Mais de um ano depois da eleição de 2016, em que saiu derrotado em segundo turno em Caxias do Sul, Edson Néspolo (PDT) toca sua vida na Região das Hortênsias, como presidente da GramadoTur. Mas continua de olho em Caxias. Pré-candidato a deputado estadual, ele irá buscar os votos dos caxienses que apostaram nele para prefeito. Nesta entrevista, concedida na quarta-feira, Néspolo fala de eleições, turismo e impeachment.
Pioneiro: Mais de um ano depois, o resultado eleitoral já foi digerido
Edson Néspolo: Os primeiros dias depois da eleição foram complicados, mas já tínhamos pesquisas no início do segundo turno que indicavam uma possível derrota. Mas, mesmo assim, no dia da eleição a gente fica sentido. Depois, começaram a aparecer propostas de trabalho e aí as coisas vão se acomodando, a vida vai tendo continuidade.
Como está sendo trabalhar em Gramado?
É uma cidade que aperfeiçoou, tem toda uma estratégia voltada para o turismo, e isso não é de hoje. Uma cidade que foi se especializando para bem receber, para bem acolher, para fazer eventos, para trabalhar no turismo. Para mim, claro, é uma grande escola.
Seu futuro está mais ligado a Caxias ou a Gramado?
Fiquei indo, durante o ano todo, até porque tenho casa em Caxias e tem minha família e amigos, mas, principalmente nos grandes eventos, eu conseguia ir menos. Mas agora, passado o Natal Luz, tenho conseguido ir com mais frequência a Caxias e consigo conciliar bem. Caxias é minha vida, onde trabalhei a vida inteira, tive muitas oportunidades. Caxias sempre vai estar em um lugar especial.
Mas o senhor pensa em voltar para Caxias?
Graças a Deus, sempre tenho algumas propostas de trabalho, mas acho que também a gente está bem em Gramado, sinto que tem muitos segmentos que gostariam que eu ficasse. Não faço muito plano para o futuro, teria outra proposta de trabalho, mas, neste momento estou planejando as coisas que precisam ser planejadas para Gramado.
O que é essa proposta?
Uma proposta fora do Estado, no setor de eventos, em uma cidade turística, mas é muito difícil avaliar, está meio descartada essa hipótese, mesmo se fosse a melhor financeiramente.
Isso porque o senhor é pré-candidato a deputado?
Essa é uma questão que deve se definir no meio do ano. Tem muita água para rolar e vou repetir a vida inteira: sou de respeitar partido, de acatar decisões. Tenho muita lealdade, seja política, seja de agremiação, de time, seja de tudo. Se o partido achar que é importante, vamos avaliar, mas hoje estou bem centrado em planejar bem o ano onde estou trabalhando.
Mas o senhor é pré-candidato, não?
Meu nome está à disposição do partido. Mas é isso que eu falo sempre. Não sou dessa política velha, “ah, se não for como eu quero, não brinco.” Primeiro, está o meu partido, a quem devo respeito e até obediência. O dia em que eu não pensar mais dessa forma, eu tenho de sair, e eu não penso em sair do PDT. A maioria do partido tem de ser soberana e eu vou me adequar à decisão. Eu também tenho de ter respeito com a comunidade de Gramado.
Será uma decisão tomada com o diretório de Caxias?
Tem uma questão que passa pelo diretório de Caxias, passa pelo partido em nível estadual, mas tem uma questão de lealdade a Gramado, à comunidade e ao conselho que me elegeu. Não quero antecipar os fatos.
Vinicius Ribeiro é pré-candidato a estadual também. Vocês não chegaram a um acordo de somente um concorrer? O que aconteceu?
Na minha cabeça, estava levando essa questão muito tranquilo. Acho que ele tem o espaço dele. Agora, não sou eu que digo, é uma comunidade inteira de pessoas que diz, e eu sinto todo dia que vou a Caxias e na região. A questão da eleição, da minha exposição na última eleição, foi muito forte, então, qualquer pessoa em sã consciência sabe. Pessoas que concorreram e perderam em segundo turno, normalmente, depois tiveram histórico de êxito nos processos seguintes. Não quer dizer que isso vai acontecer comigo, mas sinto o carinho todo dia das pessoas, muitas que vêm falar comigo que não votaram e se arrependeram. Mas acho que o Vinicius tem a caminhada dele para fazer e se o partido optar por ele ou optar eventualmente pelos dois, acho que ele tem de decidir a caminhada dele. Gostaria que o partido de Caxias pudesse ser ouvido e dissesse quem dos dois tem mais condições e que optasse por um. Agora, se o partido em Caxias optar pelo Vinicius, saberei assumir minha condição.
Por que o turismo em Caxias do Sul não decola?
É um novo setor emergente, é obrigação investir em turismo, lazer e entretenimento em Caxias, porque o Brasil é o país que, com a China, mais cresce no mundo no setor. Quem não investir nisso, está fora, na contramão. Não estou aqui responsabilizando só o atual governo. São políticas que a gente tinha de ter acordado antes. Hoje tenho outra mentalidade. A Festa da Uva tem de ser anual, nós temos de criar mais dois ou três eventos por ano, nossos roteiros de colônia têm... nossa, é tão fácil. Claro, hoje tenho uma nova visão com Gramado, mas acho que a gente tem um potencial enorme em Caxias e investir, preparar e fazer parcerias, não precisa só dinheiro público. Dá para dar uma guinada.
Qual sua avaliação sobre o Governo Guerra até agora?
Como perdi, tenho tentado respeitar, sou o que menos deve opinar. Perdedor tem de respeitar a voz da maioria. Agora, é muita polêmica, muito individualismo, falta de diálogo. Essa questão de brigas constantes prejudica muito a cidade. Uma cidade não pode ficar refém de um prefeito que briga com todo mundo. O resto, acho que pode ter coisas boas. O primeiro ano a gente sabe que é complicado. Não quero ser um crítico feroz.
E qual sua opinião sobre o processo de impeachment?
Não tenho detalhes, mas só tenho uma coisa (a dizer): ele pode escapar, mas pela postura dele, vai ter outro processo logo ali. Ele não dialoga, não constrói. Quem lidera tem de agregar.