A reunião entre ministros que marcou o início da agenda política da Cúpula do Mercosul em Bento Gonçalves ocorreu na tarde desta quarta-feira (4). Antecedida por encontros técnicos de negociação na segunda e terça-feira, coube aos ministros de relações exteriores de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai anunciarem os acordos negociados e fazer avaliação do ano de atividades do bloco econômico.
O tom dos discursos de chanceleres foi de exaltação à união e resultados do bloco, quase como resposta à instabilidade política gerada após as eleições no Uruguai e na Argentina, especialmente na Argentina, cuja presidência eleita não possui sintonia ideológica com o governo brasileiro, que já ameaçou inclusive deixar o Mercosul em caso a relação e os interesses entre os países não sejam harmônicos.
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Chamou atenção no encontro também o discurso do Ministro de Relações Exteriores brasileiro, Ernesto Araújo, que presidiu a reunião dos chanceleres. Embora tenha criticado a suposta condução ideológica dos governos anteriores no país, Araújo defendeu ideologicamente o Governo Bolsonaro. Na fala, o ministrou usou analogias como "saímos da caverna para a luz do sol" ao se referir à gestão econômica do atual governo e "paramos o trem" quanto à mudança de perfil político com a eleição de Bolsonaro.
_ O Mercosul deixou de ser freio para se tornar acelerador. Apagou-se a memória do Mercosul protecionista, ineficiente, simplesmente retrógrado. Voltamos a ter um Mercosul como um polo de neutralidade e democracia na América do Sul. Saímos da caverna e passamos para a luz do sol. Não voltaremos à caverna, das taxas de crescimento medíocres, falta de investimento, recessão e desemprego, de economia fechada, controlada pelo Estado, por meio de estatais ou empresas específicas. Isso era o que vivíamos no fundo da caverna. O Brasil não votará para esta caverna _ afirmou Araújo.
Ao todo, seis acordos foram anunciados entre os países. Ministros do Uruguai e da Argentina também destacaram o trabalho conjunto do bloco e as conquistas obtidas durante a atual cúpula do Mercosul.
Esse será o último encontro da atual composição de ministros e chefes de estados entre os países associados do bloco. Na próxima cúpula, novos integrantes representando Uruguai e Argentina assumirão os postos.
Nesta quinta-feira (5) ocorre o encontro entre presidentes. Estarão presentes o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, da Argentina, Maurício Macri, do Paraguai, Mario Abdo, e a vice-presidente do Uruguai, Lucía Topolansky.
Acordos assinados
1 Acordo para a proteção mútua de indicações geográficas dos estados partes do Mercosul.
2 Contrato de administração fiduciária Mercosul-Fonplata.
3 Acordo sobre reconhecimento recíproco de assinaturas digitais.
4 Novo anexo sobre serviços financeiros do protocolo de Montevidéu sobre comércio de serviços.
5 - Acordo de cooperação policial aplicável a espaços fronteiriços.
6 Acordo de alcance parcial para a facilitação do transporte de produtos perigosos.
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