O ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot encerrou o 2º Congresso Estadual de Direito Eleitoral na noite de sexta-feira, na UCS, em Bento Gonçalves. Em uma hora, Janot apresentou a palestra “Eleições e Corrupção” onde citou os principais casos de corrupção investigados no país e América Latina e fez uma provocação sobre o sistema eleitoral brasileiro.
Durante a palestra, o ex-procurador tomou o cuidado de não citar os nomes de empresas, empresários, partidos e políticos denunciados ou que cumprem pena por corrupção. No final, Janot mostrou uma série de notícias sobre os principais casos de corrupção da empresa Odebrecht em países de América do Sul e Latina.
Ao ver a foto do empresário Marcelo Odebrechet, disse: "nosso príncipe da República." Também sem citar o nome, o ex-procurador-geral mencionou o senador Aécio Neves (PSDB) sobre a gravação em que menciona a hipótese de "matar o primo" (que surgiu na delação de Joesley Batista, dono do grupo J&F).
Janot finalizou dizendo que a intenção era mostrar de dentro para fora o ilícito das campanhas eleitorais.
– Precisamos despertar a necessidade de exercermos a nossa cidadania na eleição. Não acredito que vamos mudar o país de um dia para o outro, mas esse país não é mais o mesmo.
Confira os principais tópicos da palestra de Rodrigo Janot:
Eleições 2018
"Não sei quem são os melhores ou piores candidatos. Não voto em corruptos, em quem apoia corruptos. Vamos ter pena do nosso país."
Corrupção na política
"Quanto mais corrupção, menos democracia."
Crime infiltrado na política
"Bandidos não podem se esconder em mandatos, sejam do Legislativo, sejam do Executivo. Mas se pode buscar criminalizar a política."
Novo sistema eleitoral
"Não será a Justiça, a polícia e o Ministério Público que vão resolver os problemas do Brasil. A mudança do sistema eleitoral vai mudar os outros sistemas."
Lava-Jato
"A forma de cooperação da Suíça foi o divisor de águas. Eles viram que esses valores financiavam atividades muito sensíveis."
Mensalão
"O mensalão perto da Lava-jato é um pinto."
Colaboração premiada
"Sem ela, não teríamos chegado onde chegamos. Tínhamos duas formas de conseguir informações: de dentro das organizações para fora ou infiltrar pessoas nas organizações."