O presidente Jair Bolsonaro (PSL) publicou esta semana em sua conta no Twitter um vídeo com cenas pornográficas e consideradas escatológicas flagradas na rua durante o desfile de um bloco de carnaval, em São Paulo (no detalhe). Sem freios, Bolsonaro age como a maioria de seus seguidores e ignora a liturgia do cargo. Ele mantém forte sua atuação na internet e repete o mesmo comportamento do período eleitoral.
A publicação do vídeo na terça-feira à noite é parte das críticas ao Carnaval, a maior festa popular do país. Houve uma série de outras, como a troca de farpas com os compositores baianos Daniela Mercury e Caetano Veloso em torno da Lei Rouanet. Junto com o vídeo, Bolsonaro tuitou: "Não me sinto confortável em mostrar, mas temos que expor a verdade para a população ter conhecimento e sempre tomar suas prioridades. É isto que tem virado muitos blocos de rua no carnaval brasileiro. Comentem e tirem suas conclusões".
Assim como ocorreu com os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer, Bolsonaro foi alvo de protestos e brincadeiras pelo país. A criatividade contou com foliões fantasiados de “laranja”, em uma insinuação às candidaturas laranjas do PSL, partido do presidente, mas também houve xingamentos e palavrões contra ele. As manifestações não justificam a quebra de protocolo.
No mesmo dia em que criticou o Carnaval exibindo o vídeo com as imagens pornográficas, Bolsonaro é contraditório e agradece à homenagem que recebeu no carnaval de Olinda (PE), com os bonecos gigantes do presidente e da sua esposa, Michelle.
Na quarta-feira, mesmo com às críticas à publicação do vídeo, Bolsonaro continuou a provocação: “O que é golden shower?”, perguntou. A tradução literal de "golden shower" é ducha dourada, uma referência à chuva de urina, mostrada no vídeo.
Diante da repercussão negativa no Brasil e na imprensa internacional, o Palácio do Planalto divulgou nota afirmando que o presidente "não teve a intenção de criticar o Carnaval de forma genérica".
O QUE DIZEM
Diante da publicação do vídeo no Twitter pelo presidente Jair Bolsonaro e de outras postagens polêmicas, o Pioneiro buscou ouvir especialistas em comunicação e política, lideranças políticas e empresariais de Caxias do Sul sobre qual impacto pode causar a atuação ativa do presidente nas redes sociais. Confira as respostas obtidas: