Aliado de primeira ordem do presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Bibo Nunes (PSL) adotou um tom mais ponderado na entrevista realizada, por telefone, na tarde de quinta-feira. Bem diferente da gravação que expôs uma discussão com o então presidente do PSL gaúcho, deputado estadual Luciano Zucco, em que ambos quase foram às vias de fato. Agora, garante que, a partir de julho, o sigla do presidente no Estado terá uma Executiva que deverá unir 90% dos filiados.
Bibo comentou também sobre temas polêmicos como a dificuldade de reunir votos suficientes para aprovar a reforma da Previdência e a divulgação das conversas entre o ex-juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallgnol sobre a Lava-Jato.
Na eleição do ano passado, Bibo conquistou 3.086 votos em Caxias do Sul. No total, foram 91.664 votos.
Pioneiro: Em maio, o senhor protagonizou uma forte discussão com o então presidente do PSL gaúcho, o deputado estadual Luciano Zucco. O senhor ainda quer a saída de Zucco da sigla?
Bibo Nunes: Não, não, não, não, não. Eu nunca pretendi a saída dele. Só sugeri caso ele quisesse. Não tenho intenção nenhuma que ele saia. A partir de julho, agora, nós teremos a melhor união que já teve o PSL no Rio Grande do Sul. Nós deveremos ter mudança e teremos uma Executiva definitiva unindo 90% do partido. Os (deputados) federais estão unidos.
Como o senhor recebeu a notícia do afastamento do ministro Onyx Lorenzoni da articulação política do governo com o Congresso?
Com total naturalidade e já era esperado. Foi um trabalho fraco, um trabalho bem fraco e que merece ser trocado.
O ex-ministro da Secretaria de Governo da Presidência, general Carlos Alberto dos Santos Cruz afirmou em entrevista que o Governo Bolsonaro é um “show de besteiras”. Como avalia essa manifestação?
É a opinião dele.
Qual sua avaliação dos seis primeiros meses do Governo Bolsonaro? Qual o melhor caminho a seguir?
O Governo Bolsonaro é um governo composto por pessoas que não têm a maldade política e nem têm a experiência da velha política. É normal que tenha um tempo para se adaptar. O PSL não tem corrupto, não tem ladrão e ninguém que se adapte à política antiga.
Quais são as prioridades para o país?
Agora no momento é a Previdência. Depois tem a reforma tributária, tem a reforma política. Faremos todas, mas todas no seu devido tempo. Não tem como querer fazer tudo de uma vez só. Afinal, nós pegamos um país quebrado. Depois de 16 anos de governo do PT, uma país quebrado, um país estraçalhado. Não é da noite para o dia.
Qual é o melhor momento do governo Bolsonaro?
O melhor caminho é o partido unido, sem estrelismo, sem disputa de beleza e olhando o que é o melhor para o Brasil. Com seriedade, combatendo a corrupção e valorizando o dinheiro público. O governo praticamente não teve (tempo de) governo. Está recém começando, mas um bom momento do governo, por exemplo, é a segurança, que melhorou bastante. Nós temos índices que apontam mais de 20% da redução de homicídios e roubo de automóveis, e a população de sentindo mais segura porque agora tem valorizado o policial, e quem é desvalorizado é o bandido.
E o pior?
Não dá para dizer que teve porque temos apenas cinco meses de governo. O governo está aquecendo. É um governo novo e que não está acostumado com a política antiga. Não somos acostumados com o toma lá dá cá. Tentar mudar uma cultura que existia no Brasil não é tão simples assim, mas estamos mudando.
O senhor está satisfeito com as alterações na reforma da Previdência?
Não. Eu queria que não tivesse alteração. Queria que ficasse o projeto original e teríamos uma economia de R$ 1,2 trilhão, agora vai ficar em R$ 930 bilhões, mas nós devemos reverter alguma coisa ainda. Eu luto para deixar mais próximo o que o (ministro da Economia) Paulo Guedes quer, porque ele conhece, ele sabe e ele quer o melhor para o Brasil. O problema é que as pessoas que estão contra estão olhando o seu umbigo, são classistas, porque se olharem para o Brasil vão estar de acordo com o Paulo Guedes. Tem que olhar a floresta, e não a árvore.
Por que o governo tem dificuldade em aglutinar votos para a votação de matérias como a reforma da Previdência e o decreto das armas?
Justamente porque somos contra o toma lá da cá. Com o toma lá da cá, estava tudo aprovado. Não tem toma lá da cá, e aí dificulta. Eles querem algo em troca sempre. Nós queremos que votem pensando o que é melhor para o Brasil e não no toma lá da cá. É difícil mudar.
As manifestações dos filhos do presidente nas redes sociais atrapalham a articulação política no Congresso?
Atrapalham, mas agora reduziram bastante e tendem a terminar. O próprio presidente já fez o pedido para os filhos e está sendo atendido. Dá para ver que melhorou bastante. Não fiz o pedido diretamente ao presidente, mas em reuniões de bancada já fiz várias vezes.
E os palpites e manifestações de Olavo de Carvalho?
Eu considero o Olavo de Carvalho uma pessoa que há 10, 15 anos, ajudou bastante a direita. Hoje, ele está senil, ele está fora da casinha. Infelizmente, hoje, ele está perdido. Não posso dar credibilidade a uma pessoa que mora nos Estados Unidos querendo entender o Brasil. Que venha morar aqui pelo menos.
Qual a sua opinião sobre a divulgação do site The Intercept Brasil das conversas entre o ex-juiz (atualmente, ministro da Justiça) Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol sobre a Lava-Jato?
O site Intercept é o que tem de mais podre na imprensa marron. Eles fazem um jornalismo de sarjeta para o mundo. Não têm credibilidade alguma e não mostraram o produto original. Como diz o Moro, qual é a credibilidade, e hoje, com o avanço tecnológico, montam conversas. O Moro disse que não tem nada a ver com esse tipo de diálogo. Eles que provem, por enquanto não tem nada contundente. Qual é o problema o Deltan conversar com o Moro, ou por acaso a prisão do Lula tem a ver com eles conversarem? Os que estão presos são bandidos.
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