A véspera da votação do acolhimento da segunda denúncia que pede o impeachment do prefeito Daniel Guerra (PRB) foi marcada por sucessivas reuniões nos gabinetes dos vereadores durante toda a segunda-feira. Os parlamentares ouviram as últimas opiniões de assessores, eleitores e advogados para embasar a justificativa do voto na manhã desta terça, quando se realiza a sessão da Câmara que decidirá pelo acolhimento ou não do pedido.
A pressão “tête à tête”, por telefone ou ainda pelas redes sociais aumentou após a revelação do encontro de um grupo de oito vereadores com o presidente do PSD, Sérgio Augustin, na noite de domingo. A repercussão negativa deixou o clima ainda mais pesado e desnorteou a decisão dos vereadores. Augustin e o advogado do PMDB, Maurício Grazziotin, apresentaram um estudo com os aspectos jurídicos e defenderam a denúncia.
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Com a divulgação da reunião, o número de votos a favor do pedido de impeachment diminuiu e a tendência é de que o acolhimento seja rejeitado na sessão de hoje. O PSD e vereadores de oposição buscam votos para garantir o início da investigação contra Guerra. O governo municipal está confiante pelo arquivamento da denúncia e diz que a oposição não tem votos suficientes para dar andamento ao processo.
Um dos vereadores presentes da reunião de domingo concordou em conversar sem ser identificado. Ele disse que a reunião foi “interessante” pela experiência do “doutor Sérgio”, advogado e juiz aposentado. Para o vereador, o momento da segunda denúncia é inoportuno, mas pior tarefa é fazer a defesa do documento apresentado pelo vice-prefeito Ricardo Fabris de Abreu. Apesar da tendência de votar favorável, o parlamentar admite que não há ambiente e nem voto suficiente para a cassação do prefeito.
– O correto seria admitir o processo para dar possibilidade para o Executivo se defender. Se for arquivado amanhã, alguém pode apresentar (nova denúncia) com os mesmos itens e acrescentar alguma coisa nova. Isso é desgastante para a cidade, para a administração e para a Câmara. O comportamento de alguns vereadores quando viram o repórter é motivo de chacota na cidade.
Executivas liberam bancadas
A bancada do PDT reuniu-se no final da tarde no gabinete do vereador Rafael Bueno. O encontro contou com a presença do presidente da sigla, o ex-prefeito Alceu Barbosa Velho, e do ex-vereador Jaison Barbosa. A Executiva liberou os vereadores para votar como quiserem.
Bueno abriu o voto a favor do impeachment. Ricardo Daneluz votará contra. Velocino Uez afirmou que já havia definido seu voto antes mesmo da reunião de domingo com o PSD, mas preferiu não revelar. Gustavo Toigo não quis se manifestar, mas a tendência é de que vote contrário à denúncia.
O PMDB também reuniu a Executiva para decidir como votar. O encontro na sede do partido começou no início da noite. O presidente da Câmara, Felipe Gremelmaier e a vereadora Gládis Frizzo não participaram da votação interna. A tendência era de liberação da bancada.
A disposição da bancada do PTB é pela admissibilidade da denúncia. Flávio Cassina deve votar pelo acolhimento. Adiló Didomenico deve seguir Cassina. Os dois pretendem convencer o vereador Alceu Thomé, único trabalhista que tem inclinação para votar contrário à denúncia. A bancada define sua posição na manhã de hoje, antes da sessão.
O PSB também liberou seus vereadores. Edi Carlos e Alberto Meneguzzi votarão contra o acolhimento. Elói Frizzo deve votar pela admissibilidade.