a vice-prefeito de Caxias do Sul responde
Adiló chegou ao prédio da RBS às 21h20min acompanhado do assessor Zeca Honorato. Pepe chegou pouco antes das 22h e estava acompanhado do assessor Roberto Nascimento. Os dois candidatos tiveram a temperatura medida — essa era uma das medidas de segurança adotada pela RBS para prevenir o coronavírus.
O termômetro, que marcou 36 graus para ambos, logo subiu no primeiro bloco do debate. Pepe disse para Adiló que "depois que o blocão de caciques partidários do qual tu faz parte entrou na prefeitura, vocês dobraram o número de cargos de confiança". O tucano respondeu que não iria decepcionar os caxienses:
— Não vamos rifar a prefeitura, não faremos loteamento de cargos. Colocaremos as pessoas certas no lugar certo. Somos contra loteamento de cargos, a população de Caxias do Sul já disse isso nas urnas em 2016
Pepe, então, disparou:
— Então, me explica porque tu não votou favorável ao projeto de lei que o Guerra havia encaminhado para a Câmara de Vereadores para reduzir os cargos de confiança? Aliás, tu foste relator desse projeto, ficou um ano com o projeto e não relatou. A tua candidata a vice Paula Ioris também ficou de relatora, ficou um ano e não relatou.
Adiló justificou que a proposta de lei que previa o corte de cargos em comissão, de autoria do Executivo na gestão do prefeito Daniel Guerra, tinha vários erros e por isso não andou na Câmara. Com falhas, não era possível colocar em apreciação, por isso não foi votado pelo Legislativo. Pepe retrucou dizendo que era papel dele corrigir eventuais equívocos no projeto.
O segundo bloco iniciou com o tema "enfrentamento à pandemia", que já havia sido abordado no primeiro bloco. Adiló repetiu o discurso da campanha, de que nunca foi favorável a lockdown para cuidar também da economia. Pepe também repetiu o discurso em defesa da testagem em massa.
Quando o assunto mudou para mobilidade, Pepe voltou a tentar associar Adiló ao atual governo do prefeito Flávio Cassina (PTB) de forma mais incisiva (já tinha feito quando questionou sobre a falta de medicamentos).
— Vocês tiveram um ano depois que derrubaram o Guerra para fazer a licitação (do transporte coletivo urbano). Por que não fizeram?
— Eu não faço parte desse governo — respondeu Adiló.
Pepe puxou um papel e leu os nomes de três pessoas. Disse que eram assessores de Adiló e, logo após serem exonerados neste ano do seu gabinete, assumiram cargos no governo Cassina.
Ainda no segundo bloco, Pepe perguntou qual o plano de Adiló para as agroindústrias que "seu governo terminou".
— Fica difícil. Quem acabou com as agroindústrias foi o Guerra. O senhor diz que fiz parte de todos os governos, daqui a pouco fiz parte do seu governo — irritou-se Adiló.
Mesada para a Codeca
A Codeca também foi tema do debate. Pepe lembrou que leis de repasse de verbas do município para a companhia foram aprovadas durante o período em que Adiló esteve na presidência, o que evitou prejuízos. E frisou que quando foi gestor não destinou recursos para a empresa.
— Como prefeito eu não dava mesada para a Codeca.
Adiló respondeu:
— Povo da Codeca, não vai ter mesada, ele vai deixar quebrar a Codeca. É isso que vai acontecer
O episódio de aumento de salário na Codeca, nesta administração, também foi lembrado por Pepe. Adiló disse que pediu, em uma carta, a exoneração do servidor envolvido. Pepe respondeu que mesmo com a carta, "continua lá até hoje".
O mesmo bloco teve mais provocações. No tema educação infantil, Pepe falou da lei que obriga a oferta de vagas na educação infantil há 11 anos e não é cumprida. Adiló, então, falou de investigação sobre falta de vagas em 2001, quando Pepe era prefeito.
— Acho que o senhor não entende o assunto. Não tinha obrigatoriedade naquela época — disse Pepe.
— Eu posso não entender de lei, mas entendo das dores das pessoas — respondeu Adiló.
Nas considerações finais, Pepe falou que Caxias andou para trás nos últimos anos e o que estava em análise não eram os líderes nacionais dos partidos, mas os dois projetos em Caxias. Frisou a experiência que já tem como prefeito e que sua candidatura não é "nenhuma aventura".
Já Adiló aproveitou o espaço para falar que Caxias é uma terra de oportunidades para todos, assim como foi para ele quando chegou na cidade. E reforçou que, se eleito, não irá rifar cargos na prefeitura. "Não vamos aceitar a pecha de blocão".
O debate terminou às 22h40min e teve a mediação da jornalista Shirlei Paravisi.