O presidente da Câmara Municipal de Vereadores, Flavio Cassina (PTB), foi o palestrante convidado da reunião-almoço da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul realizada nesta segunda-feira (19). A apresentação do parlamentar no tradicional evento que reúne empresários e entidades patronais da cidade marca a aproximação entre o Legislativo e a CIC.
Conforme Cassina, essa seria a primeira participação formal do presidente da Casa Legislativa na solenidade. A CIC não soube confirmar se de fato ele seria o primeiro palestrante falando em representação ao Legislativo, embora tenha sido o único na atual legislatura — 2016-2020.
O convite surgiu após pressão do parlamentar Alberto Meneguzzi (PSB), que em ocasiões cobrou no plenário a participação do Legislativo no evento. O socialista também encaminhou ofício à presidência da CIC , em março deste ano, sugerindo que anualmente fosse promovida palestra do presidente da Câmara na reunião-almoço.
Apesar de não haver, historicamente, proximidade entre a entidade e o Poder Legislativo, a convergência passou a existir politicamente desde que a relação entre o poder público e a CIC tornou-se publicamente divergente. Em maio deste ano, durante participação em audiência pública na Câmara de Vereadores — que representou a primeira aproximação mais evidente —, em tom de desabafo, Gasparin afirmou que empresários da cidade estariam com "medo" do governo municipal.
A participação na reunião-almoço desta segunda, portanto, consolida o estreitamento dos laços entre a classe empresarial e o Poder Legislativo, formado por maioria oposição ao Governo Guerra.
Apesar do alinhamento político, em tom comedido, a palestra de Cassina consistiu em prestação de contas sobre as atividades legislativas. Foi apresentada estimativa do uso do orçamento previsto e esclarecimentos das atribuições dos vereadores. Como desafio, ele reafirmou a necessidade de haver aproximação contínua do Poder Legislativo com a comunidade.
— Estamos procurando ficar mais ligados no nosso dia a dia com a comunidade. É de suma importância que todos conheçam os processos legislativos. A maioria das pessoas pensa que a gente participa da sessão, vai embora e acabou. Mas a verdade é que somos vereadores 24 horas por dia — comentou.
Com relação ao suposto ineditismo da aproximação entre a CIC e o Legislativo, pontuou:
— Não posso condenar os que nos antecederam (e não viabilizaram a relação ), mas essa aproximação é salutar para ambas as partes.
Cerca de 230 pessoas participaram da palestra, entre os quais, 16 dos 23 vereadores e funcionários da Câmara.
"Fez bem para o almoço"
Durante a palestra, Flavio Cassina esclareceu "alguns mitos" referentes a supostos privilégios que os vereadores receberiam. Entre os quais, citou que parlamentares não têm direito à verba de gabinete, 13º, férias, vale-refeição, vale transporte, plano de saúde, cota combustível e que o presidente da Câmara não recebe para a função.
Em uma das intervenções do público, o vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico (Simplás), Orlando Marin, elogiou a apresentação, especialmente o detalhamento de Cassina sobre medidas de contenção de gastos adotadas no Legislativo.
— Confesso que desconhecia muito sobre o Poder Legislativo. Não sabia que não ganhavam 13º, que o presidente não ganhava dobrado. Isso fez bem para o almoço, fez bem para todo mundo saber que temos uma casa austera — exaltou.
"Não entende quando é relevante"
No pronunciamento que antecedeu a palestra de Cassina, o presidente da CIC, Ivanir Gasparin, criticou a prefeitura. O "desabafo de repúdio" aconteceu devido a recente negativa do Executivo em ceder a Praça Dante Alighieri para apresentação da Caravana JA, durante o Jornal do Almoço para todo o Estado na última sexta-feira (16). O evento foi realizado no largo da Igreja São Pelegrino.
"Pensem na divulgação que isso representa em termos de Estado, no retorno em imagem e na lembrança daqueles que já moraram aqui, conheceram um dia, sem falar no orgulho dos atuais moradores. Temos ciência da existência do decreto municipal que exige antecedência mínima de 30 dias para requerer o espaço e outras burocracias mais. Mas Caxias do Sul não é da prefeitura.
A quem esta decisão prejudicou? Obviamente que quem perdeu foi Caxias do Sul. Até porque não geraria custo algum para a prefeitura, a não ser a reserva de oito vagas de carro na Sinimbu. Não foi exigido que se fizesse palco, arquibancada ou estruturas, nada disso.
Infelizmente essa administração não entende que, quando é relevante e importante para a cidade, decidir pelo sim, pensando no bem de Caxias do Sul, não é “jeitinho”, é, antes de tudo, maturidade política e consciência de cidadania. Se é tão difícil liberar um simples pedido de autorização para um evento de caráter temporário na Praça Dante Alighieri, imaginem a situação dos que querem empreender em Caxias do Sul."
Contraponto
:: Em nota, a assessoria de imprensa da prefeitura respondeu sobre as críticas do presidente da CIC, Ivanir Gasparin, dirigidas à administração: "numa democracia, a regra é para todos", diz o texto.