Abgail Pereira, 57 anos, é a primeira mulher anunciada como pré-candidata ao Piratini para a eleição de outubro. O PCdoB apresentou o nome da caxiense no final do ano passado. A experiência de secretária do Turismo no governo Tarso Genro e as disputas como candidata a vice-governadora e ao Senado credenciam a comunista à disputa ao governo do Estado.
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Segundo Abgail, sua candidatura pretende construir e dar opinião sobre as questões financeiras do Estado e do país, além de discutir a falta de investimentos em educação e saúde. Para ela, a prioridade de seu governo é o enfrentamento da crise financeira do Estado.
– Precisamos tomar medidas que enfrentem a retomada de desenvolvimento do Estado, que estimulem o crescimento.
A comunista critica a política de ajuste fiscal do governo Sartori e afirma que a renegociação (recuperação fiscal) com o governo federal irá aumentar ainda mais a dívida do Estado.
– O Sartori brinca com os gaúchos ao não apresentar nenhuma proposta no sentido de enfrentar a retomada do desenvolvimento do Estado.
Confira a seguir entrevista na íntegra.
Sua candidatura ao governo do Estado vai até o fim, é pra valer?
É uma candidatura para valer, sim. Aqui no Estado é a primeira vez que o PCdoB apresenta uma candidatura. Tenho uma trajetória de luta tanto eleitoral como na vida partidária de longa data. Já concorri ao Senado na época para ajudar o senador Paulo Paim, em que logrei mais de 1,5 milhão de votos. Foi uma candidatura exitosa. Já tive a participação de gestão no governo Tarso, na pasta de Turismo, e concorri a vice-governadora. Nosso partido avaliou que chegou a hora de construir e dar uma opinião em um momento tão difícil do país e do Estado.
No que sua candidatura vai se diferenciar das outras?
Por ser a candidatura de uma mulher com uma trajetória de luta. Temos uma visão diferente do que está sendo implementado no nosso Estado, de que a única saída para a crise que vivemos é o ajuste fiscal do governo Sartori. Esses remédios já foram testados e já mostraram que não são eficazes. Queremos apresentar outra opinião para buscarmos saúde para as finanças públicas e voltarmos a oferecer serviços de qualidade. Minha candidatura se diferencia porque vai discutir a falta de educação, segurança.
O PCdoB vai buscar coligações para viabilizar a sua candidatura?
Sem dúvida. Nós estamos conversando com vários partidos. Já conversamos com o PT, do Miguel Rossetto, com o Jairo Jorge, do PDT. Entendemos que é preciso construirmos uma frente ampla que dialogue com a sociedade para construir as saídas e perspectivas na política.
Quais são as prioridades para o governo do Estado?
A nossa prioridade é buscar um enfrentamento a essa crise. Precisamos tomar medidas que enfrentem a retomada de desenvolvimento do Estado, que estimulem o crescimento e proporcionem articulação entre as escolas técnicas e as universidades com as empresas locais. Precisamos melhorar a arrecadação, sem a necessidade de aumentar impostos, beneficiando a sociedade com mais produção e mais empregos.
Como a senhora avalia o governo Sartori?
Como muito ruim. Um governo sem diálogo com a Assembleia Legislativa, sem diálogo com a sociedade e um governo que colocou como prioridade o ajuste fiscal. Para enfrentar a crise, o governo Sartori quer privatizar, fechar fundações, aumentar impostos e cortar serviços. O Sartori brinca com os gaúchos ao não apresentar nenhuma proposta até agora no sentido de enfrentar a retomada do desenvolvimento do Estado.
De onde tirar dinheiro para pagar o funcionalismo em dia, os aposentados, manter os serviços com qualidade e fazer investimentos?
O governo precisa estimular o crescimento, combater a sonegação e abrir a caixa dos incentivos fiscais. Acho que tem que ter incentivos para muitas empresas, agora, quais são as empresas beneficiadas e com que critérios. Isso tudo precisa ser apresentado.
A assinatura do acordo para recuperação fiscal com o governo federal vai contribuir para a situação financeira do Estado?
Não, decididamente não. Só vai prejudicar ainda mais, porque não resolve o problema e faz com que a dívida cresça. Essa medida não resolve o problema do Rio Grande do Sul. O acordo que o (presidente Michel) Temer propõe e o Sartori defende é uma ilusão, proíbe contratar novos professores, profissionais da saúde, brigadianos e também exige a privatização da CEEE, da Sulgás, da CRM, da Corsan e do Banrisul. Se ocorrer essa negociação, fica suspenso o pagamento (da parcela da dívida) do Estado por três anos e pode prorrogar por mais três anos, mas os juros continuarão a ser computados e, em apenas três anos, o passivo vai aumentar mais de R$ 10 bilhões. Nossa dívida é de R$ 57 bilhões e, em três anos, vai aumentar R$ 10 bilhões. Esse acordo vai nos ajudar em quê? As propostas do Sartori não superam e não enfrentam a crise.
Há viabilidade das candidaturas de Ciro Gomes, Lula e Manuela D’Ávila para a eleição presidencial?
Acho que é uma farsa montada o julgamento do Lula. Esse processo do Lula é um processo de inquisição. Acho que o Lula tem o direito de ser candidato, assim como o Ciro Gomes (pré-candidato do PDT) e a Manuela D’Ávila (pré-candidata do PCdoB). A candidatura da Manuela vai apresentar saídas para o país.
A senhora acredita que a esquerda poderá se unir em torno de uma candidatura no segundo turno?
Pode e deve se unir. Queremos devolver a esperança para o nosso povo, que está tão desesperançoso. A esquerda precisa se unir. A minha candidatura e a da Manuela cumprem com esta busca de criarmos essa frente ampla de vários protagonistas na política.
A foto do ex-presidente Lula estará na urna eletrônica?
Eu gostaria que estivesse.